Sentir as batidas do coração é uma tarefa simples, afinal, basta colocar a mão no punho para perceber os movimentos de um dos órgãos mais importantes do corpo humano. Mas você já imaginou como seria viajar para dentro do sistema cardiovascular com a tecnologia? Pois isso é possível nos estudos práticos de uma escola municipal de Florianópolis.

Qual seria a sensação de ver, de uma outra forma, a composição das células sanguíneas? O experimento foi feito pelos estudantes do oitavo ano do Ensino Fundamental da Escola Básica Municipal (EBM) Beatriz de Souza Brito, com a ajuda da realidade virtual e da realidade aumentada.
Utilizando óculos 3D, cards, microscópio e uma bomba para reproduzir o funcionamento do coração, a turma fez uma verdadeira imersão. A atividade foi fruto da parceria entre a professora Fernanda Biazin, responsável pelo laboratório de ciências, e Isolda Ferreira, educadora do mesmo componente curricular.
O trabalho interativo colocava o jovem como investigador do processo, circulando entre várias estações de conhecimento: vídeo explicando o funcionamento do coração (3D), realidade aumentada com as células sanguíneas, identificação da lâmina de sangue com o microscópio e detecção das principais veias do órgão por meio do bombeamento — aqui o coração foi recriado com materiais simples, incluindo um recipiente de vidro, uma tampa, dois canudos e um líquido vermelho.
Após as vivências no laboratório, o o seguinte são os exercícios que ajudam na compreensão do tema e servem de estímulo para a troca de informações.
“Tudo é dentro de um planejamento, dentro de uma sequência didática. Os estudantes não vêm aqui só assistir ao vídeo e vão embora. Sempre é um trabalho envolvendo outras atividades práticas. Sempre tento ‘casar’ o vídeo 3D com alguma outra atividade relacionada ao conteúdo, então eles sempre têm que produzir algum material, algum relatório”, conta Fernanda.
Mas se engana quem pensa que ciências é o único foco do espaço, já que outros componentes curriculares também podem ser abordados. O objetivo é dar um novo sentido para o aprendizado.
“Do jeito que é trazido aqui, a forma como é contextualizado, com a questão da realidade virtual, a realidade aumentada, é diferente. Eles fazem os experimentos ali, eles vivenciam a situação, traz muito mais significado”, explica a diretora Camila Porciúncula.
Cientistas em outras realidades 3d46r

Nos últimos anos, com o avanço da tecnologia e com as possibilidades infinitas, aprender ou a ser uma tarefa divertida, um processo instigante. Prova disso são os mais de 530 alunos do primeiro ao nono ano que desfrutam de todas as perspectivas no laboratório da escola.
Por lá, as turmas dos anos iniciais contam com aulas fixas, enquanto as classes dos anos finais precisam agendar um horário — o educador procura a professora responsável.
E a vivência com o telescópio, a realidade virtual e a realidade aumentada são capazes de instigar o desejo por algumas carreiras, já que muitos aproveitam para expor os desejos e curiosidades — alguns querem ver uma reação diferente, criar algo que seja capaz de causar uma explosão, por exemplo.
“Traz a abordagem do estudante investigador, cientista, aquele que experimenta. É diferente do trabalho de ciências em sala de aula”, esclarece Camila Porciúncula.
O ambiente começou a ser pensado em 2016, recebendo o nome de Bertha Lutz (bióloga, ativista feminina e política brasileira). Com a chegada das novas tecnologias, o desejo de estar no local ou a ser mais evidente.
“Os estudantes ficam fascinados com a realidade virtual, principalmente a possibilidade de observar órgãos, células, estruturas em modo 3D. Para eles é uma novidade. Alguns nunca foram ao cinema 3D. Algumas crianças nunca tiveram esse contato com esse mundo virtual, então ficam impressionados, eles adoram”, declara Fernanda.
Para Giselle Vitória Ferreira Botelho, 14, jovem que participou do experimento do sistema cardiovascular e sangue, a novidade trouxe diversos benefícios. “É muito bom, a gente aprende bastante, interagimos e conversamos sobre a aula, então se torna mais produtivo, mais atrativo”, conta a garota.
Com o local e as novidades, os alunos têm uma nova abordagem na aprendizagem. “Acho que um espaço desse só tem a trazer benefícios para a educação, possibilidades de diversas metodologias de aprendizagem. Então eles têm uma diversidade de metodologias que sai um pouco daquele ensino livresco”, completa a professora Fernanda.
Realidade virtual x realidade aumentada 21613z

Por mais que os nomes sejam parecidos, os elementos que compõem os universos virtual e aumentado são diferentes. Na primeira opção, as atividades são vivenciadas em um espaço projetado. Por meio de óculos e da inteligência artificial, por exemplo, é como se o estudante estivesse imerso no processo, ando um novo mundo.
Com efeitos audiovisuais, a sensação é de estar descobrindo o desconhecido, usando a tecnologia para dar vida à imaginação. Atualmente é possível utilizar a realidade virtual para recriar diversos cenários, seja dentro da sala de aula ou em uma sala de jogos.
Já a realidade virtual só pode ser ada por meio de dispositivos que conectam o físico e o digital. O objetivo é transformar aquilo que está em mãos, aumentando o tamanho ou a definição, inserindo a realidade das telas no cotidiano.
Enquanto a primeira opção precisa de uma criação de espaço virtual, a segunda pode ser ada por meio de um programa, celular ou notebook.