Eles ainda estão assustados. Perderam suas famílias e casas nas enchentes do Rio Grande do Sul, a mesma que levou 169 vidas humanas e incontáveis vidas animais.
Só em Canoas, mais de 20 mil animais precisaram de resgate. Os abrigos estão cheios sem condições de acolhimento. Diante da tragédia, ativistas e resgatistas, liderados pelo Instituto Luisa Mell, fizeram uma Feira de Adoção de Cachorros Resgatados, e 40 cães tiveram a chance de encontrar uma nova casa, com amor e segurança.

A ação em parceria com o Shopping Itaguaçu, de São José, começou às 10h e pouco depois das 13h já havia sido encerrada, porque todos os bichinhos haviam sido adotados. Devido ao sucesso, haverá uma segunda edição.
“O Brasil inteiro precisa ajudar, porque a situação está caótica”, ressalta Luisa Mell, organizadora da ação. Como são animais saindo de um trauma, obviamente, ficam muito abalados. “Precisa de paciência, principalmente no começo. Em cinco dias, são outros cachorros”, afirma a ativista.
“Juntos, podemos fazer a diferença na vida desses cães e garantir que recebam o amor e o cuidado que merecem”, destacou o coordenador de Marketing do Shopping Itaguaçu, Rafael Oliveira.
A autônoma Jussemara Krefta, 47 anos, é moradora de São José e adotou Marley, um filhote de cerca de três meses. “Amo cachorro e perdi o meu há três meses. Estou até emocionada, porque dei o mesmo nome a este: Marley. Olha que lindo ele é. Vai ser grandão”, diz ela.

O filhote que ela tinha acabado de adotar estava no colo, agarrado na tutora. “Coitadinhos. Eles ficaram sem os doninhos deles. Devem estar sofrendo. Por que não ajudar?”, comenta Jussemara sobre a adoção.
Adoção por amor aos animais e pela vontade de ajudar 14534v
A família de Elizandra Alves Marques, 43 anos, de Porto Alegre, adotou o Buddy, o novo irmão do Pumba. Adotaram o pet, primeiramente, pelo amor pela adoção, depois, por amor aos animais e também pela vontade de ajudar muito.
“O que a gente puder ajudar de longe, vamos fazer. É uma casa. Vai ter um amigão, porque o Pumba é agitado e queríamos mais um para acalmar um pouco ele. Queremos dar todo carinho que ele merece”, afirma.
Segundo Elizandra, não foi a família que escolheu Buddy. A escolha foi dele. “A gente chegou perto e ele escolheu a Aninha. Ela é apaixonada”, comenta.
Em família, Elizandra foi para a adoção com os filhos, Luis Eduardo e Ana Clara, e com o marido, Sergio Hernandes: “Nossa família é de lá. Somos os únicos que viemos. Graças a Deus, eles não foram atingidos. Estão ajudando lá nos abrigos e a gente daqui. É longe, mas estamos ajudando de alguma forma, divulgando o que os abrigos precisam, tentando fazer nossa parte”, acrescenta Sergio.
Amor à primeira vista 68r5m
Simara Lustosa Siqueira, 72, mora no Kobrasol, em São José, e gosta muito de animais, principalmente cachorros. Ela ainda está em luto, após a morte do Abílio, um Yorkshire que ela amou por 14 anos.

“Em janeiro, já velhinho, ele morreu. Esse que adotei ainda não decidi o nome, mas é um guerreiro, bem difícil a situação deles”, registra Simara, que tinha acabado de sair de uma ligação com o filho, que mora em Portugal, para lhe apresentar o novo irmão. “Foi amor à primeira vista. Além disso, ele é pequeno e eu moro em apartamento. Vim cedo e peguei ele.”
O cachorro que Simara adotou estava bastante assustado e chorava. “Chegando em casa ele se acalma. Estou de licença do trabalho. Vamos ficar juntos diariamente até o fim do ano. Vou dar muito amor pra ele, porque ele merece”, ressalta.
“Se você pode e quer, adote. Eles precisam muito de um lar” 2c3u1l
Vanessa da Silva, 18 anos, mora nos Ingleses, Norte da Ilha. Ela é de Blumenau, onde morava num sítio e trouxe dois gatos. “A falta que um cachorro faz em casa é assustadora. Gato é parceiro, mas cachorro é muito mais. Essa adoção é muito linda, porque eles vêm do Rio Grande do Sul. Estou muito preparada para ter mais um em casa e muito feliz de contribuir para essa ação linda”, diz.

Vanessa disse que escolheu o filhote Pedro, porque estava quieto quando ela chegou. “Eu vi todos os irmãozinhos dele bem animados e ele todo quietinho, dormindo. A adoção é o processo mais lindo do planeta. Se você pode e quer, ajude. Eles precisam muito de um lar”, declara.
Povo catarinense é muito solidário 3q2x50
Ativista da causa animal, Luisa Mell começou a organizar ajuda assim que viu a tragédia. “Foi difícil, porque não tinha barco para alugar e trouxe um de São Paulo. A gente foi com a equipe, veterinária, fizemos muitos resgates”, conta.
“Todo mundo se comoveu com salvamento dos animais, mas o sofrimento deles não acabou, porque foram para abrigos precários, superlotados. Está frio, chovendo, um caos, muita gente lá não tem mais casa e nem previsão. O Brasil inteiro tem que ajudar”, completa.
A Grande Florianópolis foi a primeira opção dos ativistas. “Era o lugar mais perto e tínhamos certeza do sucesso da ação. Me falaram que o catarinense é muito solidário, gosta muito de bicho, então, estamos muito felizes por ver o resultado”, diz a ativista.
“Quando você adota, não salva só o animal que adota, abre espaço para a gente trazer outro. Você ajuda o bicho e ele muda sua vida. Animais adotados, que sofreram têm muita gratidão.”