Preconceito religioso em SC: antropóloga destaca a importância de combatê-lo 1t3i4w

Com alta de 51% nos casos de injúria e preconceito racial no estado, assunto foi abordado no 5° episódio do podcast Vozes da Consciência 2xd4e

No 5° episódio do podcast Vozes da Consciência, a jornalista Amanda Santos recebeu a doutoranda e mestra em Antropologia Social pela UFSC (Universidade Federal de Santa Catarina), Cauane Maia. No programa, o tema debatido foi a importância de respeitar as diferentes religiões e crenças dentro das organizações e empresas.

Cynthia Ribeiro, formanda pela UFSC, usando beca brancaCynthia Ribeiro, formanda pela UFSC, usando beca branca – Foto: Henrique Almeida/UFSC/Reprodução/ND

Recentemente, no dia 4 de abril, Cynthia Ribeiro, de 41 anos, se formou em Serviço Social pela UFSC usando uma beca de cor branca, por estar em período de preceito religioso na religião Candomblé Ketu. Cynthia entrou para a história como a primeira estudante a colar grau vestida inteiramente de branco.

O preceito é um termo utilizado para definir uma fase no desenvolvimento espiritual dos praticantes do candomblé que se preparam para receber seu orixá. Durante esse período, a pessoa deve seguir uma série de ritos, incluindo a abstenção, o uso diário de vestes brancas e a cobertura dos cabelos.

A atitude de Cynthia gerou outros exemplos de representatividade. Seu ato inspirou outra formanda, Barbara Amaral, de 23 anos, a também se formar vestida de branco. Além disso, movimentos como a criação de capelos inclusivos, adequados para pessoas com cabelos crespos, cacheados, tranças e dreads, surgiram após essa ação.

Bárbara Amaral, formanda em jornalismo pela UFSC Bárbara Amaral, formanda em jornalismo pela UFSC – Foto: Arquivo pessoal

Apesar desses atos de resistência, o preconceito religioso ainda é uma realidade no Brasil, especialmente em Santa Catarina, estado com o maior número de casos de injúria racial. Em 2023, foram registrados 2,2 mil casos, uma média de seis por dia, segundo o Anuário da Violência 2024.

Entre as denúncias, constam casos de discriminação por raça, cor, etnia, religião ou origem de pessoas negras e pardas.

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Cynthia relatou que, após a repercussão de sua história, ou a receber ofensas pela internet. “Algumas pessoas têm sido extremamente agressivas, inclusive recebi mensagens privadas com ameaças e bloqueei os números. As pessoas não sabem que racismo religioso é crime e precisam ter consciência de que essa discriminação, essa demonização da religião pode gerar mortes”, disse.

Cynthia relata que sofreu preconceito religioso após formaturaCynthia relata que sofreu preconceito religioso após formatura – Foto: UFSC/Reprodução/ND

Ela também contou que, desde o dia da formatura, evita sair de casa sozinha. “Só saí para fazer uma prova de concurso, acompanhada pelo meu pai e meu filho, e voltei direto para casa.”

Cauane Maia ressaltou que “estar de branco é algo secular no Brasil, uma conexão com entidades ou divindades ligadas à paz e tranquilidade, vindas das religiões de matriz africana. Esse contato interétnico com a África reflete a presença de povos bantos, iorubá, haussás e outros.”

O direito à diversidade religiosa é garantido pela Constituição Federal, que assegura a liberdade de culto e prática religiosa. No caso de instituições de ensino, como a UFSC, a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional prevê autonomia para regular essas questões dentro dos limites institucionais.

Cauane reforça que todos os casos de injúria, sejam religiosos ou raciais, devem ser denunciados, pois não há espaço para nenhum tipo de racismo na sociedade atual.

Confira o podcast Vozes da Consciência 2g6868

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