A partir dos próximos meses, um banco de células animais sairá do papel na UFSC (Universidade Federal de Santa Catarina), campus Florianópolis. A iniciativa será pioneira no Estado em formar pesquisadores no ramo da cultura celular – que tem fins tão distintos como a produção “carne celular”, feita em laboratório, até o estudo de doenças degenerativas.
A iniciativa é uma das 50 pesquisas que serão contempladas em rees anunciados nesta terça-feira (6) pela Fapesc (Fundação de Amparo à Pesquisa e Inovação do Estado de Santa Catarina) pelo programa MultiLab. São R$ 111 milhões que serão investidos em laboratórios de pesquisa, ciência e inovação pelo governo do Estado.

Os R$ 2,5 milhões a serem reados ao MultiCell, projeto coordenado pela professora Gislaine Fongaro, permitirão erguer o laboratório de células animais: adquirir cabines de segurança biológica, centrífugas, containers de nitrogênio para preservação e demais parafernálias fundamentais para multiplicar células in vitro – fora de um organismo vivo.
“Hoje não temos um banco de células em Santa Catarina que treine pessoas. Pensando em carne cultivada, em regeneração de tecido, pensando em várias áreas da biotecnologia, a iniciativa é bem positiva para a sociedade”, avalia Fongaro, que atua no departamento de Microbiologia, Imunologia e Parasitologia da UFSC.
“O MultiCell visa o cultivo de célula de uma forma multiusuária, na qual vários pesquisadores podem fazer cultivo e armazenamento celular. Essas células podem ser usadas para diferentes áreas”, explica a pesquisadora.
Vídeo da pesquisado Gislaine Fongaro mostra onde será instalado o laboratório – Vídeo: Gislaine Fongaro/Divulgação/ND
Laboratórios abertos ao intercâmbio de pesquisadores 4u4o26
Este traço “multiusuário” destacado pela pesquisadora prevê o uso compartilhado dos laboratórios por estudiosos de todo o mundo. É uma característica que permeia todos os projetos selecionados no MultiLab, das áreas de ciências Biológicas, Agrárias, da Saúde, de Exatas e Tecnológicas. Todos selecionados em chamamento público.
“As pesquisas tratam de problemas sofridos não só pelo Estado, mas pelo mundo todo”, explica o presidente da Fapesc, Fábio Wagner Pinto. “Por que não abrimos nosso leque? É a ideia: oferecer a estrutura para outras universidades. Por isso multiusuário, pois favorece o intercâmbio entre pesquisadores”. Em contrapartida, a iniciativa deve atrair mais investimentos, acredita Pinto.
Na lista de propostas selecionadas há, por exemplo, a iniciativa da pesquisadora Eliandra Rossi, da Unoesc, que visa criar um laboratório para descaracterizar cigarros apreendidos em crimes. Ao invés de jogar o produto fora, as substâncias serão aproveitadas na produção de inseticidas e na compostagem.
Outro exemplo é o projeto de Marta Jussara Cremer, da Univille, que propõe monitorar animais marítimos por meio de drones. A iniciativa importante também para a compreensão dos impactos das mudanças climáticas no oceano.

Distribuição dos recursos 1c6j65
Os R$ 111 milhões serão subtraídos dos 150 milhões recebidos no último ano pela Fapesc. É parte do orçamento destinado pelo Estado à Ciência, Pesquisa e Inovação, que representa cerca de 2% do ICMS arrecado por Santa Catarina, explica o presidente da Fundação.
Os rees variam de R$ 526 mil até R$ 2,5 milhões por laboratório. São contempladas pesquisas em instituições estaduais, federais e privadas distribuídas em 14 municípios. Dentre as elas, Ferj, Furb, IFC, IFSC, SATC, Udesc, UFSC, Uniarp, Unoesc, Unesc, Uniplac, Univille, Unochapecó, Univali, Unifebe, UFFS e Unidave.
O governador do Estado, Jorginho Mello (PL), destaca a opção por dividir rees em todas as regiões do Estado, evitando ficar apenas àquilo que é pesquisado na Capital. “É para Santa Catarina ‘elevar a régua’ das suas pesquisas e pensadores”, ressaltou. “Vai elevar a condição de ciência e tecnologia do Estado”.
A lista completa das propostas pode ser conferida neste link.