“Isso é coisa da sua cabeça”, “Você está ficando louca”, “Está sensível, é TPM”. Essas são frases que muitas mulheres já ouviram durante discussões com seus companheiros. Parecem inofensivas, mas situações como essas podem se transformar em um grande problema: o gaslighting.
O termo diz respeito a uma manipulação psicológica sutil, quando o abusador distorce a realidade até que a vítima deixa de acreditar em si mesma. Assunto delicado e importante, que será tema de discussão no podcast aDiversa desta sexta-feira (28).

Participam do episódio “Violência psicológica: as sutilezas do gaslighting” a advogada e presidente da Comissão do Direito da Vítima da OAB/SC, Giane Brusque Bello, e a psiquiatra e presidente da Associação Catarinense de Psiquiatria, Deisy Mendes Porto.
A apresentadora convidada é a jornalista do Grupo ND Amanda Santos, que produziu a série ‘Palavra de Mulher’ sobre violência doméstica em Santa Catarina. O fotógrafo e documentarista Felipe Carneiro traz a perspectiva masculina para o papo.
Como identificar os sinais do gaslighting l586
O termo ganhou popularidade em referência ao filme de 1944 chamado “Gaslight”. Na narrativa, o homem tentava convencer a esposa de que ela estava louca para ficar com o seu dinheiro. Esse tipo de violência psicológica pode acontecer com qualquer pessoa, mas as mulheres são as mais afetadas por conta do machismo estrutural.
“É algo muito sutil, intencional e constante. A vítima ama o agressor e tem dificuldade de perceber, tenta justificar o comportamento por conta de questões financeiras, dos filhos…”, explica Giane.
A psiquiatra Deisy citou alguns exemplos de situações que configuram gaslighting, entre eles quando o homem fala mal das roupas e das amizades da mulher, atesta contra a moral dela ou ainda a culpa por todas as brigas do relacionamento.
Além da dificuldade em identificar a violência psicológica, há um desafio ainda maior: falar sobre a situação e denunciar.
A importância da orientação sh1w
O que começa com palavras como “louca, histérica e exagerada” pode tomar proporções ainda maiores. A intenção do agressor é manter a mulher presa ao relacionamento, causando depressão e ansiedade na parceira.
“A manipulação se transforma em gritaria, depois em agressão física e pode evoluir para um feminicídio”, diz Amanda.
Para evitar esse cenário é importante que as mulheres saibam não só identificar a violência, mas também como proceder para sair dessa situação. Segundo Giane, em Santa Catarina as instituições estão preocupadas com a questão e atendem em rede para proteger mulheres vítimas de violência.
Felipe destacou que os homens também devem procurar ajuda e orientação para refletir sobre seus atos. “O homem sempre esteve numa posição de poder”, esclarece.
Sobre o podcast 4r1l20
Apresentado pela editora do ND+ Luciana Barros, o podcast aDiversa debate temáticas do dia a dia das mulheres, com bom-humor, leveza e uma dose de polêmica. Os novos episódios vão ao ar todas as sextas-feiras, às 7h, na página da editoria Diversa+.