Moradores do bairro Cordeiros, em Itajaí, Litoral Norte do Estado, têm relatado problemas relacionados ao mau cheiro emitido por uma fábrica de farinha de peixe. O problema, contudo, pode estar próximo de ser solucionado. A empresa já iniciou um plano para reduzir a intensidade da liberação dos gases.

A dona de casa Juliana Santiago Gazzaneo relata que as crises de enxaqueca se tornaram mais frequentes, e que o filho, uma criança com autismo, também tem sofrido com o odor.
“Infelizmente o cheiro está cada dia pior. Agora, se não basta de dia, durante a madrugada eles também acabam trabalhando e o cheiro fica inável. Eu tenho um filho autista e ele acaba ficando incomodado, dá as crises nele. Então ele não sabe o porque, a gente explica, mas não adianta, porque o cheiro não sai. E isso acaba afetando, ataca a crise nele, me ataca a enxaqueca”, afirma Juliana.
Conforme os moradores de um condomínio do bairro, o desconforto é presente em determinados momentos do dia. O cheiro forte predomina no período da noite, e até tira o sono dos moradores.
“O cheiro é tão forte que chega a nos acordar. A gente acorda de madrugada com o cheiro. No meu caso, que não tenho ar-condicionado em casa, as vezes o calor, a gente tenta abrir um pouquinho a janela para refrescar, mas dai vem logo o arrependimento. Porque o cheiro entra, e quando a gente fecha a janela, o cheiro não sai. Ele fica dentro de casa”, explica a cabelereira Vanilda de Souza Areas.
Em março deste ano, a produção da fábrica chegou a ser suspensa depois que o Instituto do Meio Ambiente (IMA) de Santa Catarina identificou que o mau cheiro estava chegando a uma distância de mais de 1 km. O órgão considerou uma série de fatores, incluindo a visita de agentes fiscais.
A empresa recebeu uma multa no valor de quase meio milhão de reais. E para que a produção retomasse, o IMA solicitou um plano que pudesse aliviar o problema.
A fábrica fez mudanças na estrutura para conduzir adequadamente, e diminuir a intensidade da liberação desses gases.
“Esse plano de ação consiste em algumas ações de curto, médio e longo prazo. Nós, a curto prazo, fizemos algumas melhorias na planta. Essa melhoria inclui a parte de captação e transporte de gases, mitigando as emissões fugitivas da planta. Essa planta é uma planta automatizada, nos fizemos melhorias na parte de automação desta fábrica para melhorar a eficiência dos sistemas de controle ambiental”, declara William Dal Mago, coordenador de meio ambiente da indústria Kenya.
Mesmo com as mudanças, que são iniciais, moradores ainda se sentem incomodados com a situação.
O Instituto do Meio Ambiente afirmou que a fábrica tem cumprido com o plano que foi pré-determinado. O principal equipamento que será responsável por reduzir os odores está previsto para ser instalado a partir de junho.
“Na instalação de um equipamento chamado aerocondensador, um trocador de calor a ar, pra maximizar a condensação dos gases da planta, bem como outras ações que nós estamos desenvolvendo junto com uma equipe multidisciplinar, que nós temos envolvida nesse processo. Porque eu costumo dizer que a planta de processamento de pescados não é uma planta que possui tecnologias ‘plug and play’, nós precisamos estudar a planta e desenvolver tecnologias específicas para ela. Nós temos uma empresa e mais uma equipe técnica interna trabalhando, toda ela engajada na resolução destes problemas”, reforça o coordenador.
*Com informações do repórter da NDTV Anderson Antunes