“Foi como se toda a água que tivesse que cair ao longo dos meses caísse de uma vez só”, assim, de uma maneira simplificada, o professor Jeferson Simões explicou as chuvas no Rio Grande do Sul. Chuva essa que deixou cidades alagadas, pessoas desabrigadas e que soma um número incalculável de vítimas.

O assunto foi o tema do 2° episódio do podcast Café da Rocha, a apresentadora Vanessa da Rocha recebeu o professor Jeferson Simões, vice-presidente do Comitê Científico Internacional de Pesquisas Antárticas (SCAR) e fundador do Centro Polar e Climático do Instituto de Geociências da UFRGS.
De acordo com Simões, o ponto chave das tragédias no Rio Grande do Sul foi o bloqueio atmosférico, causado pela falta de equilíbrio térmico do país.
“Está se tornando muito mais difícil que as massas de ar fria se transportem. Algumas regiões do planeta estão se aquecendo muito mais que outras e isso afeta diretamente o equilíbrio térmico do planeta”, disse.
Vale ressaltar que o clima é regido por esse transporte de massas de ar fria indo para regiões quentes e massas de ar quente indo para regiões frias, esse é o equilíbrio térmico necessário para o funcionamento do planeta.
“Claro que algumas vezes ele [transporte de massas de ar] falha, mas dessa vez houve um conjunto de consequências que culminaram nesta tragédia, foi como se toda a água que tivesse que cair ao longo do mês caísse de uma vez só”, complementou Simões.
O professor atenta a necessidade de vistorias frequentes que, segundo ele, devem partir do poder público.
“Estudar e se organizar na prevenção de desastres é papel dos nossos governantes. Achar que não vai ocorrer, que não é papel deles ou que a Defesa Civil está longe das responsabilidades da prefeitura é uma fantasia”, disse.
Ainda de acordo com Simões, o compartilhamento de pesquisas sobre meio ambiente feitas por cientistas especializados é uma atitude que pode ajudar a prevenir as tragédias climáticas, mas que pouco tem sido feito por conta dos governantes que priorizam outras demandas.
“Em 1941 [ano da primeira enchente histórica no Rio Grande do Sul] os engenheiros da época falaram que isso iria acontecer uma vez a cada mil e quinhentos anos, só neste ano já aconteceu três vezes”, acrescentou o professor.
O que aconteceu no RS pode acontecer em SC? 2i243b

De acordo com o professor Jeferson Simões, a localidade influencia muito no caso de desastres naturais e os próximos destinos podem ser Santa Catarina e Paraná, por serem Estados situados em uma latitude subtropical.
“É claro, Santa Catarina será o próximo lugar. Todos os cenários apontam que desastres como o do Rio Grande do Sul ocorrerão com mais frequência. Estão ocorrendo desastres deste tipo em diversos lugares do mundo e irá continuar assim até o sistema adquirir um novo equilíbrio e diminuir essa diferença de temperatura entre os polos e os trópicos”
Por isso, se faz cada vez mais necessário e de extrema importância o investimento em pesquisas de meio ambiente e em ações de preservação e precaução de possíveis áreas afetadas.
Confira o podcast Café da Rocha 2p131

O Café da Rocha traz toda semana personalidades e assuntos do momento para um bate-papo leve e descontraído, para deixar você por dentro dos destaques do Brasil e do mundo.
O podcast é apresentado pela jornalista Vanessa da Rocha diretamente dos estúdios da redação multiplataforma do Grupo ND, em Florianópolis.
A produção do podcast Café da Rocha é realizada pelo Núcleo de Projetos Multimídia do Grupo ND, que trabalha com inovação e criação de novos produtos em jornalismo.