Os humanos são destrutivos para a evolução das espécies, segundo uma pesquisa científica recente. Isto porque nos últimos anos, uma tendência surpreendente tem chamado a atenção da comunidade científica: milhares de espécies de animais e plantas em todo o mundo parecem estar encolhendo.

Divulgada na última semana pela revista Science, uma pesquisa inovadora revelou que, desde os anos 1960, diversas espécies diminuíram de tamanho de forma significativa. Esse fenômeno, embora não seja universal, está ligado a múltiplos impactos da atividade humana, apresentando consequências imprevisíveis para os ecossistemas globais.
A pesquisa abrangeu dados de 4.292 espécies, abrangendo seis categorias distintas de seres vivos: peixes, vegetais, invertebrados, mamíferos, herpetofauna (répteis e anfíbios) e organismos marinhos bentônicos, como corais e estrelas-do-mar, com distribuição em diversas regiões do planeta.
Essa descoberta levanta questões fundamentais sobre o impacto das atividades humanas nos ecossistemas globais e as implicações imprevisíveis que a redução de tamanho de espécies pode ter sobre o funcionamento desses ecossistemas.
A pesquisa também destaca a necessidade urgente de compreender melhor esses fenômenos e tomar medidas para mitigar seus efeitos potencialmente prejudiciais.
Peixes são os mais prejudicados 61g12
Os mais prejudicados, segundo o estudo, foram os peixes. Ao todo, mais de 2 mil espécies dos animais foram estudadas pelos pesquisadores, e os resultados foram surpreendentes.
Os pesquisadores afirmam no trabalho que a exploração excessiva de recursos através da caça e da pesca seletiva pode causar impactos negativos nas populações das espécies-alvo. A captura dos indivíduos de maior porte pode resultar em alterações genéticas nas populações, pois os indivíduos menores e com menor porte têm maior probabilidade de sobrevivência e reprodução. Isso pode levar a uma redução do tamanho médio da população ao longo do tempo.
Além disso, a captura seletiva de indivíduos maiores pode resultar em alterações nas características populacionais, como diminuição da taxa de crescimento, diminuição da idade de maturidade sexual e redução da diversidade genética. Essas mudanças podem ter consequências negativas para a população como um todo, tornando-a mais vulnerável a doenças, mudanças ambientais e outros eventos adversos.
Por isso, é importante adotar práticas de manejo sustentável e regulamentações adequadas para garantir a conservação das espécies e a sustentabilidade dos recursos naturais. Isso inclui a implementação de cotas de captura, tamanhos mínimos de captura e períodos de reprodução protegidos, visando preservar as populações e garantir a exploração responsável dos recursos.
É essencial que as atividades de caça e pesca sejam conduzidas de forma sustentável, levando em consideração os efeitos a longo prazo na conservação das espécies e na manutenção dos ecossistemas. A conscientização e a educação sobre a importância da conservação dos recursos naturais também são fundamentais para promover práticas mais responsáveis e equilibradas.
Esses fatores, juntamente com o impacto das mudanças climáticas, desempenham um papel crucial na explicação dos resultados do estudo publicado na Science. Descobriu-se que em dois terços dos conjuntos de espécies analisados, houve uma notável redução no tamanho médio dos indivíduos. Em quase 60% dos casos, observou-se também uma diminuição geral do tamanho dentro de cada espécie.
No entanto, é importante destacar que muitas vezes essa “miniaturização” pode ser atribuída à mudança na composição das comunidades de espécies. Isso significa que algumas espécies de maior porte desaparecem, deixando apenas as espécies mais modestas, o que naturalmente resulta em um tamanho médio menor para toda a comunidade.
Um exemplo falado no estudo seria o desaparecimento das onças-pintadas em determinadas florestas, deixando apenas jaguatiricas e gatos-do-mato, o que leva a uma diminuição no tamanho médio dos felinos na região.