
Um alimento versátil, saboroso, de fácil preparo e cultivo. O mercado de cogumelos é promissor e vem conquistando cada vez mais paladares e espaço no comércio, na indústria alimentícia e farmacêutica.
Foi-se o tempo em que a única opção disponível no mercado era o champignon em conserva. Devagarinho chegaram as versões secas dos cogumelos e hoje é possível encontrá-los frescos em bandejas de diversos supermercados e feiras espalhadas pela cidade.
E se eles estão cada vez mais disponíveis e íveis nos grandes centros urbanos é por causa da crescente demanda de consumidores e produtores. O cogumelo é o tipo de produto que não exige grandes áreas, nem grandes investimentos, faz parte da agricultura urbana, ou seja, produção de alimentos frescos, bem no meio da cidade.
Em uma das diversas produções espalhadas por Florianópolis, a fungicultora Camila Silveira, de apenas 30 anos, e sua sócia se juntaram para produzir e vender cogumelos. Ela trabalhava em um estúdio de tatuagem há 10 anos e resolveu trocar de área para ter um contato mais próximo da natureza. Aprendeu em cursos, a teoria da fungicultura e, na prática, a respeitar e istrar o tempo e os cogumelos.
O novo negócio ainda é relativamente pequeno, mas promissor. A produção é sazonal, de acordo com o clima, e elas trabalham com cerca de sete variedades, entre elas o shimeji, o castanha e o juba de leão – os mais procurados e saborosos disponíveis atualmente no mercado.
“- Nosso intuito é fazer com que o cogumelo chegue na mesa do consumidor como o arroz e o feijão chegam, porque é uma uma fonte de nutrientes, de proteínas, muito grande. Além de fazer muito bem pra saúde é excepcionalmente saboroso e com valor ível”- conta a empreendedora.
O objetivo vem sendo conquistado na mesma proporção em que as bandejinhas vão se multiplicando e atraindo novos clientes. Não muito distante da propriedade, no departamento de botânica da Universidade Federal, por exemplo, há pessoas que não só consomem, mas estudam com afinco o universo dos fungos.
Maria Alice Neves, professora pesquisadora e uma apaixonada por cogumelos, conta que se interessou pela disciplina de fungos na terceira fase do curso de biologia. Na prática, isso significa 30 anos de contato, mestrado e doutorado sobre um tema que ainda desperta muita curiosidade.
Segundo a micóloga, há milhões de espécies pelo mundo, cerca de 2 mil comestíveis, mas somente um pouco mais de 20 comercialmente cultivadas. Nesse sentido Maria Alice reforça duas coisas bem importantes: “Nunca coma cogumelos silvestres que você encontra no caminho sem saber o que eles são, mas use abuse e consuma cogumelos produzidos pelos produtores. Esses são excelentes; são cogumelos de qualidade, seguros para comer e super saudáveis”.
Tecnologia que impulsiona o mercado 4z1k5q

Se cada vez mais aumenta o número de consumidores e produtores de cogumelos na cidade, há um outro mercado se expandindo por trás deste: o de sementes. Para isso há muita tecnologia envolvida, estruturas adaptadas que oferecem condições ideais para a multiplicação dos cogumelos.
O fungicultor Geovane Vasconcelos tem uma propriedade em São Pedro de Alcântara e a qualidade da produção impressiona. Nos últimos anos, o empreendedor importou culturas de fora para replicar no mercado interno – a exemplo do cogumelo castanha e do juba de leão, a galinha dos ovos de ouro da atualidade. Hoje ele é o carro chefe por conta do valor de mercado. Geovane desidrata e o vende para a indústria farmacêutica e outros parceiros.
Geovane era funcionário público, mas não gostava do que fazia e o que começou como um hobbie, virou um negócio. Há cerca de oito anos, a cozinha da casa ficou pequena a ponto de ele investir na construção de um laboratório e de uma sala de processamento, profissionalizando o processo.
O segredo da multiplicação é o processo de clonagem. De um simples fragmento, o fungicultor consegue produzir toneladas de cogumelos a partir da proliferação. Foi assim que ele se tornou o maior fornecedor do estado de blocos de cultivo para microprodutores.
Da estufa para os livros, dos livros para a produção de tinturas. A medicina tradicional chinesa já utiliza os cogumelos há mais de 2 mil anos. No Brasil esta é uma obra ainda a ser explorada mas tem empresa catarinense já de olho nesse mercado.
Diana Costa e Tomas de Melo apostaram no negócio há três anos. As tinturas nada mais são do que extratos líquidos com capacidade de preservar as propriedades medicinais dos cogumelos de forma concentrada.
O casal é pioneiro na produção nacional de um tipo altamente valorizado no mundo e que chegou por aqui pela curiosidade e ousadia do Tomas. Os primeiros testes tiveram resultados positivos e foram feitos com pessoas próximas a eles.
Na Busca Por mais informações começaram a estudar a farmacopeia chinesa foram até o outro lado do mundo ampliar o olhar e o conhecimento sobre o assunto.
E se há inúmeros benefícios a serem explorados na indústria farmacêutica, por que não utilizá-los também na produção de cosméticos? Uma startup que trabalha com pesquisa e desenvolvimento de cosméticos em Itajaí está propondo o uso compartilhado de cremes e produtos de cuidados com a pele com a ingestão de compostos extraídos de cogumelos.
De acordo com Tania Pacheco, CEO da startup, os cogumelos ajudam no equilíbrio das bactérias do nosso organismo, os microbiomas. E, segundo o bioquímico, Marcos Pessati, tem dois aspectos duas abordagens que favorecem a utilização dos cogumelos na cosmetologia: primeiro a questão dele como nutriente, segundo é o uso dele como prebiótico. Nesse caso, ele pode auxiliar tanto internamente quanto na na própria pele.
Crescimento na gastronomia 263r2n

Se há um mercado gigante a ser explorado na área da saúde, a gastronomia então nem se fala. Este sim é o ramo que vem crescendo, expandindo e surpreendendo o comércio alimentício tem usado e abusado deste sabor – a pedido e interesse de uma grande parcela de consumidores.
Helena Mazzini é o que a gente pode chamar de empreendedora nata aos 30 anos de idade, já tem uma rede fiel de clientes em Florianópolis com a venda de massas com molho e recheio de cogumelos. Se no início fazia entre uma a duas marmitas de comida por dia, hoje faz em média 3500, com sete funcionários.
E não é só o negócio da Helena que vem acumulando conquistas pesquisas comprovam que o mercado global de cogumelo deve dobrar nos próximos anos. Até 2030 o faturamento deve ultraar os 100 bilhões de dólares, o estudo aponta a mudança no estilo de vida, preocupação com saúde e a introdução dos produtos nas redes de varejo como alguns dos principais fatores de impulso do setor.
É o ingrediente que transita com facilidade da simplicidade ao requinte, da gastronomia ao cuidado com a saúde e bem-estar. Para saber mais sobre a produção de cogumelos em Santa Catarina, aproveite e confira na íntegra o episódio do programa Agro, Saúde e Cooperação sobre o tema.
O projeto, desenvolvido pelo Grupo ND, tem parceria com a Ocesc, Aurora, SindArroz Santa Catarina, Sicoob e Fecoagro.