Acordo sela conflito com indígenas e Estado consegue fechar barragem em José Boiteux 4r5ek

Governador Jorginho Mello confirmou que duas comportas da estrutura de contenção de cheias foram vedadas, depois de acordo ter sido selado garantindo atenção aos moradores de aldeia Xokleng 1n1e3b

Diante do cenário aterrorizante com o medo das enchentes amplamente anunciadas para todo o Estado, em especial nas regiões do Alto Vale e Vale do Itajaí, o governador Jorginho Mello, antecipando as ações que poderia tomar para minimizar o efeito da alta dos níveis dos rios, optou pelo fechamento da barragens de José Boiteux e de Ituporanga, determinado na tarde de sábado (7).

Governo de SC pede por fechamento de barragens Na noite de sábado, indígenas ergueram barricadas com fogueiras na tentativa de impedir o das forças de segurança à barragem – Foto: Jornal ND/Reprodução

Apesar da ordem, a barragem Norte, de José Boiteux, só foi fechada na tarde de domingo (8), após confronto entre indígenas e forças de segurança. Houve necessidade de que a Polícia Federal intervisse.

Localizada no município de José Boiteux, no Alto Vale, a estrutura é a maior para contenção de cheias do Estado, tendo impacto direto no nível do rio Itajaí-Açu, que corta as cidades de Rio do Sul e Blumenau, entre outras.

Governo de SC pede por fechamento de barragens Técnicos tiveram o ao interior da casa de máquinas da barragem para fechar comporta – Foto: Jornal ND/Reprodução

O nível do rio chegou a 9,49 metros por volta das 3h de domingo. Às 15h, estava em 8,49 m. Mas às 20h já estava 9,14 m e poderia ar dos 10 m no decorrer da noite.

Barragem foi construída no rio Hercílio, que deságua no rio Itajaí-Açu, que corta diversas cidades do Estado.

Estrutura da União está abandonada pelos governos desde 2014 7325a

A barragem de José Boiteux começou a ser construída em 1976 e ou a operar em 1992, em demarcações legais de terra indígena Laklãnõ Xokleng. A estrutura pertence à União, mas o governo estadual tem autorização para operá-la.

Desde 2014, após ser desativada por depredação do local, não recebeu mais manutenção dos governos. Quando viu a necessidade de fechar as comportas para diminuir o impacto das enchentes, o governo entrou em ação para uma negociação complexa.

O secretário de Estado de Infraestrutura, Jerry Comper, foi à terra indígena no sábado (7) para negociar os termos, mas não foi possível chegar a um consenso entre as providências solicitadas e a necessidade urgente de fechar a barragem.

Antes da tomada de decisão, o governo chegou a afirmar que não fecharia as comportas da barragem, pois não havia segurança para a manobra nem maquinário para operá-la. Mas Jorginho Mello decidiu fechar duas comportas.

“Temos uma questão indígena a ser avaliada e atendida, mas a barragem precisa ser fechada neste momento, como mais uma alternativa para contenção da água”, afirmou o governador em coletiva no sábado.

Polícia Militar explica que houve confronto pontual 4c1s28

Já mobilizada desde o início da tarde de sábado (7), a comunidade alega ter sido surpreendida pela chegada de equipes de força policial para o cumprimento da decisão judicial.

Já a Defesa Civil, a PM (Polícia Militar) e o Bope (Batalhão de Operações Policiais Especiais) foram recebidos na noite de sábado com barricadas e fogueiras montadas pelos indígenas.

Equipes da PM foram chamadas para garantir o sucesso do acionamento manual para fechar as duas comportas. A Polícia Federal chegou ao local na madrugada de domingo (8).

O comandante geral da PM, coronel Aurélio José Pelozato da Rosa, explica que houve um confronto pontual, com grupo de indígenas, que resultou em dois feridos, mas conseguiram a desocupação.

Atendidos na Unidade Básica José Vicentin depois do confronto, o primeiro paciente foi atingido por um tiro de borracha acima do olho esquerdo. Já o segundo levou um tiro no braço esquerdo.

Ambos foram levados ao Hospital Dr. Waldomiro Collautti, em Ibirama. Pela manhã, um ônibus foi levado até a barragem. Onze famílias residem em área que poderá ser alagada com o fechamento das comportas se o nível continuar a subir.

Governo de SC pede por fechamento de barragens Indígenas deixam a área quando policiais usaram armas não letais para afastá-los – Foto: Jornal ND/Reprodução

Governo se compromete em atender comunidade indígena 40p3o

Em nota, a Apib (Articulação dos Povos Indígenas do Brasil) afirmou que a comunidade indígena entrou em contato com o MPF (Ministério Público Federal) para acordo.

Em ação civil pública, da Justiça Federal, consta no documento “a celebração de acordo entre o cacique-presidente da terra indígena; o prefeito de José Boiteux, Adair Antônio Stolmeier; a Defesa Civil do Estado, na pessoa da Elna Fátima Pires de Oliveira, e o secretário da Infraestrutura e Mobilidade do Estado, Jerry Comper”.

As solicitações envolvem pedido de desobstrução e melhoria das estradas, equipe de atendimento de saúde em postos 24 horas, três barcos para atendimento da comunidade, ônibus para atendimento da comunidade até a cidade, água potável na aldeia e fornecimento de cestas básicas.

Além disso, ficou acordado que como era de conhecimento, após as comportas serem fechadas algumas casas ficariam submersas, por esse motivo serão construídas novas casas para essas famílias, em local seguro e longe do nível do rio.

“Vale salientar que todas as obrigações elencadas no referido acordo decorrem diretamente de necessidades surgidas em razão do acionamento da barragem. A desobstrução das estradas se mostra necessária para que a comunidade possa ter rota de fuga quando a água atingir suas casas, assim como os barcos”, diz o documento.

Jorginho Mello disse que decisão que tomou foi difícil, mas necessária para reduzir impactos

Nas redes sociais, Jorginho novamente disse que a decisão foi difícil, mas foi necessária para minimizar os impactos aos catarinenses causados pela chuva.

“amos o dia analisando criteriosamente as possibilidades. Mas as previsões são de muita chuva, com risco do rio Itajaí-Açu chegar a 14 metros em Rio do Sul, o que será desastroso. Tomamos essa difícil decisão para garantir a segurança das pessoas, em toda a região, inclusive em Blumenau. Essa barragem é a maior do Estado e com capacidade de segurar um grande volume de água. Nosso maior bem é a vida dos catarinenses. E faremos todo o possível para protegê-los”, relata.

Uma decisão do plantão da Justiça Federal, do juiz Vitor Hugo Anderle, posterior à divulgação do governador, autorizou a “utilização e auxílio de suas forças policiais” caso fosse necessário para efetuar a operação das comportas.

Porém, o juiz determinou que o governo deveria “velar para a adoção das medidas necessárias de salvaguarda para a proteção de todos os envolvidos, ouvidos os respectivos agentes de seu corpo técnico”

Horas depois, o juiz proferiu uma segunda decisão, em que informava ter recebido do MPF (Ministério Público Federal) a notícia da celebração de um acordo entre lideranças indígenas, a Prefeitura de José Boiteux e o governo estadual.

Oficial de Justiça levou acordo g2z6s

Segundo o governo, a negociação para o fechamento foi realizada no início de domingo entre o governador Jorginho Mello e o cacique Setembrino Camlém, que fez os pedidos para a liberação da área. A partir do acordo, os policiais se deslocaram para o trabalho em campo.

“Temos imagens que mostram nosso efetivo chegando no local, conversando com o cacique e uma oficial de Justiça lendo o documento. Até então, uma desocupação feita pacificamente. Só que mais ao fim da operação fica um pequeno grupo concentrado na casa de máquinas, onde os policiais precisavam entrar para fazer os reparos”, conta o comandante geral da PM, coronel Aurélio José Pelozato da Rosa

Segundo Pelozato, esse pequeno grupo ficou na casa das máquinas negociando com policiais federais e se negando a desocupar o local.

“Eles tentaram tirar as armas dos policiais, tanto que o comandante da operação entrou em contato com o cacique para esclarecer essa situação. Dois indígenas identificaram esse homem que atacou os policiais e disseram que chamariam a atenção dele, porque descumpria o que foi negociado. Nós usamos, como forma de proteção, armamento não letal. Temos um relatório e vamos esclarecer todo o ocorrido”, relatou.

Técnicos contratados pelo governo precisaram realizar reparos emergenciais na estrutura de conexão da barragem de José Boiteux, no Alto Vale do Itajaí.

Elementos de conexão teriam sido danificados durante confronto com a PM. Depois dos trabalhos de solda, a estrutura foi fechada e a informação confirmada pelo governador na tarde de domingo.

Por volta das 20h, uma equipe do Ministério dos Povos Indígenas, que já acompanhava o acordo desembarcou no Aeroporto de Navegantes e seguiu para José Boiteux. A assessora especial da ministra Sônia Guajajara, Ana Patté, deve chegar nesta segunda-feira (9).

Mais de 30 toneladas de alimentos para indígenas 2946d

No fim da tarde de domingo (8), o governo enviou mais de 30 toneladas de cestas básicas para a comunidade Xokleng Laklãnõ. A logística da entrega foi realizada pela 14ª Brigada de Infantaria Motorizada.

Foram cerca de duas horas e meia de deslocamento até o local da entrega, em apoio à solicitação feita por um ofício da Funai (Fundação Nacional dos Povos Indígenas). Os indígenas teriam se negado a receber os alimentos, que foram deixados em um ginásio na cidade.

Governo de SC envia mais de 30 toneladas de cestas básicas para indígenas em José Boiteux - 14ª Brigada de Infantaria Motorizada/Reprodução ND
1 3
Governo de SC envia mais de 30 toneladas de cestas básicas para indígenas em José Boiteux - 14ª Brigada de Infantaria Motorizada/Reprodução ND
A 14ª Brigada de Infantaria Motorizada se deslocou até a cidade para realizar a entrega, mas os indígenas teriam se negado a receber os mantimentos - 14ª Brigada de Infantaria Motorizada/Reprodução ND
2 3
A 14ª Brigada de Infantaria Motorizada se deslocou até a cidade para realizar a entrega, mas os indígenas teriam se negado a receber os mantimentos - 14ª Brigada de Infantaria Motorizada/Reprodução ND
A 14ª Brigada de Infantaria Motorizada se deslocou até a cidade para realizar a entrega, mas os indígenas teriam se negado a receber os mantimentos - 14ª Brigada de Infantaria Motorizada/Reprodução ND
3 3
A 14ª Brigada de Infantaria Motorizada se deslocou até a cidade para realizar a entrega, mas os indígenas teriam se negado a receber os mantimentos - 14ª Brigada de Infantaria Motorizada/Reprodução ND

Taió e Laurentino enfrentam cheia d416e

Apesar da grande preocupação demonstrada pelo governo do Estado em especial com os municípios de Rio do Sul e Blumenau, no Alto e Médio Vale do Itajaí, cenários já conhecidos das grandes enchentes registradas em solo catarinense, felizmente as previsões mais catastróficas não se concretizaram.

Houve alagamentos pontuais e muitos comércios amargam prejuízos, assim como a população que teve a casa atingida, mas a prevenção e as medidas adotadas minimizaram os impactos e não pegaram ninguém de surpresa.

Assim mesmo, outros municípios da região, caso de Laurentino, que na noite de ontem teve toda a região central tomada pela água, e de Taió, que previa ontem a ocorrência de enchente que pode ser classificada como a maior da sua história, com o nível do rio Itajaí-Açu ultraando outras tragédias históricas, causam preocupação.

FRAME - Taió registrou alagamentos nesta segunda-feira (9) - Corpo de Bombeiros Militar/Reprodução/ND
1 3
FRAME - Taió registrou alagamentos nesta segunda-feira (9) - Corpo de Bombeiros Militar/Reprodução/ND
Chuvas intensas causaram alagamentos, deslizamentos e granizo. Centro de Taió amanheceu alagado na manhã desta segunda-feira (9) - Estela Stange/Arquivo Pessoal/ND
2 3
Chuvas intensas causaram alagamentos, deslizamentos e granizo. Centro de Taió amanheceu alagado na manhã desta segunda-feira (9) - Estela Stange/Arquivo Pessoal/ND
Bombeiros resgatam famílias ilhadas com embarcações em Taió - Corpo de Bombeiros/Divulgação/ND
3 3
Bombeiros resgatam famílias ilhadas com embarcações em Taió - Corpo de Bombeiros/Divulgação/ND

No domingo à noite, o prefeito Horst Alexandre Purnhagen relatou que a situação começou a ficar mais crítica no município nas últimas horas, quando a água começou a subir e atingir os pavimentos superiores das casas, onde os moradores haviam buscado abrigo, forçando muitas famílias a deixarem suas casas.

O município abriu cinco abrigos e acolheu cerca de 100 pessoas, até por volta das 23h30, mas a previsão é de que o número deva aumentar. Nas redes sociais começaram a circular mensagens pedindo ajuda e orações para o município. “Nunca tivemos algo tão severo em um espaço de tempo”.

Participe do grupo e receba as principais notícias
de política na palma da sua mão.
Entre no grupo Ao entrar você está ciente e de acordo com os
termos de uso e privacidade do WhatsApp.
+ Recomendados
+

Política 2d4z3o

Política

Viralizou! Prefeita que dançou forró de biquíni atinge 1 milhão de seguidores nas redes sociais 2c53r

A prefeita Patrícia Alencar (MDB-PA) chamou atenção com um vídeo dançando forró de biquíni no quarto ...

Política

E a vaquinha? Zambelli arrecadou R$ 285 mil antes de fugir, mas STF encontrou R$ 2 mil no banco 6eg43

Fora do Brasil e com prisão definitiva decretada em desfavor da deputada licenciada, o nome de Zambe ...

Política

Mãe morta por cartel de Escobar: quem é o pré-candidato à presidência baleado na Colômbia 412t6l

Pré-candidato baleado na Colômbia é neto do ex-presidente Julio César Turbay Ayala e perdeu a mãe ao ...

Política

‘Está nos arquivos de Epstein’, diz Musk antes de apagar post ligando Trump a escândalo sexual 5791w

Publicação não está mais na página do bilionário, que rompeu publicamente com o presidente dos Estad ...

Política

Fim dos supersalários? Haddad e líderes discutem alternativas ao aumento do IOF 2v6y53

Corte dos supersalários pode ser alternativa encontrada por líderes para substituir o aumento do IOF ...