As cheias do Rio Uruguai: de oportunidade econômica para transtornos 2b3v4p

As chuvas causaram transtornos aos moradores do Oeste, mas nem sempre foi assim; veja a relação entre as enchentes e os balseiros 3m3056

O AgroConnect, um sistema de monitoramento meteorológico em Santa Catarina, revelou nesta sexta-feira (20) que, nos últimos 30 dias, os municípios situados nas proximidades da bacia do Rio Uruguai enfrentaram uma precipitação de quase 500 mm de chuva. Em Chapecó, no Oeste, a quantidade de chuva atingiu 447 mm. Esse alto volume de precipitação resultou em alagamentos e no aumento do nível do rio, causando transtornos significativos para os moradores da região. No entanto, há um período na história em que as enchentes do Rio Uruguai eram celebradas.

A relação entre as enchentes, os balseiros e os dias atuais no Oeste de Santa Catarina é tema de pesquisa. - Leonardo Dlugokenski/Arquivo/Grupo Antigamente em Chapecó
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A relação entre as enchentes, os balseiros e os dias atuais no Oeste de Santa Catarina é tema de pesquisa. - Leonardo Dlugokenski/Arquivo/Grupo Antigamente em Chapecó
Nos últimos 30 dias os municípios banhados pela bacia do rio Uruguai receberam mais de 400 mm de chuva. - Leonardo Dlugokenski/Arquivo/Grupo Antigamente em Chapecó
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Nos últimos 30 dias os municípios banhados pela bacia do rio Uruguai receberam mais de 400 mm de chuva. - Leonardo Dlugokenski/Arquivo/Grupo Antigamente em Chapecó

O Rio Uruguai nasce na junção dos rios Canoas e Pelotas, na Serra de Santa Catarina, fluindo por meio do Oeste Catarinense e servindo como fronteira natural entre Santa Catarina e o Rio Grande do Sul antes de desaguar na Bacia do Prata, na Argentina e Uruguai.

No início do século XX, as inundações provocadas pelo Rio Uruguai eram uma bênção para a região. Elas proporcionavam uma oportunidade econômica, permitindo o transporte de madeira serrada de Santa Catarina para o Rio Grande do Sul e Argentina por meio de balsas. No entanto, à medida que as cidades, incluindo Chapecó, se desenvolveram e as dinâmicas sociais e econômicas mudaram, as chuvas intensas aram a causar mais estragos do que benefícios.

Veja a relação entre as enchentes e os balseiros.A Bacia Hidrográfica do Uruguai é delimitada ao norte e nordeste pela Serra Geral, ao sul pela fronteira com o Uruguai, a leste pela Depressão Central Riograndense e a oeste pela Argentina. – Foto: Mapa/Reprodução/ND

A importância do Rio Uruguai, ao longo da história, é inegável. Fernando Vojniak, Doutor em História e professor, explica que o rio desempenhou um papel vital na sobrevivência de populações antigas, na produção de alimentos e no transporte. Registros de povos antigos são encontrados próximos ao rio, especialmente nas áreas onde foram construídas as barragens de Itá e Chapecó. “Depois, fundamental para economia da madeira”, lembra.

As balsas 5w3g4l

Leonardo Dlugokenski, mestre em História e professor, compartilhou imagens dos alagamentos em Chapecó em um perfil no Instagram intitulado “Conexões com a nossa História”. Esse conteúdo foi produzido em colaboração com o grupo do Facebook chamado “Antigamente em Chapecó”.

“A temporada de enchentes que no início do século XX proporcionou emprego para os balseiros. No entanto, devido a Chapecó ser atravessada por diversos rios na área central, sempre foi suscetível a enchentes”, disse.

O professor e Mestre em História Delmir Jose Valentini, que estuda o contexto dos balseiros e as temáticas relacionadas a Guerra do Contestado, explica que naquele período as cheias tinham outro significado e representavam a oportunidades de transportar as riquezas extraídas da região por meio das águas.

Essa foi a primeira balsa de madeira serrada embarcada no Oeste de SC no porto Goio-Ên. Na balsa está Angelo Sartori, Coronel Bertaso e Nereu Ramos, balseiros e comunidade em geral. - Moacir Sartori/Arquivo/Grupo Antigamente em Chapecó
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Essa foi a primeira balsa de madeira serrada embarcada no Oeste de SC no porto Goio-Ên. Na balsa está Angelo Sartori, Coronel Bertaso e Nereu Ramos, balseiros e comunidade em geral. - Moacir Sartori/Arquivo/Grupo Antigamente em Chapecó
Delmir Jose Valentini explica que naquele período as cheias tinham outro significado e representavam a oportunidades de transportar as riquezas extraídas da região por meio das águas.  - Eckstein Walter/Arquivo/Grupo Antigamente em Chapecó
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Delmir Jose Valentini explica que naquele período as cheias tinham outro significado e representavam a oportunidades de transportar as riquezas extraídas da região por meio das águas.  - Eckstein Walter/Arquivo/Grupo Antigamente em Chapecó
No início do século XX, as inundações causadas pelo rio Uruguai proporcionaram que a madeira estriada em Santa Catarina fosse transportada para o Rio Grande do Sul e Argentina por meio das balsas.  - Eckstein Walter/Arquivo/Grupo Antigamente em Chapecó
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No início do século XX, as inundações causadas pelo rio Uruguai proporcionaram que a madeira estriada em Santa Catarina fosse transportada para o Rio Grande do Sul e Argentina por meio das balsas.  - Eckstein Walter/Arquivo/Grupo Antigamente em Chapecó

Com o povoamento inicial por grupos de imigrantes, a maioria advindo das antigas colônias de imigrantes do Rio Grande do Sul, fez com que as balsas também representaram um meio de transporte para o povo que chegava para explorar a madeira e viver na região.

“Naquele momento a chegada da enchente, por mais que também poderia significar algum perigo, era entendida como uma oportunidade para ganhar a vida”, detalhou Delmir.

“As marcas desse tempo continuam presentes, sejam na forma de narrativas, de causos, de músicas, de literatura, de artes, mas permitem retratar um contexto que foi importante”. Entre as canções que marcaram a época está a música “Balseiros do Rio Uruguai”, do artista Barbosa Lessa.

‘Oba, viva veio a enchente

o Uruguai transbordou

vai dar serviço p’ra gente.

Vou soltar minha balsa no rio,

vou rever maravilhas

que ninguém descobriu”.

Conforme o Doutor em História e professor Fernando Vojniak conta que até por volta dos anos de 1960 quando houve o registro das últimas balsas. Após isso não é mais registrada essa atividade.

Enchentes em Chapecó 1a2or

Conforme o professor Delmir, o contexto histórico representava um movimento de expectativa e de oportunidades de negócios com a chegada da enchente. Ao contrário do que se observa em um contexto atual, onde a quantidade de água acima do normal causa transtornos, até mesmo mortes.

“Desde o surgimento até o início dos anos 2000 com as obras de drenagem o município sempre sofreu com enchentes intensas, com o ar dos anos a intensidade dos danos foi reduzindo, porém, as chuvas se mantém intensas”, escreveu Leonardo.

Com as chuvas neste mês de outubro, Chapecó registrou alagamentos em áreas centrais e alguns transtornos para os moradores. O volume de chuvas atingiu também as cidades de São Carlos, Xanxerê e Itapiranga. Muitas famílias precisaram deixar as próprias casas e foram registrados prejuízos significativos.

O Mestre em História e Professor Leonardo Dlugokenski compartilhou imagens dos alagamentos em Chapecó em um perfil no Instagram intitulado “Conexões com a nossa História”. O conteúdo foi produzido em conjunto com o grupo de Facebook “Antigamente em Chapecó”. - Leonardo Dlugokenski/Arquivo/Grupo Antigamente em Chapecó
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O Mestre em História e Professor Leonardo Dlugokenski compartilhou imagens dos alagamentos em Chapecó em um perfil no Instagram intitulado “Conexões com a nossa História”. O conteúdo foi produzido em conjunto com o grupo de Facebook “Antigamente em Chapecó”. - Leonardo Dlugokenski/Arquivo/Grupo Antigamente em Chapecó
Conforme o professor Delmir, o contexto histórico representava um movimento de expectativa e de oportunidades de negócios com a chegada da enchente. Ao contrário do que se observa em um contexto atual, onde a quantidade de água acima do normal causa transtornos, até mesmo mortes.  - Leonardo Dlugokenski/Arquivo/Grupo Antigamente em Chapecó
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Conforme o professor Delmir, o contexto histórico representava um movimento de expectativa e de oportunidades de negócios com a chegada da enchente. Ao contrário do que se observa em um contexto atual, onde a quantidade de água acima do normal causa transtornos, até mesmo mortes.  - Leonardo Dlugokenski/Arquivo/Grupo Antigamente em Chapecó
Alguns registros são do grupo “Antigamente em Chapecó”. - Leonardo Dlugokenski/Arquivo/Grupo Antigamente em Chapecó
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Alguns registros são do grupo “Antigamente em Chapecó”. - Leonardo Dlugokenski/Arquivo/Grupo Antigamente em Chapecó
“Desde o surgimento até o início dos anos 2000 com as obras de drenagem o município sempre sofreu com enchentes intensas, com o ar dos anos a intensidade dos danos foi reduzindo, porém, as chuvas se mantém intensas”, escreveu Leonardo. - Leonardo Dlugokenski/Arquivo/Grupo Antigamente em Chapecó
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“Desde o surgimento até o início dos anos 2000 com as obras de drenagem o município sempre sofreu com enchentes intensas, com o ar dos anos a intensidade dos danos foi reduzindo, porém, as chuvas se mantém intensas”, escreveu Leonardo. - Leonardo Dlugokenski/Arquivo/Grupo Antigamente em Chapecó
Com o desenvolvimento da cidade de Chapecó e demais centros urbanos da região, as chuvas em excesso causavam estragos. Pela mudança de lógica de dinâmicas sociais e econômicas, iniciaram obras para resolver as enchentes que se tornaram um problema.  - Leonardo Dlugokenski/Arquivo/Grupo Antigamente em Chapecó
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Com o desenvolvimento da cidade de Chapecó e demais centros urbanos da região, as chuvas em excesso causavam estragos. Pela mudança de lógica de dinâmicas sociais e econômicas, iniciaram obras para resolver as enchentes que se tornaram um problema.  - Leonardo Dlugokenski/Arquivo/Grupo Antigamente em Chapecó
O Mestre em História e Professor Leonardo Dlugokenski compartilhou imagens dos alagamentos em Chapecó em um perfil no Instagram intitulado “Conexões com a nossa História”. O conteúdo foi produzido em conjunto com o grupo de Facebook “Antigamente em Chapecó”. - Leonardo Dlugokenski/Arquivo/Grupo Antigamente em Chapecó
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O Mestre em História e Professor Leonardo Dlugokenski compartilhou imagens dos alagamentos em Chapecó em um perfil no Instagram intitulado “Conexões com a nossa História”. O conteúdo foi produzido em conjunto com o grupo de Facebook “Antigamente em Chapecó”. - Leonardo Dlugokenski/Arquivo/Grupo Antigamente em Chapecó
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