Um mês após o rompimento do reservatório de água da Casan (Companhia Catarinense de Águas e Saneamento) no Monte Cristo, em Florianópolis, que atingiu mais de 200 famílias na comunidade do Sapé, no Jardim Atlântico, a vida ainda não voltou ao normal.

Presidente da Casan, Edson Moritz sustenta que a estatal vem cumprindo com todos os esforços para reparar as perdas materiais na comunidade atingida pela enxurrada de água e lama. Desde que começou a pagar indenizações, poucos dias após a tragédia, na madrugada de 6 de agosto, a Casan diz que pagou R$ 4,2 milhões aos moradores.

No local, a palavra que ainda impera é reconstrução, que se aplica às casas, terrenos, muros, portões e rotinas das centenas de atingidos. Para alguns, o trauma persiste, além do medo de que a cena se repita. Em visita ao Grupo ND, nesta sexta, o presidente da Casan ressaltou que o atendimento à comunidade é permanente por cerca de 50 pessoas que ficam das 7h à meia-noite na estrutura da empresa no Balneário Estreito desde o acidente com o reservatório – eles preparam a documentação necessária para seguir com os pagamentos de indenização e atendem os moradores.
A estrutura vai funcionar enquanto for necessário, porém, reduziu o volume de atendimentos diários, porque o número de famílias que precisam de ajuda está acabando. “Está tudo em curso ainda. Temos que aguardar pessoas às quais pagamos 70% da indenização, mas ainda é um processo. Depois, a questão de eventuais ajustes nesses valores. Entendemos que esse assunto não está terminado e o importante é que continuamos conversando com a comunidade, ouvindo as reivindicações e tentando ajudar na medida do possível”, salientou Moritz.
Na avaliação dele, a empresa foi ágil em boa parte dos casos, ressarcindo móveis, imóveis, veículos, pagando aluguéis e, agora, com o chamado pronto pagamento. “É uma verba adicional que demos para as pessoas comprarem remédios, alimentos, pagar transporte, tudo combinado com a comunidade”, afirmou. O presidente da Casan reconheceu, entretanto, uma dificuldade em relação a 15 veículos, cujos valores correspondem à tabela FIP e estariam abaixo da expectativa dos moradores. Segundo ele, a empresa está negociando a questão.
Decisões são individualizadas, explica presidente da Casan 43573t
Outra medida adotada pela empresa é pagar a reconstrução de casas destruídas. Conforme o presidente, são sete residências. No mesmo terreno da casa do servidor público Claure Monteiro Henrique, 41 anos, por exemplo, a casa do irmão foi destruída pela enxurrada. É um dos casos em que a Casan vai precisar atuar para reconstruir a residência.

Segundo Monteiro, na madrugada do incidente, escapou da morte três vezes: com o impacto da água na porta de casa – ele estava acordado na hora –, depois com os carros arrastados invadindo o terreno e que quase o atingiram e, por fim, com o vazamento de gasolina.
A principal queixa dele é que o sistema de drenagem pluvial do terreno foi destruído e precisa ser refeito. Ele sofre com alagamentos quando chove. Para resolver a reconstrução das casas, a estatal vai rear o dinheiro às famílias, que aplicarão da forma que preferirem, inclusive construir em outros bairros. “Temos uma equipe que, junto com os moradores, está fazendo a avaliação, identificando quanto é. Checamos o valor, combinamos, a pessoa aceita e pagamos”, disse Moritz.
Os atingidos pela tragédia que estão fora das antigas casas, estão acolhidos em hotéis. “Temos noção de que a região não oferece opções de aluguel. Vários apresentaram informações, outras não querem ficar, querem ir pra longe, então, repito: é tudo individualizado”, completou.
Em relação à Gomes e Gomes, empresa que construiu o reservatório destruído, o presidente da Casan reiterou que os representantes da construtora ajudaram apenas emprestando uma máquina e um caminhão após a tragédia, além de conversarem com a Polícia Civil, depois disso, desapareceram.
Na última quinta, a Justiça bloqueou R$ 16,6 milhões da empresa para que não se dissipem e para cobrir os custos da obra e das indenizações aos atingidos. A estrutura do reservatório será demolida. A ideia é criar no local um centro de convivências. “Um líder comunitário sugeriu transformar num monumento. Avançamos no sentido desse espaço de convivência que, além de lembrar, tenha utilidade”, salientou Moritz.