Ativistas da Ucrânia, Rússia e Belarus recebem Prêmio Nobel da Paz 151o59

O comitê quis enviar uma mensagem contra a guerra na Ucrânia, apontam especialistas 2p5i6y

O Prêmio Nobel da Paz foi atribuído nesta sexta-feira (7) a um trio de representantes da sociedade civil de Ucrânia, Rússia e Belarus, três dos principais atores do conflito ucraniano, uma escolha altamente simbólica a favor da “coexistência pacífica”.

O Prêmio Nobel da Paz foi atribuído nesta sexta-feira (7) a um trio de representantes da sociedade civil de Ucrânia, Rússia e Belarus – Foto: Reprodução/@NobelPrize/NDO Prêmio Nobel da Paz foi atribuído nesta sexta-feira (7) a um trio de representantes da sociedade civil de Ucrânia, Rússia e Belarus – Foto: Reprodução/@NobelPrize/ND

O prêmio foi atribuído ao ativista bielorrusso preso Ales Bialiatski, à ONG russa Memorial – cuja dissolução foi ordenada pelas autoridades russas – e ao Centro pelas Liberdades Civis da Ucrânia.

“O Comitê Nobel Norueguês deseja honrar três defensores excepcionais dos direitos humanos, da democracia e da coexistência pacífica nos três países vizinhos que são Belarus, Rússia e Ucrânia”, disse sua presidente, Berit Reiss-Andersen.

Como os especialistas esperavam, o comitê quis enviar uma mensagem contra a guerra na Ucrânia, que mergulhou a Europa na mais séria crise de segurança desde a Segunda Guerra Mundial.

Os cinco membros do comitê, porém, evitaram criticar diretamente o presidente russo, Vladimir Putin, que iniciou a invasão da Ucrânia em 24 de fevereiro.

Reiss-Andersen, no entanto, destacou que o governo russo, “assim como o governo de Belarus, representa un governo autoritário que reprime os ativistas pelos direitos humanos”.

Além disso, ela instou Belarus a libertar Ales Bialiatski, presidente fundador do centro para a defesa dos direitos humanos Viasna (“Primavera”, em bielorrusso), preso após as manifestações maciças de 2020 contra a reeleição do presidente Alexander Lukashenko, considerada fraudulenta pelos países ocidentais.

Ales Bialiatski, presidente fundador do centro para a defesa dos direitos humanos Viasna (“Primavera”, em bielorrusso) – Foto: Reprodução/@NobelPrize/NDAles Bialiatski, presidente fundador do centro para a defesa dos direitos humanos Viasna (“Primavera”, em bielorrusso) – Foto: Reprodução/@NobelPrize/ND

– Documentação de crimes -A esposa de Ales Bialiatski, Natalia Pinchuk, declarou à AFP que estava “cheia de emoção” e aplaudiu “o reconhecimento do trabalho de Ales, seus colaboradores e sua organização”.

A líder da oposição bielorrussa, Svetlana Tikhanovskaya, considerou no Twitter que “o prêmio é um importante reconhecimento para todos os bielorrussos que lutam pela liberdade e pela democracia”.

Belarus criticou a decisão do comitê 1ly6a

“Nos últimos anos, as decisões – e estamos falando do Prêmio da Paz – são tão politizadas que Alfred Nobel está se revirando no túmulo”, reagiu no Twitter o porta-voz da diplomacia bielorrussa, Anatoly Glaz.

Por sua vez, a Memorial é a principal organização de defesa dos direitos humanos da Rússia. A Suprema Corte do país ordenou a dissolução da estrutura central do grupo, chamada Memorial International, em dezembro de 2021.

Além de montar um centro de documentação sobre as vítimas do stalinismo, Memorial coleta e arquiva informações sobre a repressão e violações de direitos humanos na Rússia.

Logo após o anúncio do prêmio, a ONG falou sobre o processo aberto contra ela na Rússia. “Enquanto o mundo inteiro nos parabeniza pelo Prêmio Nobel, está ocorrendo um processo no tribunal de Tverskoi [em Moscou]” contra o grupo, denunciou.Pouco depois, o tribunal ordenou buscas nos escritórios da ONG na capital.

Um de seus fundadores, Lev Ponomarev, se disse honrado pelo prêmio, mas afirmou que preferiria que a distinção fosse concedida aos presos políticos russos.

“Penso en [Alexei] Navalny, penso em Vladimir Kara-Murza, penso em Ilia Yachin”, três opositores do Kremlin, disse Ponomarev à AFP.

– ‘Que a justiça seja feita’ -Desde a invasão russa do território ucraniano, o Centro para as Liberdades Civis da Ucrânia, fundado em 2007, intensificou seus esforços para identificar e documentar crimes de guerra supostamente cometidos pelas forças russas contra civis ucranianos.

“Em colaboração com parceiros internacionais, o centro desempenha um papel pioneiro, para fazer com que os culpados prestem contas por seus crimes”, assinalou o Comitê Nobel Norueguês.

A presidente da ONG afirmou hoje que Putin deveria ser julgado por um “tribunal internacional”.

“É necessário criar um tribunal internacional e levar Putin à justiça” para “oferecer às centenas de milhares de vítimas de crimes de guerra uma oportunidade para que a justiça seja feita”, declarou Oleksandra Matviichuk no Facebook.

Em 23 de setembro, investigadores da ONU acusaram a Rússia de cometer crimes de guerra “em larga escala” na Ucrânia.

Moscou também foi acusado de cometer massacres após a descoberta de dezenas de corpos de civis em Butcha, perto de Kiev, e de centenas de corpos em Izium, uma região libertada pelas tropas ucranianas no mês ado.

Após o anúncio, a presidência ucraniana afirmou que “o povo ucraniano é o principal artífice da paz”.

– ‘Poder da sociedade civil’ -Os premiados “demonstram o verdadeiro poder da sociedade civil na luta pela democracia”, declarou a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, no Twitter.

No ano ado, o Nobel da Paz premiou dois jornalistas defensores da liberdade de expressão, a filipina Maria Ressa e o russo Dmitry Muratov, cujos respectivos meios de comunicação estão ameaçados.

O prêmio consiste em uma medalha de ouro, um diploma e uma quantia de 10 milhões de coroas suecas (cerca de 900.000 dólares) a serem divididos entre os vencedores.

A distinção será entregue em uma cerimônia em Oslo, na Noruega, em 10 de dezembro, aniversário da morte do criador dos prêmios, o inventor e filantropo sueco Alfred Nobel, falecido em 1896.

É o único dos prêmios Nobel entregue em Oslo, já que os demais são concedidos em Estocolmo.

A temporada do Nobel deste ano terminará na próxima segunda-feira, com o anúncio do vencedor do prêmio de Economia.

Confira o vídeo do comunicado: 3256y

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