A prisão preventiva de Clésio Salvaro (PSD) na segunda fase da Operação Caronte jogou lenha, muita lenha, em uma fogueira que já estava acesa. Nesta terça-feira, o Grupo ND promove o primeiro debate entre os candidatos a prefeito de Criciúma, transmitido pelo ND Mais, após o início da propaganda eleitoral em rádio e televisão, o que já tinha esquentado a polarização anunciada entre o deputado federal Ricardo Guidi (PL) e o ex-secretário municipal Vaguinho Espíndola (PSD).
O prefeito Clésio Salvaro é o principal cabo eleitoral de Vaguinho Espíndola e chegou a se licenciar da campanha para fortalecer a campanha de rua e gravar programas de rádio e televisão – Foto: Divulgação/NDNos últimos dias, as candidaturas do PL e do PSD travaram uma disputa jurídica sobre a participação de Clésio Salvaro nos horários eleitorais de Vaguinho. O juiz eleitoral Sergio Renato Domingos acatou a argumentação da campanha de Ricardo Guidi de que a presença do prefeito como cabo eleitoral nos horário eleitoral gratuito excedia o 25% do tempo estabelecidos pela legislação.
A reação da candidatura governista foi reagir, também no horário eleitoral, dizendo que Guidi queria tirar Clésio da campanha. Nesta terça-feira, dia do debate, foi o Judiciário que tirou o prefeito criciumense da campanha.
Clésio Salvaro culpa governador pela prisão preventiva 142z5e
Denunciado pelo Ministério Público de Santa Catarina (MP-SC) como suposto integrante de um esquema para beneficiar empresários na prestação de serviços funerários na cidade, Salvaro teve a prisão decretada pela desembargadora Chintia Bittencourt Schaefer – responsável também pelas prisões de prefeitos na Operação Mensageira e recentemente convidada pelo governador Jorginho Mello (PL) para assumir a Secretaria de istração Prisional e Socioeducativa.
Salvaro reagiu à prisão preventiva com um vídeo em que vincula a decisão ao processo político em Criciúma e culpa diretamente o governador. Ele disse, textualmente: “Não adianta Jorginho, usar a tua força, porque tu vais perder essa eleição aqui”.
Prisão de Clésio Salvaro deve ser tema do debate ND Mais 2z136i
A Operação Caronte ainda não havia entrado com força no debate eleitoral criciumense. A popularidade inegável do prefeito vinha blindando ele e Vaguinho. Em 2016 e 2020, Salvaro foi eleito e reeleito com 75,8% e 72,3% dos votos. É o terceiro mandato dele como prefeito desde 2008 – foram quatro vitórias consecutivas, considerando que ele foi o mais votado em 2012, mas não assumiu por estar inelegível.
Com o tom dado por Salvaro em suas redes sociais, culpando Jorginho e supostos interesses eleitorais por sua prisão preventiva, é certo imaginar que Vaguinho vai adotar a mesma postura no embate com Ricardo Guidi – que deve se sentir liberado para abordar o assunto com maior veemência.
Certo é que existem duas Criciúmas neste momento: a do prefeito extremamente popular e bem avaliado e a do prefeito preso preventivamente por indícios de corrupção. Ambos se chamam Clésio Salvaro. O debate desta noite deve ajudar a pontuar qual versão vai prevalecer eleitoralmente em 2024.
PSD estadual reage em nota oficial 5t6i3v
A disputa em Criciúma e a consolidação da liderança regional de Clésio Salvaro fazem parte das principais apostas do PSD estadual. O partido reagiu à prisão do prefeito, em que aponta, em tom mais cautelo, receio com a politização do processo.
“O PSD de Santa Catarina e o PSD de Criciúma acompanham com atenção a prisão de um dos seus grandes líderes, Prefeito Clésio Salvaro, com uma istração muito bem avaliada pela população. O ato ocorre faltando poucos dias para a eleição municipal. Não queremos crer em qualquer interferência política nesta decisão, o Partido aguarda e confia na justiça em todas suas instâncias”.
