O MPSC (Ministério Público de Santa Catarina) instaurou no último dia 19 um procedimento para investigar se houve dano moral coletivo contra a sociedade catarinense em razão de uma coluna publicada no jornal Folha de S.Paulo.
O texto, publicado em maio pela colunista Giovana Madalosso, associou o sobrenome alemão ‘Heil’, escrito à tinta em telhados de casas em Urubici, na Serra, ao ideário do nazismo em SC.

A instauração do procedimento resulta de uma notícia crime apresentada ainda em maio, um dia após a publicação da coluna, pelo deputado estadual Jessé Lopes (PL). O pedido foi assinado por outros parlamentares catarinenses da sigla, estaduais e federais. O ND Mais reportou o caso à época.
Agora a 40ª Promotoria de Justiça da Capital está colhendo informações iniciais. O procedimento, que pode resultar em uma ação civil, é do tipo preparatório, instaurado quando as supostas irregularidades não estão claras e o promotor julga necessário uma apuração prévia.
O promotor Jádel da Silva Júnior solicitou à Folha de S.Paulo e à colunista Giovana Madalosso informações como a versão original da matéria, os comentários e explicações da autora, que devem ser prestados em até 20 dias — meados de janeiro. O caso é investigado também pela Delegacia de Repressão ao Racismo e a Delitos de Intolerância
A reportagem procurou a Folha de S.Paulo e a colunista pelo email institucional, mas não obteve retorno até o fechamento. O espaço está aberto. Em 27 de maio, cinco dias após a veiculação da coluna, o jornal publicou o texto “Folha errou ao associar propriedade de SC ao nazismo”.
“A falta de uma rigorosa checagem de dados, conforme recomenda o Manual da Redação, levou ao erro cometido pelo jornal. No mesmo dia da publicação […] o jornal corrigiu as informações incorretas”, escreveu o jornal à época. “Madalosso, que reconhece ter cometido um erro, recebeu centenas de ofensas”.
Colunista apontou que sobrenome seria expressão do nazismo em SC 6k125m
O texto publicado por Madalosso, intitulado “Fui surpreendida por uma saudação nazista”, acusou erroneamente que o sobrenome Heil, pintado no telhado de quatros casas em Urubici, na Serra de Santa Catarina, é uma saudação nazista.
A escritora narra a viagem feita com o filho para a cidade da Serra. Ela conta que caminhando pela estrada “repleta de araucárias” se deparou com o telhado tomado pela palavra “Heil” – que pode ser traduzida como o substantivo “salvação” ou como os adjetivos “salvo” e “ileso”. À época do movimento nazista também cumpria o papel de interjeição na saudação nazista “Heil, Hitler” (salve, Hitler).
Neste caso, no entanto, a palavra “heil” é uma referência ao sobrenome da família dona da propriedade, que já utilizava há anos a marcação do sobrenome da família no telhado como forma de divulgar o negócio da família, no ramo da construção e do aluguel de imóveis por temporada.
“Meus enteados […] perguntaram se aquilo era de fato uma alusão ao nazismo. Expliquei que possivelmente, já que Heil, Hitler (Salve, Hitler) era uma conhecida saudação nazista”, escreveu a colunista. “O que nos fez pensar na conivência da comunidade à nossa volta. E na das autoridades. Por que a polícia não faz nada?”, segundo o texto;
À época, os integrantes da família se manifestaram nas redes sociais. “Por falta de informação e sem nenhuma explicação, da referida jornalista e do jornal, nos trouxe transtornos emocionais e psicológicos. Nossa família sempre prezou pela honestidade”, diz a publicação.