As quaresmeiras são os famosos Ipês-Roxos espalhados pelo Brasil, altas e cheias de flores. Como toda flor, essa também possui uma simbologia: ela recebeu esse nome pelo período de florescimento, que coincide com o mesmo período da quaresma – tempo em que os católicos vivem para a chegada da Páscoa.

Além dessa primeira coincidência das quaresmeiras com a religião católica, existe uma segunda que remete à cor roxa das flores, em que a tonalidade também representa a Paixão de Cristo e as vestimentas da Igreja Católica nessa mesma época.
“A Mata Atlântica catarinense possui flores que nascem brancas, que chamam muita atenção das abelhas e, só com o tempo, vão mudando para lilás e rosado, após o processo da polinização desses animais”, esclarece a bióloga e pesquisadora no INMA (Instituto Nacional da Mata Atlântica) Julia Meirelles.
O processo de polinização consiste na transferência do pólen — substância que contém os gametas masculinos das plantas, para o órgão reprodutivo feminino de uma flor, que geralmente é o estigma, conhecido também como a porta de entrada do pólen. Esse processo é essencial para a reprodução das plantas com flores.
“Essas são plantas que gostam do sol pleno, e por isso na natureza elas geralmente vivem na borda de florestas, onde a luminosidade é maior”, conta Julia.
Mas para além da natureza, as quaresmeiras também podem servir para o paisagismo, como calçadas e quintais de casas. Isso porque as raízes dessas plantas são profundas e não necessitam de um solo específico para um potente crescimento.
“Para que a quaresmeira tenha ainda mais vida, o solo deve ser bem drenado e as podas regulares, assim elas ficarão mais bonitas”, explica a pesquisadora.
A drenagem do solo consiste num processo para que a água se mova facilmente através do solo, evitando o acúmulo excessivo e prevenindo problemas como encharcamento das raízes das plantas.
As quaresmeiras são uma espécie pioneira, ou seja, possuem a capacidade de ser uma das primeiras plantas a habitar áreas que foram recém afetadas por distúrbios naturais ou proporcionados por atividades humanas, como incêndios florestais, desmatamento, erupções vulcânicas e outros impactos ambientais.

As suas flores são grandes e duráveis, e podem viver por um longo período de tempo, de 60 a 70 anos, devido a várias adaptações e características que favorecem a sua longa vida.
Fatores que facilitam a longevidade das quaresmeiras 1wy71
Adaptação ao ambiente: por serem nativas do Brasil, as quaresmeiras estão adaptadas às condições específicas do seu ambiente natural. Essas adaptações favorecem a resistência a pragas, doenças e condições climáticas adversas;
Crescimento lento: as quaresmeiras têm um crescimento mais lento, e esse fator pode contribuir para uma maior resistência e vida mais longa;
Madeira durável: a madeira dessa árvore é conhecida por sua durabilidade e resistência, o que contribui para a resistência a danos físicos, como ventos fortes;
Tolerância a mudanças ambientais: por possuírem uma boa tolerância a mudanças no ambiente em que vivem, as quaresmeiras conseguem se adaptar a todos eles, e essa capacidade influencia a sua longevidade;
Reprodução eficiente: no que diz respeito à reprodução, essa árvore possui mecanismos eficientes advindos de suas sementes, permitindo assim a continuidade das espécies ao longo do tempo.
É importante notar que o tempo de vida exato de uma quaresmeira varia de acordo com os diferentes fatores que estão à sua volta, como os cuidados ambientais, influência humana, eventos naturais e outros fatores específicos.