Foi como jornalista, contando histórias e conhecendo pessoas, que Scheila Frainer Yoshimura viu a necessidade de fazer algo mais. Entrou de cabeça, corpo e alma em um projeto de acolhimento de crianças e adolescentes. Nascia então a Casa de Acolhimento Semente Viva.

“Sempre fiz pautas sobre cidadania, sobre educação, sobre direitos. Em 2011, depois de ser mãe, eu acho que a chave vira. A maternidade faz com que você amplie o seu olhar para o mundo. Enquanto família, nós fizemos um acordo, que eu poderia me dedicar a uma causa social. Até tentei outras vertentes, mas a que me identifiquei foi a causa da infância. Nós abrimos a casa em 2011, um grupo de aproximadamente 12 mulheres. Eu estava entre elas. Assumi a coordenação logo que a gente abriu a casa”, contou Scheila, fundadora e coordenadora da casa de acolhimento.
E lá se foram 11 anos de muita dedicação. Abrigar crianças e adolescentes encaminhados pela Justiça depois de algum tipo de violência, negligência e maus tratos é uma rotina que requer muita entrega e amor.
A jornalista contou que “se a gente olhar para os problemas, se a gente olhar para tudo o que envolve o nosso dia a dia aqui, a gente não consegue prosseguir. É muita demanda, é muito problema, é muita injustiça com uma criança que não plantou nada para colher isso. É muita injustiça. Aí, você lida com isso. Se você não tem no seu coração algo que diga para seguir adiante, você não consegue prosseguir. Mas esse é o nosso slogan. A gente sempre propaga aqui dentro, com as crianças também, que o amor sempre vence”.
Amor que está estampado na camiseta da casa, no rosto da Scheila e nos olhos de cada criança acolhida. Muitos chegam ao lar sem nenhum rumo, com um futuro cheio de incertezas e medo. A única certeza é que os dias que arão na casa de acolhimento serão de amor. Seja até voltarem para a família biológica ou até encontrarem um novo lar por meio da adoção.
“O maior desafio hoje é gerir uma organização não governamental sem fins lucrativos que depende de doações 24 horas por dia para manter as portas abertas. Então, tudo que você vê aqui é fruto de doação. As pessoas pensam que doar é um descarte e não. A doação é doar aquilo que você gostaria de ganhar. É doar aquilo que a outra pessoa vai precisar”, disse Scheila.
E a coordenadora da Casa Lar Semente Viva não está sozinha nessa luta diária de dar conforto e amor para quem mesmo pequeno já sofreu tanto. A equipe da casa é toda formada por mulheres. São guerreiras do dia a dia que lutam por um mundo melhor.
Scheila destacou que “a ideia até partiu de um homem, mas quem executou foram as mulheres. Então, eu sempre digo que o papel da mulher na sociedade é muito amplo, é muito grande e é muito significativo. A gente tem aqui uma equipe 100% feminina e na parte de voluntariado 80% também é mulher. Isso mostra o quanto nós mulheres temos uma força gigantesca”.
Nesses 11 anos de atuação, a Casa de Acolhimento Semente Viva já atendeu mais de cem crianças e adolescentes. Já teve muitos casos de adoção tardia e tantas outras boas histórias para contar. É um lar temporário, mas que Scheila istra e coordena como se fosse sua família, o seu próprio lar.
“Eu não ganho nada monetariamente. Não ganho. É voluntário. Mas o que a gente ganha de resultado em vidas, de ver essas crianças, sabendo que elas não puderam contar com os pais, mas que elas podem ter um futuro brilhante. Quantas ligações eu recebo: ‘tia, como que você tá?’. Hoje, com adolescentes de 17 anos dizendo: ‘tia, que saudade’. Eu sei que, se um dia eu partir, eu deixei o meu legado, eu deixei o meu exemplo, eu deixei a minha marca na vida de cada criança que ou por aqui”, afirmou Scheila.
Conheça Scheila e a Casa de Acolhimento Semente Viva na reportagem do Balanço Geral Florianópolis!