Símbolo de muita inteligência e fenômeno nos desenhos animados infantis, a coruja é sempre sinal de respeito e sabedoria. E nas escolas não seria diferente. Afinal, a coruja também representa a profissão dos professores, pedagogos e pedagogas. Mas quem diria que haveria, digamos, uma relação tão literal no Centro Municipal de Educação Infantil (CMEI) Bruce Cranston Kay? É que uma família de corujas escolheu a escola para morar.

No espaço pedagógico, as corujas parecem ter se sentido bem recebidas, já que até fazem seus ninhos dentro de buracos próximos às árvores, telhados ou muros. Além disso, uma curiosidade é que essa ave também é símbolo da cidade de Navegantes, e o estudo une não só o animal, mas cultural também.
Coincidência ou não, a criançada da escola na faixa entre 3 e 4 anos foi adotada pelas corujas e vem aprendendo esse envolvimento com os bichinhos com muito cuidado e respeito.
A professora da turma, Lilian Gomes Ribeiro, relata que as crianças são muito curiosas, até mesmo pela faixa etária. “Qualquer inseto ou borboleta, por exemplo, chama atenção deles. Qualquer coisa eles ficam ali observando, fazendo perguntas e investigando os animais. E as corujas são bem comuns por aqui, até já tínhamos avistado em outras ocasiões, mas nunca um casal com uma família se abrigando aqui na escola, tão próximo que as crianças pudessem visualizar”, detalha.
A professora do maternal 1, que são duas turmas antes do Jardim de Infância, conta que a proximidade com o mês de agosto – quando a cidade completou 60 anos – favoreceu o trabalho com temas ligados ao município. Então, sobrou imaginação para abordar a coruja na temática de Navegantes. “Elas fizeram o ninho bem próximo de agosto e acabamos abordando essa temática da fauna e as questões que se associam à educação”, afirma.
Investigando as corujas 1y704m

Nessa faixa etária há muita curiosidade e confiança em falar. Os alunos têm contato prévio com a alfabetização, como escrever o próprio nome e ser apresentados ao alfabeto.
“A grande maioria das propostas e atividades são mais lúdicas. Os principais resultados com essa temática foi que, a partir da própria curiosidade desses alunos, eu notei que não foi uma coisa de momento que ou no dia a dia, mas que marcou eles, porque eles se envolveram. Foi um assunto que contagiou toda a comunidade, ampliando o leque de trabalho, despertando o interesse de todas as turmas”, avalia Lilian.
A aluna Sofia de Souza Sell recorda muitas das atividades que fez durante esse tema. “Eu lembro que a gente foi com os amigos observar as corujas, eles ficavam em cima do muro e da árvore cuidando do ninho. Se chegasse perto eles podiam picar a gente, mas o João correu até as corujas – e não pode, porque são bem pequenininhos. A gente pintou as corujas na folha com tinta”, relembra.
O diretor da unidade, Júlio César Moraes, confirmou que as chuvas de agosto acabaram encharcando alguns ninhos – e as corujas começaram a fazer novos ninhos no telhado. “Aqui elas fazem vários buracos, mas é para despistar predadores, com o ninho principal entre outros buracos e elas cavam bastante com profundidade”, relata.
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O superintendente do Instituto Ambiental de Navegantes – IAN, Marcos Zaleski de Matos, explica que o nome científico da Coruja-buraqueira é Athene, divindade grega Atena.
Uma das características são os olhos grandes, sensíveis à luz e eficientes em condições de baixa luminosidade. O maior inimigo da coruja é o homem, já que por ser uma ave de rapina, quase não tem predadores. Já as Corujas-buraqueiras são excelentes predadoras de insetos, mantendo um controle biológico do meio.
O Instituto realizou em 2021 um evento de conscientização sobre a Coruja-buraqueira com a instalação de 11 placas de preservação, que alertam ser área de proteção da espécie e que maltratar animais silvestres é crime ambiental previsto em lei.