No Dia Nacional do Professor, docentes declaram amor por lecionar 2515i

Marrara Gomes, Mateus Flores e Fabrícia Luiz Souza ocupam espaços diferentes no ensino, mas partilham do mesmo sentimento de paixão pelo ato de ser professor x3ot

“Ensinar é um exercício de imortalidade. De alguma forma continuamos a viver naqueles cujos olhos aprenderam a ver o mundo pela magia da nossa palavra. O professor, assim, não morre jamais…”. A frase do escritor e educador Rubem Alves expressa a importância do professor na vida de um aluno.

Professora Marrara Gomes diz que figura do professor pode mudar vida de aluno – Foto: Bianca Taranti/Especial para o NDProfessora Marrara Gomes diz que figura do professor pode mudar vida de aluno – Foto: Bianca Taranti/Especial para o ND

Em comemoração ao Dia Nacional do Professor, celebrado neste domingo, elencamos histórias de professores da rede municipal de Florianópolis que falaram sobre a busca de transformar o cotidiano escolar e a vida dos seus alunos. Apesar dos desafios da profissão, o entusiasmo pela docência é o que os move.

Uma dessas histórias é da professora Marrara Gomes, nascida e criada na comunidade do Morro do Horácio, em Florianópolis. Filha de cinco irmãos, de uma empregada doméstica que ainda hoje trabalha, ela teve uma infância e adolescência dura, mas não esquece do acolhimento dos seus professores.

Foi no ensino fundamental que Marrara disse que se apaixonou pela escola. E foi nele também que ou a perceber a influência da questão social na sua formação educacional.

“Uma fase que precisa muito da família junto para acompanhamento. Minha mãe precisava trabalhar bastante, então ela não podia se fazer presente naquele momento”, relembrou.

Os projetos nos contraturnos foram essenciais para Marrara se encantar pela poesia, estimulada pela professora Odete. “Era uma professora incrível. Ela viu uma potencialidade em cada um que estava ali. Ela me estimulou bastante. Me levava para concursos de poesia”, contou.

Foi aos 13 anos que o então colega de sala e hoje marido e parceiro de estudos Júlio Cesar entrou na vida da professora Marrara. Três anos depois, ela engravidava da primeira de suas duas filhas. E o sonho de continuar os estudos ficaria para depois. “Eu tive que parar e larguei tudo”, recordou.

Professora Marrara Gomes nasceu e se criou na comunidade do Morro do Horácio – Foto: Bianca Taranti/Especial para o ND-64Professora Marrara Gomes nasceu e se criou na comunidade do Morro do Horácio – Foto: Bianca Taranti/Especial para o ND-64

Foram sete anos longe da escola e o casal então percebeu que a virada da condição social seria por meio do estudo. Entre uma aula e outra na EJA (Educação de Jovens e Adultos), a luta diária para dar conta das filhas e do trabalho.

E foi justamente uma professora da EJA que motivou Marrara a fazer o Enem. Ela conseguiu ar e ganhou uma bolsa de estudo integral para o curso de direito em uma faculdade particular.

Mais uma vez, um sonho frustrado na vida dela. Estudar e trabalhar naquele momento eram incompatíveis com a realidade da professora.

Paixão de ser professor 6k5x42

Marrara não tinha ideia que o destino a levaria para o que os testes vocacionais na época de escola já lhe apontavam: a pedagogia. “Eu achava aquilo ali impossível, eu estava estudando para crescer na vida, para ser alguém na vida, como que eu ia ser professora?”, brincou.

Da euforia com a aprovação no curso de direito à decepção durou um ano. Foi quando ela decidiu fazer outra prova do Enem e, desta vez, a pedagogia foi a opção. “Eu me encontrei desde a hora que eu coloquei o pé na universidade. Eu tinha mais certeza que tinha nascido para fazer aquilo. Foi amor à primeira vista”, recordou.

E já se vão dez anos. Marrara começou a trabalhar como auxiliar de sala em uma creche, quando ainda não tinha terminado o curso de pedagogia. Foram dois anos com os “pequenininhos”. Depois, foi fazer estágio nos anos iniciais do ensino fundamental e foi ali que se “encontrou” como professora.

Para Marrara, a partir de um professor o estudante pode ressignificar. “Ele pode mudar a vida dele, pode sair da condição socioeconômica que se encontra, ele pode mudar de vida”.

Segundo ela, ser professor é cuidado, amparo, acolhimento, lutar para que o aluno se veja como um potencial. “Eu mostro em minhas aulas para eles que a realidade que nós vivemos não é condicionante, que todo mundo tem um ponto de partida, mas ali é só o ponto de partida. Então eu sempre mostro de onde eu vim. Sempre lembrar de onde a gente veio para que os estudantes vejam que é possível”.

Redescobertas a cada dia d5k5f

A caminhada do porto-velhense e professor de história Mateus Flores, 26 anos, ainda é recente, enquanto professor efetivo na rede municipal de ensino de Florianópolis. Mas os seis anos dele na Capital mostra um engajamento social na profissão.

Mateus Flores alimentava desde o ensino fundamental o desejo de dar aulas – Foto: Bianca Taranti/Especial para o NDMateus Flores alimentava desde o ensino fundamental o desejo de dar aulas – Foto: Bianca Taranti/Especial para o ND

Flores trabalhou dando aulas em cursinhos pré-vestibulares populares em Florianópolis. O desejo de lecionar vem desde a época do ensino fundamental e fazer o curso de licenciatura em história foi impulsionado pela irmã.

“Eu estava no fundamental e já falava que talvez fosse legal dar aula. As aulas de história eu curtia bastante. Então eu falei: ‘quero ser professor também’”.

Segundo ele, trabalhar com alunos na EJA lhe apresenta uma pluraridade e diversidade, ou seja, trabalhar com pessoas que são trabalhadoras e que estão há muito mais tempo fora do espaço da sala de aula ou saíram ainda no ensino fundamental por diversos motivos e que estão retomando essa vontade de estudar.

De acordo com Mateus, o dom de ser professor é poder fazer um trabalho em conjunto com o estudante, é poder se descobrir e redescobrir todo dia.

“Está no espaço da sala de aula, tendo essa troca com os estudantes, porque a gente enquanto professor geralmente colocava naquele lugar da pessoa que ensina, mas os alunos também não têm noção de que a gente na verdade aprende muito com ele. E eu acho que a EJA, especificamente, também traz muito disso, porque como são pessoas que já tem cada história de vida”.

Experiência em todo o sistema de educação 5u5x71

A necessidade econômica levou a pedagogia à vida da então adolescente de 14 anos, Fabrícia Luiz Souza. De família humilde, conseguiu o primeiro emprego justamente como bolsista numa escola maternal, localizada no Centro de Florianópolis. A partir desse momento, o magistério não saiu mais da vida dela.

Professora Fabrícia Luiz Souza e sua paixão pela educação infantil – Foto: Divulgação/NDProfessora Fabrícia Luiz Souza e sua paixão pela educação infantil – Foto: Divulgação/ND

O ensino médio foi no Instituto Estadual de Educação, dividindo o tempo com o trabalho na creche. E foi essa experiência que a fez não mais deixar a educação infantil. “Ali eu me apaixonei pelas crianças, pelo trabalho das professoras e senti que aquele era o meu caminho e fui seguir até terminar o magistério”, frisou.

Fabrícia fez pedagogia em educação infantil na UFSC. Foi a primeira na família a ter um curso superior. Em 2002 entrava na rede municipal de ensino como professora efetiva. A primeira escola na rede foi na Barra da Lagoa.

Não demorou muito e foi trabalhar na Secretaria de Educação como assessora pedagógica. Nessa função acabou conhecendo todas as creches do município. Fabrícia ou por outras unidades e, por ironia do destino, voltou a trabalhar no seu primeiro emprego. Atualmente, ela é secretária municipal de Educação de Florianópolis.

Fabrícia diz acreditar que o encantamento pelas crianças é um reflexo de sua infância difícil. “Cuidar das crianças pequenas, estar com elas, foi para mim uma dívida comigo mesmo. Então esse encantamento de cuidar delas e protegê-las. E eu acho que isso tem a ver com a minha história”.

Segundo ela, os desafios de ser professora são aqueles de conseguir chegar em cada criança e mostrar a diferença que podemos fazer na vida delas, com conhecimento e experiências que, os educadores proporcionam para elas.

As histórias desses três professores só fizeram validar a frase de Rubem Alves. O professor deve ficar vivo em todos os alunos cujos corações e almas foram tocados por seus ensinamentos.

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