Música, literatura, pesquisa e lições que a sociedade precisa discutir para evitar que mais mulheres sejam vítimas de violência. Com essa combinação de forças, o 1º Seminário Estadual de Enfrentamento da Violência contra a Mulher teve início na noite desta quarta-feira (16).
Na abertura do evento, a desembargadora Salete Sommariva, coordenadora do Cevid, ressaltou que o Estado já soma 43 casos de feminicídio desde o início do ano. A realidade de Santa Catarina é uma das mais graves do país.
O Brasil, observou a magistrada, ocupa a quinta colocação mundial no ranking das mulheres vítimas da violência, atrás apenas de nações árabes e da América Central.
Jornalista do ND+ aborda violência contra a mulher 1jw3z
Nesta quinta-feira (17), a jornalista do ND+ Schirlei Alves é uma das convidadas para tratar sobre o tema “Imprensa no enfrentamento da violência contra a mulher”, realizado na quinta-feira (17), às 9h. A palestra contará também com a presença do jornalista Paulo Mueller e será coordenada por Rodrigo Tavares Martins, juiz-corregedor do TJSC.

O evento é organizado pela Cevid/TJSC (Coordenadoria da Mulher em Situação de Violência Doméstica e Familiar), Academia Judicial, Associação das Assistentes Sociais e UFSC. As informações são do TJSC.
Santa Catarina já soma 43 casos de feminicídio 1o6854
“É uma pandemia o que acontece em todo o Brasil. Esse é um momento de reflexão, não só para o poder público, mas para toda a sociedade”, anunciou Salete.
A preocupação por trás dos números ganhou voz em canções apresentadas pelo coral da Escola Vereador Paulo Reis, de Itapema, e por alunos da EEB Prof. José Brasilício, de Biguaçu.
No evento, a assistente social do Judiciário Olindina Maria da Silva Krueger compartilhou detalhes das pesquisas promovidas pelos profissionais de Assistência Social do TJSC. “Estamos buscando ampliar nosso conhecimento para que o Judiciário seja mais justo e humanizado”, apresentou.
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Palestra abordou gênero 3d4f2c
Abrindo a série de palestras do evento com uma abordagem crítica do tema “Educação para iguldade de gênero”, a professora Valeska Maria Zanello de Loyola, doutora em psicologia no Instituto de Psicologia/UNB, esclareceu ao público o conceito de gênero e afastou interpretações preconceituosas sobre o tema.
“Gênero é uma categoria política porque aponta para uma hierarquia e uma desigualdade na distribuição de poder”, indicou. Valeksa citou clássicos da Disney, a exemplo das princesas e Ariel e Mulan, como produções onde as mulheres são retratadas sob a necessidade de estarem juntas de um homem.

“A gente nunca entende uma mulher solteira no Brasil, avulsa, como tendo protagonismo”, refletiu. Propagandas de cerveja, que objetificam a mulher por seus atributos físicos, também foram lembradas pela presença maciça na mídia.
A própria indústria pornográfica, comparou a especialista, tratou de erotizar a violência para o consumo do público masculino. O olhar do homem prevalece até na moda feminina, apontou, pois os homens são eleitos como avaliadores físicos e morais das mulheres.
“Por que o público feminino tem tanta insatisfação com o próprio corpo? Isto é produção cultural”, manifestou. Segundo a professora, um dos grandes desafios das mulheres é saber dizer “não”, inclusive diante de tarefas comumente delegadas à maternidade. “Dói, mas é profundamente libertador”, manifestou.
Por outro lado, a palestrante destacou a importância da participação dos homens na desconstrução da cultura machista e misógina enraizada na sociedade. “Precisamos de vocês para desconstruir o sexismo, o papel de vocês é fundamental”, pontuou.
Noite contou com apresentação de livro 6z55f

Por fim, a júiza da Capital Ana Luisa Schmidt Ramos apresentou ao público o livro “Violência Psicológica Contra a Mulher: o Dano Psíquico Como Crime de Lesão Corporal”, de sua autoria. A obra, explicou a magistrada, trata de uma forma de violência pouco observada no debate social, de cunho psicológico.
“Quando falamos da violência contra as mulheres, lembramos da imagem da mulher machucada fisicamente, com seu rosto machucado, um braço quebrado. Lembramos dos feminicídios. Mas tem essa forma de violência que, por muito tempo, ficou em silêncio”, explanou.
A juíza apresentou o ciclo da violência, elaborado pela psicóloga americana Lenore Walker, que o dividiu em três fases: fase de tensão, de agressão e de calma. O que permeia todas as etapas, destacou a magistrada, é a violência psicológica e a dificuldade de escapar do ciclo.
“Sair de uma situação de violência doméstica requer que você tenha esperança de que o lugar para onde você vai é melhor, mas nem sempre isto e possível”, alertou.
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As vagas para o evento já foram preenchidas, mas as palestras são transmitidas ao vivo pelo TJSC pela internet. A programação completa do evento pode ser conferida neste site.