O alargamento da Praia Central de Balneário Camboriú, no Litoral Norte de Santa Catarina, não resultou apenas em mais espaço para os banhistas. Um estudo de Kleber Trabaquini, pesquisador da Epagri/Ciram e doutor em sensoriamento remoto, mostra que a praia ganhou, em média, duas horas de insolação.

O pesquisador chegou a essa conclusão através de imagens geradas pelo satélite WorldView-3, que fornece imagens para a plataforma Google Earth, usando dados de modelagem, onde é possível observar a sombra das construções para o verão na praia central de Balneário Camboriú, antes e depois do alargamento.
As duas horas a mais de sol consideram o verão, quando o sol está mais a pino. No outono e inverno, são menos horas de sol. “Caso o município queira continuar no ranking de arranha-céus, com a construção de prédios cada vez mais altos, nem as obras de alargamento serão suficientes para o não sombreamento da praia”, afirma o pesquisador.
Trabaquini explica que, quando se toma por referência a praia antes do alargamento, as sombras dos prédios, que já começam a ser projetadas às 14h, ocupavam grande parte da praia às 16h. Após o alargamento, houve um ganho de algumas horas de insolação, dependendo da localização. “Às 15 horas, por exemplo, existem locais que, mesmo com o alargamento, ficam tomados pelas sombras”, esclarece o pesquisador.
Veja a projeção:

Mudanças na praia 3x3g5p
A faixa de areia da Praia Central tinha cerca de 25 mil metros quadrados antes da megaobra e, agora, conta com 68 mil metros quadrados de faixa de areia, um ganho de 43 mil metros quadrados. “Em medições realizadas através das imagens de satélite, é possível identificar que a faixa de areia atualmente representa uma área 2,7 vezes maior que a anterior”, calcula Kleber.
Em algumas áreas, a faixa de areia, que era de 30 metros, chegou a 120, uma diferença de 90 metros. No entanto, se considerando o nível do mar e a inclinação da praia, a média da largura da faixa de areia é de 60 metros.

Carlos Eduardo Salles de Araujo, oceanógrafo e também pesquisador da Epagri/Ciram, destaca outras consequências da obra. A formação de mais bancos de areia no mar, e a alteração das correntes litorâneas, são algumas. Além disso, as ondas também aram a quebrar com mais força. “A combinação desses fatores com o esperado aumento do número de banhistas devido ao alargamento da faixa de areia, deve demandar mais atenção dos bombeiros no serviço de salva-vidas, especialmente nos finais de semana e feriados prolongados”, conclui.