Virada de chave: jogadoras do Blumenau são convocadas para o Mundial de Basquete 3×3 287345

Blumenau é o único time de Santa Catarina na LBF e as duas atletas são as únicas que atuam no Sul do país na lista de convocadas 114763

O sonho de vestir a camisa da Seleção em um Mundial. Qualquer atleta tem esse objetivo na carreira e duas jogadoras do Unisociesc/Blumenau terão essa oportunidade mais uma vez. Naturais do interior e do ABC paulista, Leila Zabani e Luana Batista de Souza já estiveram com a seleção e já começam a arrumar as malas para mais um período de treino que, desta vez, antecede o Mundial da Áustria. Mas, não é no basquete de quadra, cinco contra cinco, que elas embarcam neste sonho, é no 3×3, modalidade que cresce a cada dia no país e no mundo.

Atletas do Blumenau, Luana Batista de Souza e Leila Zabani foram convocadas para a Seleção Brasileira de Basquete 3×3 – Foto: Arquivo Pessoal/Divulgação/NDAtletas do Blumenau, Luana Batista de Souza e Leila Zabani foram convocadas para a Seleção Brasileira de Basquete 3×3 – Foto: Arquivo Pessoal/Divulgação/ND

As duas foram convocadas pela técnica Rafaella Bauerfeldt e fazem um período de treino em abril, no Rio de Janeiro. O Mundial acontece entre 30 de maio e 4 de junho, em Viena. No grupo do Brasil estão França, Holanda, Espanha e Áustria.

A convocação não é novidade para as duas, que já estiveram com o grupo. Luana, inclusive, esteve no último Mundial e enfrentou algumas das adversárias deste ano.

“Todo atleta almeja chegar numa Seleção Brasileira e representar o seu país, então sendo no 5×5 ou no 3×3, a é orgulho. Fiquei muito feliz na minha primeira convocação, foi um desafio para mim porque eu já tinha brincado no 3×3, mas não tinha jogado nenhuma fase classificatória, nenhuma fase de referência e foi novo para mim. Me apaixonei pelo 3×3, acho que ele traz coisas que podem somar muito dentro de quadra no 5. Quando teve essa convocação agora para o Mundial em maio foi gratificante, estou super animada e feliz por isso, vamos dar o nosso melhor”, fala.

Leila conta que até teve uma experiência no 3×3 no ado, mas começou a participar de campeonatos há menos tempo, nada que a impedisse de jogar uma classificatória, ir para o Brasileiro e conquistar o título. A consequência? Convocação.

Ela participou de uma fase de treinamentos em 2022 e agora integra a lista da Seleção. “É gostoso de jogar o 3×3, ele é muito rápido, a hora que você vê, o jogo já acabou. Nós amamos basquete, tudo que envolve basquete. Eu não esperava a convocação, aí ela [treinadora] veio falar comigo e eu fiquei muito feliz. É uma alegria poder participar agora de outras fases de treinamento, competir pelo 3×3. Para mim é motivo de alegria e orgulho”, salienta.

E o Mundial da Áustria promete. Na competição ada, que aconteceu na Bélgica, o Brasil vence as atuais anfitriãs, mas Luana já adianta que o grupo brasileiro é pesado. Além disso, a preparação das adversárias que têm um calendário maior dedicado ao 3×3 também conta.

“Elas participam de outros campeonatos entre os mais importantes, são vários jogos, então acabam ganhando mais entrosamento e confiança. São adversários possíveis de vencer, mas é uma chave que exige mais foco, mais treino, mais determinação para que possamos nos classificar e ter um resultado melhor do que no ano ado”, fala.

“Elas já estão com essa chave virada para o 3×3, tem algumas atletas que jogam exclusivamente a modalidade há mais tempo, mas nós treinamos muito forte com a intensidade lá em cima porque sabemos que nosso tempo é mais curto. Essa vontade, dedicação e raça são trunfos que o Brasil tem. Dentro das quatro linhas, vamos para cima, ainda mais em um Mundial. A vontade tem que falar mais alto do que qualquer coisa”, complementa Leila.

Do 5×5 para o 3×3 5s743

A “chave virada” é um dos desafios, afinal, a temporada das atletas é no 5×5. Atualmente, elas disputam a LBF (Liga de Basquete Feminino). O time ainda não venceu, mas a temporada está apenas começando e a equipe está em um processo para garantir o entrosamento e engrenar na competição. Até agora, foram três jogos com derrotas para Santo André, Araraquara e Catanduva. O time volta à quadra nesta sexta-feira (31), para enfrentar a equipe de Campinas, em Blumenau.

“Ainda estamos nos encontrando, nos entendendo. Por mais que mantivemos uma base do ano ado, mas é um grupo diferente e precisamos nos adaptar às peças e características”, fala Leila. “Estamos aprimorando o conceito que foi ado e por mais que seja desafiador, eu acredito que agora é questão de encaixe para progredir”, completa Luana.

Enquanto isso, as duas vão virando a chave do 5×5 para o 3×3 e vice-versa. Hoje em dia o desafio é mais natural, mas elas ressaltam que, embora o basquete seja o mesmo, as características, dinamismo e velocidade são completamente diferentes, o que torna o 3×3 tão envolvente.

“É um pouco diferente porque não estamos adaptadas às regras e tudo mais, mas é tudo basquete. Realmente é muito mais dinâmico, ele vem com uma outra proposta do que o 5, que acaba somando para o 3×3. Hoje não sinto mais tanto essa diferença, acho que um consegue agregar bem para o outro”, explica Luana.

A jogadora conta que a velocidade precisa ser assimilada muito rapidamente, afinal, ataque e defesa mudam constantemente e em um espaço muito menor do que a quadra do 5×5. “A hora que eu ataco, já tenho que entender que eu preciso estar realmente pronta para defender, não que no 5 não tenha isso, mas é muito mais rápido. Você não tem uma menina que vai lá cobrar o fundo bola para a defesa voltar e tudo acontecer. É dinâmico, é muito rápido, fez a cesta e já sai para defender, essas coisas que pegam para mudar a chave”, diz.

A rapidez do jogo é, de fato, o diferencial. O basquete, de maneira geral, é um esporte dinâmico e imprevisível, onde cada segundo conta e pode mudar completamente o rumo de um jogo, de um campeonato, mas o 3×3 consegue ser ainda mais veloz.

“O 3×3 é mais rápido, mais dinâmico, não pode demorar. Bloqueio, ataque, volume de arremessos, tudo é diferente. No 5×5 às vezes você a um quarto inteiro e arremessou três, quatro bolas. No 3×3 em um minuto e meio você já arremessou isso tudo. Não dá tempo de pensar, precisa reagir”, destaca Leila.

“Estamos em uma luta diária” 3h69n

Apesar da alegria da convocação, as representantes de Santa Catarina vivem a realidade do basquete feminino no país. A falta de recursos, incentivo e visibilidade da modalidade já é grande, quando o recorte é para o feminino, aumenta ainda mais. Leila e Luana têm orgulho de viver do basquete, de representar o Estado tanto na LBF, uma vez que Blumenau é o único time do Sul do Brasil na competição, como na Seleção Brasileira, mas chamam a atenção para a necessidade de reconhecimento.

“É tudo muito mais difícil. O esporte é difícil, a modalidade é difícil e ainda no feminino é mais difícil ainda. Eu vejo que estamos em uma luta diária sobre todas essas coisas, sobre o que às vezes tem que ser justo para nós. Não precisa tirar de ninguém, mas que seja justo para nós. Todo dia lutamos pelo espaço que podemos ter e aproveitamos cada oportunidade, mas é sempre mais difícil. É uma luta que a gente ganha espaço de pouquinho em pouquinho, mas ainda está muito longe de ser o que precisava ser mesmo”, ressalta Luana.

As atletas elogiam o apoio da Federação Catarinense de Basketball que, para elas, está à frente de várias outras. “Em Santa Catarina, a Federação dá bastante apoio, mais até do que conhecemos de outras realidades, isso é bom e representar o Estado é motivo de orgulho porque a gente sabe o trabalho que é feito aqui com o que eles têm, podem, é um trabalho muito sério”, fala Leila.

No entanto, a realidade do basquete feminino é a mesma em todo o país. “Às vezes parece que não tem que fazer duas vezes mais é dez vezes mais para conseguir o mesmo ou menos do que outros esportes ou principalmente esportes masculinos. Matamos um leão por dia, mas não podemos desanimar, é o que a gente ama e dá o nosso melhor, mas está longe de ser o ideal. Lutamos para que melhore, para que seja feito da melhor maneira possível. Nós estamos aqui fazendo o nosso trabalho e o que queremos é um pouco de reconhecimento, é o que merecemos pelo que fazemos. Não queremos tirar de ninguém, mais do que ninguém, só queremos o reconhecimento pelo que fazemos todos os dias”, finaliza.

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