O suposto esquema criminoso que operou entre servidores da prefeitura de Florianópolis e que cobrava propina para avalizar obras regulares e irregulares se dividia em “três poderes: quem aprovava, quem assinava e quem demolia””, detalhou o construtor Arlan Nunes Quell à investigação da Polícia Civil.
Desde sexta-feira (15) está em andamento um PAD (Processo istrativo Disciplinar), no âmbito da Controladoria Geral do Município, que apura as responsabilidades de dois servidores dos três servidores municipais diretamente investigados.

O depoimento do empresário foi citado no mandado de prisão que resultou na detenção nesta sexta-feira (15) Felipe Pereira, ex-chefe de fiscalização da Floram (Fundação Municipal do Meio Ambiente) gravado em julho do último ano cobrando propina de um construtor na Capital.
O inquérito policial aponta que os “três poderes” mencionados pelos próprios servidores a Quell, segundo o depoimento do construtor, eram ocupadas por um engenheiro que aprovava a demolição, um assistente jurídico que assinava e autorizava a demolição, tal como o chefe de fiscalização, responsável pelo demolir.
As conversas seriam realizadas nos escritórios e, para adentrar na sala, era necessário deixar os telefones guardados em uma gaveta no corredor, ainda segundo o depoimento do construtor.
Para cobrar propina, os investigados aguardavam a construção entrar em estágio avançado, tornar ao proprietário o prejuízo da demolição “muito maior” do que o pagamento da propina. No início, o pagamento era realizado nas sextas-feiras, quando os empreiteiros se reuniam na sede da SDMU. Depois, Pereira ou a recolher pessoalmente os valores, de acordo com a investigação.
O esquema criminoso faturava pelo menos R$ 2 milhões por mês, detalhou nesta segunda-feira o delegado-geral da Polícia Civil de Santa Catarina, Ulisses Gabriel, em entrevista à NDTV.
Quem são os servidores investigados 6q3b4o
Além de Felipe Pereira, a Polícia Civil ainda investiga:
- Nei João da Silva, o ex-diretor de Fiscalização na SMDU (Secretaria de Habitação e Desenvolvimento Urbano), apontado também como destinatário da propina;
- Carlos Augusto de Jesus, ex-gerente da fiscalização da Floram. Segundo o inquérito, ele “participaria do esquema criminoso, em conluio com o investigado Felipe”.
Dentre os crimes investigados estão concussão, corrupção iva e organização criminosa, entendo que a medida mais adequada é o sequestro.
A Justiça aponta ainda outros três servidores como suspeitos por envolvimento devido à presença de indícios: dentre eles um secretário-adjunto, um assessor jurídico e um gerente de fiscalização.
Os construtores Arlan Nunes Quell, Giovane Ribeiro e Maurício Sullyman estão entre os construtores investigados devido ao pagamento recorrente de propina. O inquérito apura se os rees foram oportunizado para avalizar obras irregulares em Florianópolis.
Dois servidores são alvos de processo istrativo 411j4a
A Corregedoria da prefeitura de Florianópolis instaurou um processo istrativo para apurar as responsabilidades de Nei João da Silva e Felipe Pereira. Três servidores lotados em áreas distintas do Executivo vão conduzir o procedimento.
Os trabalhos devem ser concluídos num prazo de três meses, com a possibilidade de prorrogação, por igual período.
Dos três servidores diretamente investigados, Pereira está afastado do serviço municipal e segue preso. Carlos Augusto de Jesus e Nei João da Silva não integram mais o quadro do Executivo desde janeiro deste ano, informou a prefeitura de Florianópolis.
Dois dos três servidores contra os quais a Justiça aponta “indícios” de participação foram exonerados nesta sexta-feira (15) pela prefeitura de Florianópolis.
O que dizem os investigados m58z
Procurados pelo ND+ nesta segunda-feira (18), o advogado Eduardo Herculano, que representa Felipe Pereira e Carlos Augusto de Jesus, informou que não irá se manifestar sobre o caso. Augusto de Jesus saiu do Executivo em janeiro deste ano.
“Vamos colaborar com investigação. A gente pretende provar a inocência dele e mostrar a verdadeira intenção por trás dessa notícia”, afirmou o advogado André Kinchescki, que representa Nei João da Silva. Ele não atua mais na prefeitura desde janeiro.
Quanto aos construtores, a defesa de Maurício Sullyman não respondeu aos pedidos de contato. A reportagem não encontrou os advogados de Arlan Nunes Quell e Giovane Ribeiro.