A mobilidade da Grande Florianópolis esbarra em um trecho muito crítico da BR-101. Quem mora em Biguaçu, às margens da rodovia, tem dificuldades de locomoção todos os dias.
Vera Lúcia Antunes é moradora da cidade e tem um negócio local no bairro Serraria. Ela lamentou a situação do trânsito. “O trânsito é direto assim, sempre trancado. Se precisar ir pra cidade, tem que sair uma hora antes pra não chegar atrasado”, falou.

Não é raro que os motoristas fiquem horas no congestionamento, no trecho entre Biguaçu e Palhoça. São mais de 23 km de extensão compartilhados pelo tráfego pesado e pelo trânsito urbano das cidades da região metropolitana. O local é apontado pelo grupo de trabalho BR-101 do Futuro, uma parceria da Fiesc (Federação das Indústrias do Estado de Santa Catarina) e do Grupo ND, como um dos mais críticos da rodovia federal em território catarinense.
De acordo com o engenheiro de tráfego Carlos Alberto Beal Donato, as duas pistas já não am o número de veículos. “Maneiras de tu melhorar o nível de serviço de uma rodovia são bloquear os e saídas, tu consegue otimizar o fluxo. Mas ali é latente. A capacidade da rodovia já está esgotada”, disse ele.
A população somada das quatro maiores cidades da região, Biguaçu, Florianópolis, Palhoça e São José, cresceu 23% nos últimos 11 anos. De acordo com o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), a densidade demográfica atual a de um milhão de habitantes. Com isso, entre 2010 e agosto de 2021, a frota somada de veículos nesses municípios aumentou 58%, ando de 741 mil carros. Por isso, estudos que avaliam os veículos na rodovia são tão importantes.
O engenheiro Donato explicou como funciona o processo: “Hoje, existem equipamentos que não são invasivos a pista, não atrapalham em nada o tráfego. Tu coloca o equipamento no lado da rodovia e tu faz contagens, normalmente é sete dias, 24 horas. Vai te dar exatamente o fluxo, inclusive secciona de 15 em 15 minutos para ver os momentos de pico, para fazer estudos para amenizar até que seja duplicado”
Para aliviar o trânsito intenso na região, algumas obras são muito aguardadas. A expansão da terceira faixa na BR-101, o Contorno Viário, e o corredor expresso que promete desviar o trânsito pesado do corredor que une Palhoça e Biguaçu.
“A gente acredita que é um paliativo. A longo prazo também vai se esgotar. Então, a necessidade no momento é a conclusão da obra na alça do Contorno Viário, que aí sim a gente acredita que o problema de mobilidade vai estar resolvido”, disse o secretário de istração de Biguaçu, Vinícius Hamilton do Amaral.
A falta de iluminação também é uma reclamação constante. Em alguns pontos, os postes só existem na marginal. A insegurança é outro dilema da região. Em 2020, foram registrados 1.270 acidentes somente no trecho entre Palhoça e Biguaçu. No ranking de ocorrências na BR-101 em todo o estado, o trecho ocupa o segundo lugar.
Os problemas na rodovia são muitos. Por isso, a Fiesc e o Grupo ND lançaram, neste ano, a campanha SC Não Pode Parar. A iniciativa discute as condições das rodovias federais que cortam o estado, na busca de soluções para resolver os problemas nos pontos mais críticos. Entre as sugestões de melhorias apontadas para a região de Biguaçu está a construção da terceira faixa, além da readequação de alças e agulhas de o e saída das pistas centrais da rodovia.

A cidade de Palhoça é um exemplo das melhorias que uma faixa extra traz para a fluidez do trânsito. “Tivemos um avanço muito grande de mobilidade na região. Hoje, tem um trânsito mais condensado, um trânsito mais lento, mas não aquelas filas intermináveis que existiam antes ou durante as obras da terceira pista”, disse o prefeito de Palhoça, Eduardo Freccia.
Mesmo sendo um o importante para o desafogamento de Biguaçu, a Arteris Litoral Sul, concessionária responsável, esclareceu que não há previsão contratual para implantação da terceira faixa na BR-101, em Biguaçu.
Confira mais informações na reportagem do Balanço Geral Florianópolis.