Apesar de ainda sofrer preconceito e críticas, os eSports vêm crescendo cada vez mais, com equipes profissionais e campeonatos nacionais e mundiais sendo disputados. Em Blumenau, no Vale do Itajaí, dois times são ativos em campeonatos universitários: o Furb E-Sports e o Unisociesc Omega. A presença de grupos voltados para o nicho cresce, mas a falta de estrutura e apoio são desafios.

E os times blumenauenses têm conseguido bons destaques. Em 2021, a Furb E-Sports ficou em terceiro lugar no JUBS 2021, os Jogos Universitários Brasileiros, que reúnem times de todo país. A categoria disputada foi a do jogo League of Legends, conhecido mundialmente e com forte cenário competitivo. Já o Unisociesc Omega conquistou neste ano o segundo lugar no UBES, o Brasileiro Universitário de E-Sports, também em League of Legends.
Dificuldades no cenário regional 2g6ul
Por mais que os eSports tenham ganhado mais reconhecimento, ainda existem diversas dificuldades no caminho, principalmente quando se trata do cenário regional. Em conversa com os dois times citados, ambos apresentaram dificuldades para seguir em frente no cenário esportivo.
O Unisociesc Omega existe desde 2020, mas foi reformulado neste ano. O time conseguiu diversas conquistas em campeonatos, mas não recebe nenhum tipo de patrocínio além das bolsas de estudo garantidas aos estudantes. Essas bolsas são ofertadas graças ao PL 501/2019, que regulariza a prática de esportes eletrônicos em Santa Catarina.

Daniel Reiter, de 24 anos e estudante de odontologia, é capitão do time da Unisociesc Omega. Ele comemora o reconhecimento da área através do incentivo da bolsa. “Sim, nós temos a bolsa de estudos. Na Unisociesc, nós temos a bolsa por jogarmos na equipe, claro, tudo bem fiscalizado nesse sentido. Mas nós temos todo o apoio da universidade, principalmente depois da conquista do vice-campeonato. Eles viram mais, ficaram mais presentes no nosso convívio de esporte”, conta.
Mas apesar de gostar muito do que faz, Daniel afirma não querer continuar na área. Isso porque, de acordo com ele, o mercado regional não valoriza tanto os atletas e equipes dos jogos eletrônicos. “A mão de obra é muito barata. Muita gente quer trabalhar com isso e acaba aceitando ganhar pouco para trabalhar na área. Então não vale a pena. Tem muito time que se forma e acaba fechando logo em seguida”, lamenta.
Grande parte do problema se dá pela falta de patrocínios de empresas para esses times. O Furb E-Sports possuí integrantes para diferentes jogos – League of Legends, Counter Striker e Valorant. Porém, assim como o Unisociesc Omega, não recebe apoio externo.
O vice-presidente da equipe, Paulo Ricardo Trancoso, de 28 anos e estudante de marketing, aponta que os integrantes não recebem a bolsa de estudo para atletas de e-Sports. Isso se dá porque o time não possui local adequado para treino, e por conta disso, não consegue manter uma rotina.

“A gente não quer colocar um patrocinador aqui agora e nem desenvolver o time porque não temos a estrutura, porque nós iríamos acabar nos queimando. Por exemplo, se eu dar a bolsa para um aluno e ele começar a faltar para ir à festa ao invés de treinar, a gente vai queimar os e-Sports e eles (as pessoas de fora) vão ver como uma brincadeira”, comenta o jogador e estudante.
Falta de estrutura 4k4g6e
A falta de uma estrutura para treinos, como uma sala equipada de computadores, quadros para trabalhar estratégias e outros recursos acaba afetando e desestimulando os estudantes e jogadores.
“Eu não tenho como cobrar essa disponibilidade deles, essa função, essa aplicação, porque não tenho como ofertar para eles e nem controlar o pessoal que está indo treinar ou não. Se a gente tivesse uma sala, um espaço que seria um centro de treinamento, isso é o nosso maior empecilho hoje, o que está travando o desenvolvimento do time”, explica Paulo.
Para ele, essa é uma situação complicada, visto que o cenário esportivo de jogos eletrônicos cresce cada vez mais. Ele comenta que está quase finalizando seu curso na universidade, mas que gostaria de deixar “tudo encaminhado” para os jogadores que ficarem e para os próximos que ingressarem. “Eu me dedico ao Furb E-Sports por amor, porque eu vi eles (estudantes) começando do zero, explica”.
A esperança dos dois jogadores é de que, em um futuro próximo, os e-Sports continuem crescendo e se tornem uma área reconhecida, com estruturação e investimento para receber todos aqueles que veem nos jogos eletrônicos uma oportunidade de trabalho e profissionalização.
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Uma pesquisa da Newzoo informa que somente em 2019, o faturamento da indústria dos eSports no mundo foi de US$ 957,5 milhões. Apesar de haver uma queda de 1% em 2020, a área volta a crescer financeiramente em 2021, com arrecadação de US$ 1 bilhão. A previsão é que a modalidade chegue à marca de US$ 1,6 bilhão faturados em 2024.
Além de gerar crescimento econômico, os jogos eletrônicos ganham a cada dia audiências maiores. A Pesquisa Game Brasil 2022 aponta que 63,2% dos entrevistados assistem à modalidade. A mesma pesquisa informa que 81,2% brasileiros já ouviram falar de eSports, enquanto 50,4% se reconhecem como gamers.