Mulheres do Carnaval de Florianópolis falam sobre conquistas, trajetórias e amor ao samba 6f245d

Luana Cardoso, Maria da Conceição Nascimento Costa e Delair Camargo contam como a festa popular transformou suas vidas 6y713g

A paixão pelo Carnaval foi cultivada desde a infância por Luana Cardoso, Maria da Conceição Nascimento Costa e Delair Camargo. As três encontraram afeto, união e companheirismo em suas trajetórias no samba de Florianópolis.

Maria da Conceição Nascimento Costa, Luana Cardoso e Delair Camargo – Foto: Montagem/NDMaria da Conceição Nascimento Costa, Luana Cardoso e Delair Camargo – Foto: Montagem/ND

Aos 22 anos, Luana já carrega o título de primeira mulher mestre de bateria da escola de samba Acadêmicos do Sul da Ilha. Com o pai aprendeu a tocar chocalho, o que já era tido como “mais do que suficiente” para uma menina de 7 anos, mas ela queria mais.

Foi assim que cerca de um ano depois Luana foi para a caixa, também ensinada pelo pai, que colocava uma toalha embaixo de seu braço para o instrumento não machucá-la. O empenho foi recompensado e ela assumiu a direção da bateria aos 16 anos. De lá para cá, o amor pelo universo carnavalesco continuou o mesmo.

Luana Cardoso é a primeira mestre de bateria da Acadêmicos do Sul da Ilha – Foto: Arquivo pessoal/NDLuana Cardoso é a primeira mestre de bateria da Acadêmicos do Sul da Ilha – Foto: Arquivo pessoal/ND

“O dia em que eu parar de sentir frio na barriga com o Carnaval é porque parei de gostar, mas sinto isso todo ano”, destaca.

Apenas o entusiasmo pela festa popular pode explicar como a estudante de Economia e Gestão Pública consegue conciliar as duas faculdades, o estágio que faz na Udesc (Universidade do Estado de Santa Catarina) e toda a responsabilidade de conduzir o ritmo da escola na avenida. “Carnaval é vida para mim”, resume.

“Amor à camisa” 2b428

O samba desperta o mesmo sentimento em Maria da Conceição, de 58 anos. A professora aposentada também foi inspirada pelo pai a seguir na folia, o que a fez desfilar em várias escolas e se dedicar a produzir fantasias. Ela lembra que seus filhos dormiam na mesa onde ela ava a noite costurando.

“Na nossa época, era tudo amor à camisa. Deixava recado na geladeira para o marido e os filhos: desçam que estou na escola tal e depois vou para o ensaio da outra escola.”

Maria da Conceição Nascimento Costa sempre foi apaixonada por Carnaval – Foto: Arquivo pessoal/NDMaria da Conceição Nascimento Costa sempre foi apaixonada por Carnaval – Foto: Arquivo pessoal/ND

Mas tudo mudou quando Conceição foi vítima de racismo em 2017, o que causou uma depressão profunda que a afastou dos ensaios das escolas, da produção de adereços e da dança, o que ela mais amava. Depois de um período conturbado e tratamento que a ajudou a se reeguer, seu psicólogo a incentivou a voltar ao samba.

“A gente se estressa, tem problema de saúde, perde muitas pessoas, mas o Carnaval permite abrir as portas do coração, da dor que se sente, e deixar a alegria entrar. É isso que me deixa em pé.”

Hoje ela faz parte da Velha Guarda da Dascuia que, além de participar na Nego Quirido, se apresenta como grupo, de 22 integrantes, com muito samba no pé todo o sábado de Carnaval antes do desfile oficial.

A influência do amor 5r5v12

A gaúcha Delair Camargo, de 66 anos, faz parte da história da Escola de Samba Unidos da Coloninha há 32, quando se mudou para Florianópolis.

“Eu morei ao lado da escola, que ficava perto do Estádio Orlando Scarpelli, do Figueirense. Assim, comecei a explorar esse mundo”, conta.

Delair Camargo criou a família na escola de samba Dascuia – Foto: Arquivo pessoal/NDDelair Camargo criou a família na escola de samba Dascuia – Foto: Arquivo pessoal/ND

Com a vizinhança, Dona Dela começou a conhecer e se apaixonar pelo samba. Fantasias, conversas e cuidado fizeram parte dos seus dias. Foi assim que conheceu o ex-marido Vicente Marinheiro, um dos maiores compositores de Florianópolis, e construiu sua família em volta da Coloninha, agremiação fundada em 1962.

Do amor à profissão, o Carnaval faz parte da sua vida. Nos eventos da escola começou a fazer canjas que se tornaram tão famosas ao ponto de virar microempreendedora usando o nome “Dela da Canja”, que surgiu há quase 20 anos.

Mais mulheres e a volta para a avenida j2w3v

Estar em uma posição de destaque que tradicionalmente é ocupada por homens foi o pontapé inicial para incluir mais mulheres em cargos de liderança no Carnaval, avalia Luana. “Infelizmente vivemos numa sociedade muito machista, que acha que não é o lugar da mulher, mas é o nosso lugar. Se eu quero, eu consigo.”

Aos poucos, a presença feminina ultraa o “lugar-comum”. Atualmente, cerca de 40% da bateria da Acadêmicos da Sul da Ilha é composta por mulheres, sendo que muitas também foram ensinadas pela nova mestre de bateria. “Assistir quem nem sabia segurar o instrumento tocando certo é muito gratificante, ainda mais agora de volta à avenida.”

Os dois anos sem desfiles foram difíceis para todos que levam o Carnaval como parte de quem são. Assim como Luana, Conceição também sentiu falta do calor, da festa, de ver suas fantasias tomando forma na arela.

“Foi muito doloroso não sentir aquela adrenalina de que está chegando fevereiro, o Carnaval, para superar tudo o que tem de ruim. Por isso estou retornando com a força toda”, completa.

O desfile das dez escolas de samba será neste sábado (18), na arela do Complexo Nego Quirido, no Centro da Capital.

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