De camelô a dono de grife de roupas em Santa Catarina, o fundador da marca Labellamafia está no centro de um processo de recuperação judicial da empresa. Segundo ex-funcionários, nova gestão responsável pela grife promoveu demissão em massa sem pagar direitos trabalhistas.

Labellamafia: fundador da marca vive processo de recuperação judicial 1g2ln
Giulliano Puga construiu um império com a marca Labellamafia, mas a trajetória dele começou distante das grandes lojas.
Seguindo o caminho dos pais que eram vendedores ambulantes Puga iniciou a vida profissional como camelô, oferecendo roupas nas praias de Florianópolis.

A marca nasceu em 2007 quando o empresário começou a desenhar peças esportivas e no estilo streetwear para a atleta Alice Matos, sócia com quem ele também era casado.
As viagens da empresária para participar de competições esportivas em outros países fizeram com que a marca também ficasse conhecida fora do Brasil. A grife alcançou os Estados Unidos, Rússia, Espanha, México, Colômbia e a Venezuela.

A grife chegou a ter 270 pessoas trabalhando nos diferentes setores e produzia cerca de 100 mil peças por mês. Em 2019, o empresário assumiu a operação da marca integralmente.
Além das lojas próprias, a marca Labellamafia comercializava as peças para lojistas multimarcas e também nas franquias abertas em 2021.

Ex-funcionários alegam que nova gestão fez demissão em massa 4v733p
Puga teve dificuldades em dar continuidade no processo de reestruturação da Labellamafia e entrou com um processo de recuperação judicial no dia 18 de maio de 2023.
O processo de negociação para venda da marca ao grupo Blue Star Brands encerrou no início deste mês. Funcionários que trabalhavam na fábrica da marca, em Palhoça, dizem que novos donos fizeram demissão em massa.

O total da dívida aos credores soma R$ 49.474.192,06, sem contar os valores relacionados às rescisões dos funcionários demitidos.
A nova gestão é operada pela empresa que tem como principal acionista Leonardo Perugine Alvez de Barros Filho. O ND Mais não conseguiu localizar a defesa do empresário e o espaço segue aberto.
A estimativa é de que pelo menos 40 funcionários tenham sido desligados, entre efetivos e prestadores de serviço. O acordo firmado, segundo as pessoas demitidas, incluía apenas o cumprimento do aviso prévio.
Em um vídeo compartilhado na internet, um grupo reunido em frente à fábrica da marca, na Grande Florianópolis, aguarda a chegada dos representantes para um novo posicionamento.
“Como a gente fala para um filho quando ele diz que está com fome? Como é que eu falo para o dono do meu apartamento que ele tem que esperar. Ele tem que receber também”, diz uma das trabalhadoras na gravação.
Funcionários demitidos cobram pagamento de direitos trabalhistas – Vídeo: Reprodução/ND
Antigo dono diz que salários não eram atrasados durante sua gestão 5m5a3p
Ao ND Mais, a assessoria de Giulliano afirma que as negociações de venda ocorreram ainda no fim de 2023.
A intermediação do negócio, feita pela empresa de consultoria financeira Target Avisor, foi concluída, segundo Puga, no dia 7 de maio, após o fechamento e dos contratos.

“Após essa data, Giulliano Puga deixou o comando das empresas. Os detalhes da negociação seguem em sigilo contratual, mas o projeto apresentado pelo grupo era sanear todos os compromissos, investir e reestruturar a empresa”, diz a assessoria do empresário.
Sobre as demissões e pagamentos atrasados aos colaboradores, a defesa de Giulliano diz que “nenhum atraso de pagamento foi registrado durante a gestão”.
“A assessoria jurídica de Giuliano está acompanhando o caso, pois há uma grande preocupação dele com os colaboradores. O grupo possuía 103 colaboradores na data de fechamento do contrato.
Há uma negociação em andamento para que o Giulliano assuma o setor de criação do grupo. Tanto da Labellamafia, como de outras marcas que o grupo pretende adquirir”.
Funcionários demitidos e atual gestão da marca não haviam entrado em acordo até a última atualização deste texto.