No ano de 2008, um caso de violência doméstica chocou o país: uma criança de 5 anos foi lançada pela janela do sexto andar de um apartamento na zona norte de São Paulo. O caso Nardoni, que mobilizou a atenção de milhões de pessoas, resultou na condenação do pai, Alexandre Nardoni, sentenciado a 31 anos e um mês de prisão, e da madrasta, Ana Carolina Jatobá, sentenciada a 26 anos e oito meses. Atualmente, Jatobá cumpre sua pena em regime aberto desde junho deste ano.

Quinze anos após a tragédia, a Netflix lançou nesta última quinta-feira (17) o documentário “Isabela: O Caso Nardoni”. O filme, dirigido por Claudio Manoel e Micael Langer, explora minuciosamente a investigação, os detalhes do laudo policial, assim como sua ampla repercussão pública.
Baseado nos livros: O pior dos crimes – A história do assassinato de Isabella Nardoni, de Rogério Pagnan e A Prova é a Testemunha, de Ilana Casoy, o documentário envolveu o estudo de mais de 6 mil páginas de processo, de cerca de 5 mil arquivos fotográficos e 118 horas de entrevistas gravadas.
Depoimentos do caso Nardoni 3h2m1z
Os depoimentos inéditos de familiares, como a mãe Ana Carolina Oliveira, a avó Rosa Olveira e a prima Giovanna Oliveira, trazem relatos emocionados sobre a dor da perda e o choque ao descobrir que o que parecia ser um acidente, na verdade se tratava de um cruel caso de assassinato.

Além disso, o documentário ganha profundidade ao incluir depoimentos de promotores, delegados, legistas e advogados que estiveram envolvidos no processo. Eles apresentam os indícios que apontaram para o homicídio, como a ausência de sinais de arrombamento, a rede da janela cortada, vestígios de sangue no apartamento e no carro, assim como o horário da chegada do automóvel no edifício.
Esses profissionais também comentam como a cobertura midiática poderia ter afetado a investigação e, ao mesmo tempo, como a pressão popular foi responsável por mover o caso na Justiça. Detalhes polêmicos, como a instalação de uma caixa de som na rua para anunciar o veredicto, e celebração efusiva da população com fogos de artifício, são recordados pelos entrevistados.
“True Crime” em alta 4l334b
O documentário segue a estrutura do gênero “true crime” que está em alta nas plataformas de streaming. Embora produções recentes como Boate Kiss, Pacto Brutal: O Assassinato de Daniella Perez, Elize Matsunaga: Era Uma Vez Um Crime e Dahmer: Um Canibal Americano tenham sido bem-sucedidas, elas também geraram polêmica entre o público e geraram desconforto entre os familiares das vítimas.
No caso Nardoni, a mãe de Isabella chegou a se recusar a gravar o documentário. Em uma entrevista concedida a UOL, Ana explicou que temia o impacto que isso poderia causar na vida dos seus dois filhos —Miguel, de 7 anos, e Maria Fernanda, de 3 anos. No entanto, ela mudou de ideia, acreditando que casos como este “não devem ser esquecidos”.