Escolher uma profissão nem sempre é uma tarefa simples: além de pesquisar sobre as áreas de atuação, ainda existem profissões majoritariamente escolhidas por homens – o que desmotiva mulheres a seguirem carreira.
É assim que muitas estudantes e profissionais da área da tecnologia se sentem, devido a falta de diversidade de gênero que ainda existe no setor.

Segundo a pesquisa anual, focada em liderança na indústria de tecnologia, realizada pela consultoria KPMG em parceria com a empresa de recursos humanos e tecnologia Harvey Nash, na América Latina, as mulheres ocupam apenas 16% dos empregos de alta tecnologia.
Mas em 2021, ainda na pandemia causada pela Covid-19, houve o aumento de 22% no interesse feminino na área – e um dos grandes motivos para esse resultado foram os programas que impulsionam mulheres ao mundo da tecnologia.
Com os dados, divulgados pelo Banco Nacional de Empregos (BNE), isso reforça que para criar a mudança no cenário atual é preciso de projetos que sirvam como uma rede de apoio e incentivem a presença feminina nesses locais majoritariamente masculinos.
É por isso que a Technovation Girls de Florianópolis busca encorajar meninas de 12 a 18 anos, estudantes de escolas públicas, a entrarem na área de tecnologia e quebrar essas barreiras.
Por meio de workshops com profissionais e especialistas do setor, as alunas recebem formações durante 12 semanas, com o intuito de desenvolver um aplicativo para smartphones.
Os aplicativos fazem parte dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU (ODS), e visam resolver problemas enfrentados pela comunidade. Um dos apps que será apresentado na edição deste ano é o North Recycle, que reúne as principais informações para ajudar os moradores a decidir onde irão descartar seus resíduos reciclados.
Mas não é somente com essas ferramentas que as pessoas são beneficiadas. Embaixadora do Technovation Floripa há quatro anos, Giselle Araújo reforça a importância de incentivar as meninas na área para lutar contra a desigualdade de gênero na tecnologia.
“Quando a escola está junto, o time de meninas se desenvolve com mais fluidez, a família junto também complementa a parceria perfeita, além dos voluntários que atuam no Technovation e dos patrocinadores, que possibilitam premiar as estudantes.”, afirma a professora.
Lugar de mulher é na tecnologia, sim! 5j1d2m

Se você já ouviu qualquer termo que dita qual é o lugar da mulher, saiba que isso é uma escolha dela, inclusive na tecnologia. Exemplo disso são as ex-alunas do Technovation, que hoje atuam como mentoras e até mesmo embaixadoras.
Amanda Sena participou do programa como aluna em 2017 e em 2018. Com seu envolvimento no projeto e atuação na área de tecnologia como UI designer, em 2021 foi convidada para ser embaixadora e hoje incentiva meninas a entrarem no setor que ainda é muito masculinizado.
“Às vezes, essas meninas nem sabem que podem trabalhar com isso, pois não mostramos a elas ou até mesmo não se sentem capazes. Ser embaixadora do projeto que abriu as portas profissionais pra mim é uma experiência gratificante e saber que eu posso impactar outras vidas como impactaram a minha é fantástico.” comenta Amanda.
Outro ponto muito recorrente entre as participantes é a retribuição do incentivo que receberam, ainda alunas, para as meninas que estão no projeto agora.
Apesar da pouca experiência com computadores, quando estava no oitavo ano do Ensino Fundamental, Vitória Gizela foi inspirada pela palestra das embaixadoras do Technovation e decidiu ingressar no programa. Virou aluna e neste ano se tornou mentora de outras meninas.
“Ser mentora, hoje, significa muita coisa pra mim e a principal delas é ter a oportunidade de fazer a diferença e incentivar outras meninas da mesma forma que esse programa fez comigo. Eu conheci uma área que abriu muitas portas pra mim e as mentoras sempre incentivaram a gente a continuar, porque elas sempre pontuam que lugar da mulher é na tecnologia, sim.” explica Vitória.
A participação no Technovation ajudou no desenvolvimento das garotas não somente na área da tecnologia, mas também no crescimento pessoal, como destaca a ex-aluna Julia Brandalize que vive a experiência de ser embaixadora pela primeira vez.
“Ter a oportunidade de participar de todas essas áreas me fez crescer muito, lidar com pessoas, criar coisas novas, apresentar ideias, lidar com a rejeição e aceitação, tudo isso faz parte de mim por causa do Technovation Girls.”
Mulheres conquistando espaço na tecnologia 293l25

As ideias das meninas do Technovation Floripa alcançaram voos cada vez mais altos: em 2018, o aplicativo Our Rules, que busca ajudar meninas e mulheres a encontrar e promover eventos de maneira unificada e intuitiva, foi semifinalista mundial.
Em 2019, foi a vez do app Libra’s World conquistar espaço e o time Tech Fairy da categoria Júnior chegou à semifinal no Brasil.
As meninas do Júnior também representaram Florianópolis nas semifinais de 2020, dessa vez com o time Mulheres em Ação, com o Get a Job, uma plataforma que facilita o o à vaga de empregos para as minorias e dá dicas de empreendedorismo.
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Em 2022, 11 equipes concorrem ao Technovation Girls, sendo seis equipes na categoria Júnior, com meninas de 12 a 15 anos, e cinco na categoria Sênior, de 16 a 18 anos. As vencedoras recebem bolsas em uma escola de programação e um tablet para apoio nos estudos. Na categoria sênior, as vencedoras ganham mentoria de carreira.