A infância está de luto. A costureira de bonecas Ondina Rosa Costa Nascimento morreu neste sábado (19), aos 65 anos. Ela confeccionava os brinquedos e os doava às comunidades carentes da Grande Florianópolis. As bonecas também eram recebidas por crianças da África.

Ondina morreu após bater a cabeça, o que provocou traumatismo craniano. A suspeita é de que a bonequeira, que tinha diabetes, sofreu um mal súbito. Ela foi encontrada morta nesta quarta-feira (22), por volta das 15h. O acidente ocorreu dentro da casa que morava, em São José.
Os familiares achavam que ela estava eando, conta o sobrinho Marcelo da Silva. “No dia [da morte] ela se trocou para ir na casa de uma amiga, os filhos achavam que ela estava lá. Quando ligaram para ela [a amiga], descobriram que a mãe sequer tinha saído de casa”, lamenta.
A bonequeira foi sepultada no fim da manhã desta quarta-feira (23). A cerimônia ocorreu no Crematório Vaticano. Ondina deixa três filhos: Michele, Gisele e Sanianderson. O companheiro Alécio Nascimento morreu há três anos.
Dedicação e arte 146532
A dedicação da bonequeira foi contada pelo ND+ em 2017, quando ela ainda conciliava a produção de bonecas para as crianças com o trabalho como cozinheira, realizado em diferentes restaurantes de São José. Era em um quartinho de casa que ela produzia as bonecas. As datas especiais, que demandavam trabalho intenso, eram o Natal, o Dia das Crianças e a Páscoa.
O trabalho começou quando ela perdeu o neto de um ano e ficou viúva. Uma visita à comunidade Frei Damião alimentou a vontade de dar apoio. “Estava muito triste porque era recente a morte do meu netinho e olhava as crianças pedindo carinho. Decidi então ajudar”, contou ao ND+ na época.
O desejo precedeu a técnica: ela foi aprender a costurar com a irmã, Inês Rosa Costa (mãe de Marcelo). As duas produziam as bonecas juntas. Os trabalhos eram feitos mediante a doação de tecidos e outros materiais necessários para a confecção.
“Tínhamos uma aproximação grande. Ela era muito ativa, sempre solicita e disposta”, lembra o sobrinho. Para ele, a dedicação às crianças carentes também foi impulsionada após a infância difícil vivida por Ondina. “Foi a partir dessa experiência que ela pensou em retribuir. Ela sabia como ninguém o que era não ter”.