Nem tudo é drama e indefinição no MDB. Se o partido em Santa Catarina está em vias de perder o senador Dário Berger enquanto tenta ganhar o governador Carlos Moisés, no nível nacional já tem candidato à Presidência da República.

Um dos alvos preferenciais dos partidos de centro, de direita e de esquerda para compor uma chapa presidencial em 2022, o MDB lançou nesta quarta-feira (8), a pré-candidatura da senadora Simone Tebet (MS) ao Palácio do Planalto.
Única mulher até agora a ter o nome colocado na disputa e fortalecida por uma participação importante da I da Covid, Simone terá o desafio de fazer seu nome decolar mais rapidamente do que a ação dos partidos que desejam ter o apoio do MDB para seus próprios candidatos.
Reposicionamento
Citada como uma espécie de “vice ideal” por aliados de pré-candidatos como João Doria (PSDB), Sérgio Moro (Podemos) e Rodrigo Pacheco (PSD), Simone trabalha para fortalecer sua candidatura.
Tem o apoio do presidente do MDB, deputado Baleia Rossi (SP), que enxerga o movimento como uma possibilidade de reposicionar o partido no jogo político.
Além disso, o perfil da candidatura de Simone é visto com grande potencial para atrair o eleitor insatisfeito com a polarização entre Lula e o presidente Jair Bolsonaro.
Com a exceção de Sérgio Moro, cuja candidatura começou a ganhar tração nas pesquisas, outros nomes da chamada terceira via são vistos no mesmo estágio de popularidade que o de Simone.
Crítica a Bolsonaro e ‘aventureiros’ 6f6a2e
Ao ser lançada como pré-candidata do MDB à Presidência da República, a senadora Simone Tebet mirou suas críticas ao presidente Jair Bolsonaro e ao que chamou de “aventureiros” nas eleições, movimento visto como contraponto ao ex-juiz e ex-ministro da Justiça Sérgio Moro.
“O governo que aí está cria crises artificiais, mas é mais grave do que isso, promove a discurso do ódio, a polarização. Numa única palavra, quer aniquilar as minorias”, disse a senadora.
Simone Tebet defendeu uma discussão sobre um projeto nacional e regional de desenvolvimento do País, com uma renda básica permanente, porta de saída para geração de empregos, educação de qualidade e inclusão digital para todos os brasileiros.
A pré-candidatura de Simone Tebet foi apresentada no ato como “uma nova esperança pelo Brasil”. Emedebistas fizeram críticas à antipolítica e à criminalização dos políticos, em um recado a Sérgio Moro, que vem disputando o espaço da terceira via e conquistado ex-apoiadores de Jair Bolsonaro.
“O Brasil não pode estar mais à mercê de aventureiros, de outsiders, é preciso experiência istrativa e de gestão”, afirmou a senadora. “Não só estou pronta, mas temos condições de sermos juntos o próximo ou a próxima presidente da República.”
Crítica da política econômica do governo Bolsonaro, Simone Tebet defendeu um compromisso com as âncoras fiscais do País. “Sem responsabilidade fiscal, nós já sabemos esse caminho nefasto, nós não garantimos o que é necessário para esse caminho ser feito”, afirmou Tebet ao defender uma renda básica com porta de saída e “igualdade de oportunidades”.
Recriação do Ministério do Planejamento 2d2v70
Simone Tebet defendeu a recriação do Ministério do Planejamento, que foi extinto com a junção de várias áreas no Ministério da Economia.
“Antes de anunciar equipe, de dar uma tranquilidade ao mercado, nós precisamos dar uma tranquilidade é para as pessoas. Aí, mais importante do que o ministro da Economia, é o ministro do Planejamento”, disse.
Simone Tebet preparou um discurso para vincular a responsabilidade fiscal à inclusão social. A senadora tem conversas com a economista Zeina Latif, mas destacou que esse não será o primeiro nome anunciado na equipe.
“Acima da economia, nós temos que perguntar para todos e para nós mesmos que país nós queremos e para quem. Não será um economista que vai dizer isso, vai ser um sociólogo, vão ser professores, vai ser a sociedade civil organizada, vão ser nosso centro acadêmico nas universidades.”
A pré-candidata se definiu como uma “liberal moderada” e defendeu as reformas istrativa e tributária, mas com críticas à proposta do governo para essas áreas. “Essa não serve, como serviram muitos projetos que só atendiam e beneficiavam alguns poucos.”
Ela criticou Bolsonaro e poupou o ex-presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva de ataques. À imprensa, ela afirmou: “não vou poupar nem defender quem quer que seja”, ao focalizar nas propostas do MDB.
Simone Tebet também afastou qualquer discussão sobre aliança eleitoral agora. “Nesse momento, é hora de todos colocarem o bloco na rua.”