“Não basta a alfabetização. É preciso que se torne ível, a todas as criaturas, a escala deslumbradora.”
“Um povo é grande não só pelo seu espírito trabalhador, mas também, principalmente, pela sua cultura.”
As frases acima se encaixam perfeitamente em qualquer texto sobre a importância da educação escrito hoje. Ainda mais quando o sistema de ensino voltou a ser intensamente discutido por causa da pandemia e diante de números que nos apontam o analfabetismo funcional – pessoas capazes de ler e escrever, mas que não sabem interpretar nem agregar informações – como um câncer latejante na sociedade brasileira que, segundo pesquisas, atinge 38% dos universitários.
Mas o mais surpreendente de tais reflexões é o fato de que este alerta da necessidade de que as massas precisam ir além da alfabetização, “que é muito, mas não é tudo”, foram publicadas há quase 90 anos. Mais exatamente no dia 14 de maio de 1933, no jornal “República”.
Quando sua autora, a educadora, política e jornalista Antonieta de Barros levantava por meio de palavras bandeiras em prol do empoderamento feminino, nem de longe sonhava que bastariam algumas décadas para que ela se tornasse uma referência.
E é esta mulher, nascida há quase 121 anos, e que tanto ainda tem a nos dizer, que o CEE (Conselho Estadual de Educação), em parceria com a Assembleia Legislativa, escolheu para homenagear no ano em que completa seus 60 anos de existência.

A data, marcada por ações e homenagens a personalidades que valorizam a educação como fonte de transformação social, foi a escolhida para o lançamento do livro “Antonieta de Barros – Crônicas Selecionadas”, obra primorosa que reproduz crônicas que Antonieta, assinando como Maria da Ilha, publicava em jornais com o título de “Farrapos de Ideias” junto com uma versão do texto na linguagem atual e notas.
Foram selecionadas 50 crônicas, reorganizadas por temas como comportamento, sentimentos, educação, magistério, mulher, política, cotidiano, jornalismo, espiritualidade e fé, que foram publicadas ao longo de mais de 20 anos nos jornais República, Folha Acadêmica, O Idealista e O Estado, incluindo uma crônica póstuma de autoria de G. Silveira publicada em 23 de dezembro de 1951.
“Há de se ter liderança, para manter este processo de aprimoramento constante, pois nada funciona sem uma liderança disposta a mudar a realidade. Espero que esta obra alcance os jovens, líderes do hoje, ensinando que os atos do ado distante influenciam a vida hoje. E é agora que se faz o futuro…” reflete o presidente do CEE, professor doutor Osvaldir Ramos, também presidente do Foncede (Fórum Nacional dos Conselhos Estaduais e Distrital de Educação), em prefácio de sua autoria.

A obra foi organizada pelo vice-presidente do CEE, professor Felipe Felisbino, com pesquisas de Ramires Sartor. Também assinam prefácios o então presidente da Alesc, Mauro de Nadal, e a presidente da Comissão de Educação, Cultura e Desporto da Alesc, Luciane Carminatti.
“No desfecho desta pesquisa de resgate histórico, em memória aos 120 anos de nascimento de Antonieta de Barros, se descortinam textos modernos, atuais e, infelizmente, sendo suas temáticas ainda recorrentes em pleno século 21”, escreveu Felisbino no prólogo da obra.
Os 60 anos têm sido alvo de inúmeras comemorações. Uma delas está agendada para segunda-feira, na Alesc. Ramos também anuncia um vídeo institucional comemorativo e o descerramento de placa em comemoração à data.
Diplomas de Mérito Educacional, a mais alta honraria do segmento
O Conselho Estadual de Educação realizou no dia 24 deste mês sessão plenária especial que vai entrar para a história da instituição. Na solenidade alusiva às comemorações dos 60 anos foi entregue o Diploma do Mérito Educacional ao governador Carlos Moisés. Ele é o primeiro governador a receber esta que é tida como a mais alta honraria da educação catarinense.
“Acreditamos no poder transformador da educação e estas ações comprovam a sensibilidade do governo em oferecer infraestrutura de qualidade, tecnologia, transporte, valorização e qualificação profissional, que permitem aos nossos jovens sonhar e construir um mundo melhor. A homenagem que recebo é coletiva, estendida a todas as pessoas que também acreditam que a educação transforma o cidadão e o estado brasileiro”, enalteceu Carlos Moisés, listando ações em prol da educação.

Moisés destacou avanços para melhorar o ambiente escolar e incentivar a permanência dos estudantes, como investimentos acima do mínimo constitucional previsto, remuneração mínima de R$ 5 mil para professores da rede estadual, mais de 700 escolas ando por reformas ou com licitações em andamento, além de ações de caráter social com programas de enfrentamento à pobreza menstrual e de concessão de bolsas para estudantes. Na cerimônia, ele entregou ao CEE 30 computadores, 30 notebooks e dois televisores.
Conduzida por Osvaldir Ramos, a solenidade também homenageou o deputado estadual Luiz Fernando Vampiro, secretário de Estado da Educação no governo Moisés.
Ramos exaltou que os 60 anos de história do conselho “estão ligados ao desenvolvimento do Estado e, principalmente, ao compromisso com a qualidade da educação catarinense, seja ela da rede pública ou privada”. Também destacou que o significado da concessão do Diploma de Mérito Educacional ultraa os limites da formalidade, por possibilitar a promoção das ações de pessoas que se destacaram no âmbito da educação.
Segundo o governo, em 2021, o Estado registrou o maior investimento da história da educação catarinense, com R$ 7,7 bilhões, correspondentes a 27,4% da receita líquida no ano – a primeira vez que o mínimo constitucional de 25% foi atingido.
Presidente do Grupo ND também indicado para a homenagem
Os incontáveis serviços prestados à educação, por meio de disseminação da informação, resultaram também na indicação do nome do presidente do Grupo ND, Marcello Corrêa Petrelli, para receber o diploma de mérito educacional.
O presidente do CEE, Osvaldir Ramos, e o professor Mário Cesar Barreto Moraes, entregaram o parecer da indicação ao empresário, convidando-o para a solenidade de entrega que ocorrerá no dia 6 de junho, às 14h, em sessão plenária do conselho, em sua sede na avenida Osmar Cunha, 103, na Capital.
“Nenhum nome seria tão ideal como o do Marcello Petrelli para receber a homenagem, uma vez que ele implementou e conduziu iniciativa para a melhoria do processo de ensino”, frisou, dizendo que é um reconhecimento não só do CEE, mas da sociedade catarinense.
Ramos destaca, entre outras razões para a entrega do diploma a recente parceria entre o Grupo ND e a Secretaria de Estado da Educação para o desenvolvimento do Educa SC. Projeto que iniciou em agosto do ano ado com o objetivo de servir como reforço escolar, o portal Educa SC foi retomado nesta semana. O objetivo é promover interação entre professores e estudantes em um espaço onde assuntos de interesse da comunidade escolar e as produções poderão ser compartilhadas.
Governador Celso Ramos instalou o CEE
O Conselho Estadual de Educação foi instalado em 28 de maio de 1962, sob a presidência do governador Celso Ramos, com a presença do secretário de Estado dos Negócios da Educação e Cultura, Osni de Medeiros Régis. A instalação seguiu o disposto na lei nº 3.030, de 15 de maio daquele ano.
Na ocasião, os professores Henrique Stodieck, padre Alvino Bertoldo Braun, Alcides de Abreu, Osvaldo Ferreira de Melo, imã Maria Teresa, Heinz Ehler, Elpídio Barbosa, Joaquim Madeira Neves, Glauco Olinger, Francisco Brasinha, Lauro Locks, Olga Brasil da Luz, Maria da Glória Mattos, Orlando Ferreira de Melo e Maria da Glória Mattos foram nomeados para constituir a primeira formação do conselho, com mandato de seis anos.
A criação do conselho seguiu à lei nº 2.975 de 18 de dezembro de 1961, que dispôs sobre educação e cultura, criando três órgãos complementares da direção: Conselho Estadual de Educação, Conselho Estadual de Cultura e Grupo de Supervisão.
Incialmente, o conselho funcionou provisoriamente na Casa Santa Catarina, rua Tenente Silveira, Florianópolis. Elpídio Barbosa foi nomeado presidente provisório.
AS ATRIBUIÇÕES DO CONSELHO:
O parágrafo 1º do artigo 9 da lei que criou o conselho descreve as suas competências
1° – Ao Conselho Estadual de Educação, constituído por membros do magistério efetivo, por cidadãos de notório saber ou de reconhecida capacidade e experiência em assuntos pedagógicos, compete:a) colaborar com o secretário de Estado na organização e direção do ensino;b) estudar e elaborar leis, decretos e regulamentos;c) sugerir medidas necessárias à melhor solução dos problemas educacionais;d) opinar nos casos em que divirjam os pareceres dos órgãos técnicos ou istrativos da secretaria ou em que o secretário de Educação e Cultura julgue aconselhável mais amplo debate.
PRESIDENTES
19º Osvaldir Ramos – Atual presidente
18º Gerson Luiz Joner da Silveira – 2015
17º Maurício Fernandes Pereira – de 2011 a 2015
16º Darcy Laske – 2010 e 2011
15 Adélcio Machado dos Santos – 2003 a 2010
14º Silvestre Heerdt – 2001 a 2003
13º Aldair Wengerkiewicz Muncinelli – 1999 a 2001
12º Ricardo José Araujo de Oliveira – 1995 a 1999
11º Kuno Paulo Rhoden – 1992 a 1995
10º Jorge de Souza Coelho – 1989 a 1992
9º Antônio Osvaldo Conci – 1985 a 1989
8º Luiz Anderson dos Reis – 1983 a 1985
7º Carlos Jaime Martendal – 1982 a 1983
6º Nilson Paulo – 1977 a 1982
5º Nereu do Vale Pereira – 1972 a 1977
4º Clóvis de Souto Goulart – 1970 a 1972
3º Osvaldo Ferreira de Melo – 1969 e 1970
2º Orlando Ferriera de Melo – 1966 a 1969
1º Elpídio Barbosa – 1962 a 1966