
A Câmara dos Deputados aprovou nesta quarta-feira (21) o projeto de lei que reajusta o salário dos servidores públicos do Poder Executivo. A proposta teve apoio da maioria: foram 388 votos a favor e 43 contra.
O projeto, enviado pelo governo, vai agora para o Senado. Ele substitui uma medida provisória que perde a validade no dia 2 de junho. Porém, partes do texto original do reajuste de servidores do Executivo foram retiradas, como os trechos que falavam sobre promoções nas carreiras e rearranjo nos cargos.
Esses pontos mais polêmicos serão discutidos separadamente, por um grupo de trabalho que ainda será formado. O deputado Pedro Paulo (PSD-RJ) deve coordenar esse grupo, que terá 45 dias para debater o assunto.

O presidente da Câmara, Hugo Motta, disse que espera que a nova proposta do grupo seja votada ainda no primeiro semestre.
Câmara aprova reajuste de servidores do Executivo 6m5473
Servidores públicos federais que não fecharam acordo ou não participaram de negociações terão reajustes salariais de 9% em 2025 e outros 9% em 2026, conforme texto aprovado pela Câmara. Como a Medida Provisória (MP) dependia da aprovação do Orçamento de 2025, os valores retroativos a janeiro deste ano foram pagos em maio.
Uma das emendas aprovadas evita a inclusão de mais 27 carreiras ou planos de cargos no Sistema de Desenvolvimento na Carreira (Sidec), que estabelece condições para a progressão e promoção em virtude de avaliação de desempenho. O tema será tratado no âmbito de uma reforma istrativa ampla das carreiras.

Para o relator, deputado Luiz Gastão, o reajuste vai atrair e reter talentos na istração pública. Ele defendeu a medida tendo em vista o cenário brasileiro de inflação significativa e de perda do poder de compra do cidadão. “A grande maioria dos servidores beneficiados pela proposição recebem remuneração razoável, muito distante daquelas que alcançam o teto do funcionalismo público”, disse.
Gastão afirmou que a proposta de reajuste de servidores do Executivo promoverá a racionalização, a simplificação e a padronização das diferentes carreiras e de sua estrutura remuneratória. Além disso, na opinião do relator, o texto dará mais eficiência no uso de recursos públicos com aperfeiçoamento da estrutura do Executivo. “As novas carreiras irão suprir áreas estratégicas nas quais não há pessoal específico para a sua ocupação”, informou.
Serviço público 4n6r4p
O deputado Rogério Correia (PT-MG) ressaltou que o presidente Lula, ao iniciar o governo, encontrou o serviço público em um cenário de “terra arrasada”. Correia lembrou que, além da falta de reajuste e de concurso público, havia possibilidade de uma reforma istrativa (PEC 32/20) na gestão de Jair Bolsonaro. “Em pouco tempo de governo Lula, a privataria acabou e o serviço público voltou”, disse.
A deputada Alice Portugal (PCdoB-BA), coordenadora da Frente Parlamentar Mista em Defesa do Serviço Público, elogiou a atuação do governo na negociação da proposta, mas afirmou que ainda há imperfeições das negociações das categorias com o Executivo federal. “É preciso resolver o problema da progressão da carreira dos servidores técnico-istrativos das universidades”, citou.
Reajuste de servidores do Executivo: novas negociações 124c5m
O presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), afirmou há compromisso de um grupo de trabalho no Executivo debater reajustes e reestruturação de carreiras não contempladas no texto. “Houve um compromisso do governo para encaminhar o grupo de trabalho para que as categorias sem acordo no texto tivessem a garantia da negociação”, disse, ao responder questionamento da deputada Laura Carneiro (PSD-RJ).
Ela criticou o fato de médicos e veterinários das instituições de ensino não receberem o mesmo dos de outros órgãos. “Não faz sentido um aumento menor para médicos que fazem a mesma coisa e têm a mesma função que médicos do Ibama e do Dnit”, disse Laura Carneiro sobre o reajuste de servidores do Executivo.

O líder do governo, deputado José Guimarães (PT-CE), defendeu nova rodada de negociações para as categorias que ficaram de fora. “Além dos médicos e veterinários, há outras categorias com diferenciação salarial, e é importante que elas sejam avaliadas. Vamos fazer um grupo de trabalho no Executivo para discutirmos e me comprometo a buscar solução para essas categorias e para outras que ficaram fora”, afirmou.
Guimarães disse que haverá reunião com a ministra da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos, Esther Dweck, na próxima terça-feira (28).
Para o líder do PDT, deputado Mário Heringer (PDT-MG), porém, o acordo pode não resultar em melhorias efetivas para as carreiras. “Esse acordo é uma procrastinação que os médicos, veterinários e funcionários da cultura precisam. Quando se monta um acordo desses, já vi isso várias vezes, o futuro fica para ‘o futuro do futuro’ e as coisas não acontecem”, disse.
José Guimarães respondeu que fará todo esforço para cumprir o compromisso do grupo de trabalho no governo.
Críticas sobre o reajuste de servidores do Executivo 6323y
Deputados da oposição lembraram o esquema de cobrança de mensalidades descontadas dos benefícios de aposentados e de pensionistas sem autorização para se posicionar contra a proposta. Os desvios, entre os anos de 2019 e 2024, são estimados em R$ 6,3 milhões. “Nada contra serviço público, mas não estamos em condições de investir bilhões de reais no momento em que existe um escândalo envolvendo o INSS”, disse o líder da oposição, deputado Zucco (PL-RS).
Maior partido contrário ao governo, o PL decidiu, porém, não ir contra o texto. “Os reajustes estão dentro da normalidade, então retiramos os requerimentos de obstrução”, disse o deputado Bibo Nunes (PL-RS).
Segundo o deputado Zé Trovão (PL-SC), a máquina pública brasileira é pesada e cara, e a proposta não tem garantias de controles de gastos. “Uma discussão que não vai beneficiar o servidor público, porque este governo não tem responsabilidade fiscal e, em breve, vai deixar milhares de servidores sem salário”, disse.
O deputado Gilson Marques (Novo-SC) criticou a destinação dos tributos pagos pelos trabalhadores de todo o País para o aumento da estrutura estatal. “Dos 30 países que mais cobram tributos no mundo, o Brasil é o pior na relação custo-benefício”, afirmou.
Marques lembrou que a estimativa de impacto orçamentário da proposta de reajuste de servidores do Executivo para 2026 (R$ 26,7 milhões) é próxima à isenção do Imposto de Renda para quem ganha menos de R$ 5 mil.
O líder do Novo, deputado Marcel van Hattem (Novo-RS), criticou a criação de 1.955 cargos em comissão previstos no projeto. “Para ter uma ideia, o STF [Supremo Tribunal Federal] inteiro tem 1.200, a realeza britânica tem 1.100 funcionários. Isso é um absurdo”, declarou.
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Cerca de 50 servidores acompanharam a votação da proposta de reajuste de servidores do Executivo nas galerias do Plenário, alguns deles com faixa defendendo a carreira de Analista Técnico de Políticas Sociais (ATPS), focada em desenvolver e implementar políticas sociais.