Mata Atlântica: Em Florianópolis, desafios são as ocupações urbanas 331q6j

Capital conta com 36% de cobertura vegetal importante em áreas de preservação permanente, que sofrem a pressão urbana e estão desprotegidas 1c2jx

De acordo com o Atlas dos Municípios, cujos dados mais recentes são de 2014/2015, duas cidades catarinenses estão entre as dez com maior conservação: Bom Jardim da Serra (3º, com 92,7% de cobertura vegetal natural) e Urupema (9º, com 86,6%).

Entre as capitais, Florianópolis era a segunda com maior percentual de conservação, com 26,8% de área preservada. A primeira era Porto Alegre, com 31,4%. Um novo relatório deve ser divulgado pela SOS Mata Atlântica no final do ano.

De acordo com números da Floram (Fundação Municipal do Meio Ambiente), a Capital catarinense possui 63% de cobertura vegetal, dos quais 27,2% são UCs (Unidades de Conservação)  e 35,8% APPs (Áreas de Preservação Permanente).

O problema está justamente nas APPs, porque elas possuem cobertura vegetal importante que sofrem a pressão urbana e estão desprotegidas. Ao contrário das UCs que já têm legislação específica, o que lhes garante um regime especial de proteção.

As ações de desmatamento em Florianópolis estão mais concentradas na construção de edificações. “Sobrevoei o Norte da Ilha [de Santa Catarina] esta semana, onde há uma vasta área do bioma protegido. Mas ao lado, há outra quase do mesmo tamanho tomada por construções clandestinas”, diz o promotor Paulo Antonio Locatelli, da 32ª Promotoria de Justiça da Capital, que acompanhou inspeções de desmatamento em locais apontados nos mapas da Fundação SOS Mata Atlântica.

Ocupações como a Favela do Siri, que avança sobre a vegetação e as dunas no Norte da Ilha de Santa Catarina, ameaçam parte do bioma – Daniel Queiroz/NDOcupações como a Favela do Siri, que avança sobre a vegetação e as dunas no Norte da Ilha de Santa Catarina, ameaçam parte do bioma – Daniel Queiroz/ND

Cabe lembrar que a destruição da cobertura vegetal e da fauna que compõem o bioma acompanha o processo histórico de ocupação do território e não se limita às áreas mais empobrecidas. “Desde a colonização perdemos cerca de 70% da nossa cobertura vegetal, tanto pelo desmatamento para fins de agricultura quanto pela retirada de árvores de alto valor econômico como perobas, sassafrás, canela preta e outras” afirma o chefe do Departamento de Unidades de Conservação da Prefeitura de Florianópolis, Mauro Manoel da Costa.

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“O que temos hoje são alguns fragmentos de mata primária e grande parte dessa cobertura ainda está em processo de reestruturação, podendo levar mais de cem anos para voltar a ter as características de floresta primitiva, caso haja a propagação de sementes”, avalia Costa.

Parque natural municipal das Dunas da Lagoa da conceição – Floram/DivulgaçãoParque natural municipal das Dunas da Lagoa da conceição – Floram/Divulgação

O professor do programa de pós-graduação em Perícias Ambientais Criminais da UFSC, João de Deus Medeiros afirma que em Florianópolis quase todas as áreas são de vegetação secundária, com diversidade biológica bem distante da existente em remanescentes primários. “Com o abandono das áreas agrícolas e pecuárias, houve um processo de regeneração, com sucessão secundária da vegetação, mas muitas árvores de crescimento lento praticamente desapareceram, como a canela-preta e peroba”, diz.

Atualmente, a Floram istra oito UCs: Parque Municipal da Lagoa do Peri, Parque Municipal das Dunas da Lagoa da Conceição, Parque Municipal da Galheta, Parque Municipal da Lagoinha do Leste, Parque Municipal do Maciço da Costeira, Parque Municipal do Manguezal do Itacorubi, Parque Urbano do Morro da Cruz e Parque Municipal da Lagoa do Jacaré das Dunas do Santinho. No total, são 27,2% do território municipal em Unidades de Conservação.

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