Enchente que atinge Porto Alegre pode não ser a maior da história; entenda 5k2b1t

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Medição feita no Cais Mauá, às margens do lago Guaíba, é feita por régua eletrônica e os dados de enchentes em Porto Alegre podem estar equivocados

A catástrofe climática vivida pelo Rio Grande do Sul já é considerada a pior de toda sua história. Em Porto Alegre, o Lago Guaíba transbordou e inundou grande parte da cidade. Entretanto, a atual medição ou a ser colocada em cheque e o pico da cheia pode não ter ultraado a marca registrada na grande enchente de 1941.

Pico atingido em 2024 pode ser inferior ao que vem sendo divulgado desde o dia 5 de maio – Foto: Fernando Oliveira/X/Divulgação/NDPico atingido em 2024 pode ser inferior ao que vem sendo divulgado desde o dia 5 de maio – Foto: Fernando Oliveira/X/Divulgação/ND

83 anos atrás, a capital gaúcha ficou submersa por 24 dias, entre os meses de abril e maio, quando as águas do Guaíba atingiram a marca de 4,76 metros. Em 2024, a medição do lago chegou a 5,35 metros, estipulando um recorde no dia 5 de maio. Mas esse registro está sendo contestado.

Informações divulgadas pela MetSul Meteorologia, nesta quinta-feira (23), apontam que o pico atingido em 2024 pode ter sido inferior ao que foi divulgado.

Segundo publicado pela empresa, o nível do lago está abaixo dos valores informados pela régua eletrônica instalada emergencialmente, após o equipamento original ter sido danificado pela força da água.

“Desde segunda (20), quando a prefeitura de Porto Alegre abriu comportas e o nível informado pela régua estava em 4,20 metros naquela tarde, amos a ter dúvidas sobre os dados, uma vez que água saía e não entrava pelo muro, mesmo com cota mais de um metro acima do nível de inundação”, diz o posicionamento.

Enchentes em Porto Alegre: nível do Guaíba no Cais Mauá 2269

Ao ingressar no Cais Mauá, local onde o equipamento foi instalado, constatou-se que a água estava pouco acima do piso, cuja altura é 3 metros – mesma da cota de inundação do lago.

Medição feita pela equipe do jornal Correio do Povo, às 10h15min desta quinta-feira (23) mostra que o nível do Guaíba no Cais Mauá está em 3,14m – Foto: Pedro Piegas/Divulgação/NDMedição feita pela equipe do jornal Correio do Povo, às 10h15min desta quinta-feira (23) mostra que o nível do Guaíba no Cais Mauá está em 3,14m – Foto: Pedro Piegas/Divulgação/ND

“Pelas imagens é evidente que o nível não está perto de 4 metros, como indicado pela régua eletrônica nesta manhã (23), e está pouco acima da cota de transbordamento, de 3 metros”, destaca a Metsul. A régua física no local, que permitiria saber o nível exato, tem três metros e está encoberta pela água.

Uma equipe do jornal Correio do Povo esteve, nesta quinta-feira (23), na comporta de medição oficial e constatou nível de 3,14 metros, com ajuda de uma trena. No mesmo horário, o sistema de medição da Secretaria Estadual do Meio Ambiente, responsável pelo monitoramento, marcava 3,84 metros – diferença de 70 centímetros.

A Secretaria Estadual do Meio Ambiente, responsável pelo monitoramento do nível do lago, foi procurada para esclarecer as divergências na aferição da cota, mas ainda não se manifestou.

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Um sistema, desenvolvido pela UFRGS (Universidade Federal do Rio Grande do Sul), em parceria com estudantes e empresas, tem auxiliado nas medições durante as enchentes que atingem o estado sulista.

Operado pela Portos RS, o equipamento usa a tecnologia Refletometria GNSS, é executado pela UFRGS e está integrado ao Programa de Gestão Ambiental do Porto de Porto Alegre – PGA/POA, em parceria com a Diretoria de Meio Ambiente da Portos RS.

Com auxílio de sinais de satélites GPS, a ferramenta está instalada próximo ao pórtico central do Cais Mauá, em Porto Alegre, e além de medir o nível do lago que rodeia a capital gaúcha, também consegue captar as variações do delta do Rio Jacuí.