Um prefeito de Santa Catarina revelou, em depoimento ao MPSC (Ministério Público de Santa Catarina) obtido com exclusividade pelo Grupo ND, detalhes de como a corrupção na coleta de lixo no Estado foi ando de um município a outro, caso investigado pela Operação Mensageiro. O depoente conta como indicou um colega gestor de outra cidade para entrar no esquema.
Falando a investigadores do Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado), o prefeito assume que estava envolvido no esquema criminoso e detalha como tudo teria começado, quando um funcionário da Serrana Engenharia, empresa agora chamada Versa, entrou em contato para oferecer propina em troca de contratos pré-acertados no serviço de gestão de resíduos sólidos.

No depoimento, o gestor afirma que indicou o esquema para outros políticos da sua região. De acordo com o relato, era comum que os prefeitos soubessem sobre istrações envolvidas no esquema, e os valores recebidos.
O prefeito interrogado pelo Gaeco afirmou ter indicado o esquema para o prefeito de Major Vieira, Adilson Lisczovski, preso na última fase da Operação Mensageiro no dia 27 de abril de 2023.
No município, de acordo com o Ministério Público, os pagamentos à Serrana começaram em R$ 3 mil em 2010 e, dez anos depois, em 2020, chegaram ao maior valor pago: R$ 110 mil.
No total, em 13 anos, a Serrena teria recebido de Major Vieira mais de R$ 881 mil.
A Serrana mudou de nome em meio às investigações da Operação Mensageiro, ando a disputar contratos como Versa Engenharia.
Segundo o prefeito que prestou depoimento, nem mesmo os próprios prefeitos sabiam como a Serrana fazia para lucrar e ainda pagar propina aos políticos.
Quando questionado sobre a ausência de fiscalização, o político afirma que a Serrana sabia que nenhum município iria deixar que servidores verificassem a pesagem do lixo para justamente não constatar a irregularidade.
Prefeito detalha primeiro encontro com “mensageiro” 6z5w3a
No depoimento, o prefeito conta quando foi apresentado ao “mensageiro”, articulador do esquema que deu nome à operação do MPSC.
“O [funcionário da Versa, então Serrana] veio na prefeitura e disse assim, ó: ‘Nós temos um mensageiro que faz a entrega, então, assim, qual é o celular que o senhor usa?’. Pegou o meu celular e disse: ‘Ele vai lhe mandar uma mensagem.’”
O prefeito fala que a Serrana teria entregado a ele até R$ 20 mil em propina dentro de um único envelope. Então, o interrogador pede para o prefeito supor o que faria “caso fosse honesto”. O gestor municipal então responde que, caso fizesse a licitação corretamente, o valor cobrado dos cofres públicos para a gestão de resíduos sólidos cairia para metade.
“Eu acho que hoje, a metade do que é pago. O nosso [licitações que foram feitas] é R$ 30 [mil], então R$ 15 [mil] no máximo!”, completa.
Prefeito de Três Barras tem liberdade negada pelo STJ 634q5z
Em decisão liminar, nesta quarta-feira (17), o desembargador do Superior Tribunal de Justiça (STJ), Jesuíno Rissato, negou a liberdade para o prefeito de Três Barras, Luiz Divonsir Shimoguri (PSD).
Ele foi detido na quarta fase da Operação Mensageiro, no dia 24 de abril.
Até o momento, o STJ não acatou nenhum pedido de Habeas Corpus relacionado aos presos da Operação Mensageiro, nem para liberdade, nem para prisão domiciliar.