Deprimido e isolado: relatos de testemunhas mostram lado pouco conhecido de Bolsonaro 294m5a

Aliados descrevem Bolsonaro como emocionalmente abalado após eleições; ex-presidente será interrogado na próxima semana 3m454m

Testemunhas de BolsonaroTestemunhas de Bolsonaro retrataram como o ex-presidente reagiu com o resultado das eleições em 2022 – Foto: Tânia Rego/Agência Brasil/Arquivo

Na fase final das audiências no STF (Supremo Tribunal Federal), o processo que investiga uma possível tentativa de golpe por parte do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) revelou um lado pouco conhecido dele.

De acordo com aliados, Bolsonaro ou por um estado de isolamento e abatimento após o resultado das urnas – comportamento que, para alguns, ajudaria a afastá-lo da imagem de líder de um plano de golpe de estado.

Na segunda-feira (2), o ministro Alexandre de Moraes, relator do caso, comandou a última audiência para ouvir testemunhas de defesa e acusação. Com isso, o processo avança para a próxima fase: a partir do dia 9, Bolsonaro e os outros sete réus, entre civis e militares, serão interrogados.

Reclusão e problemas de saúde 4g2i58

Entre os depoimentos colhidos nos últimos dias, testemunhas de Bolsonaro relataram que o ex-presidente enfrentou um período de “conturbado” emocionalmente em 2022.

Segundo Wagner Rosário (ex-Controladoria-Geral da União), e o ex-ministro Rogério Marinho, o ex-presidente apresentou problemas de saúde.

Testemunhas de Bolsonaro disseram que ex-presidente ficou recluso – Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência BrasilTestemunhas de Bolsonaro disseram que ex-presidente ficou recluso – Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil

A versão foi reforçada por outros aliados, como o ex-vice-presidente e hoje senador Hamilton Mourão (Republicanos-RS), que disse que Bolsonaro estava “abatido” após as eleições.

Já o ex-ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira, e o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas negaram qualquer participação ou discussão sobre a suposta tentativa de golpe.

“Em hipótese alguma esse tema foi tratado. Não participei de nenhuma reunião nesse sentido”, afirmou Ciro.

O que disseram as testemunhas de acusação 926m

As testemunhas de Bolsonaro chamadas pela PGR confirmaram que ele conversou com elas sobre a possibilidade de uma intervenção militar no país. Algumas das testemunhas são o general Marco Antônio Freire Gomes, ex-comandante do Exército, e Carlos de Almeida Baptista Júnior, ex-chefe da Aeronáutica.

Os dois relataram que participaram de reuniões em que Bolsonaro falou sobre a possibilidade de continuar no poder depois do fim do mandato, em encontros feitos entre o ex-presidente e os comandantes das Forças Armadas.

Acusação: testemunhas de Bolsonaro, Marco Antonio Freire Gomes e Carlos de Almeida Baptista Júnior – Foto: freire gomes e batista júniorAcusação: testemunhas de Bolsonaro, Marco Antonio Freire Gomes e Carlos de Almeida Baptista Júnior – Foto: freire gomes e batista júnior

Freire Gomes e Baptista Júnior disseram que barraram qualquer plano de ruptura institucional, deixando claro que não apoiavam nenhum tipo de golpe. Porém, eles discordaram em alguns detalhes, como a existência de uma “ordem de prisão” que teria sido dada pelo ex-comandante ao ex-presidente.

Segundo Freire Gomes, a tal “ordem de prisão” não aconteceu, mas Baptista Júnior sustentou em seu depoimento que ouviu o general alertar Bolsonaro sobre a possibilidade de prisão em caso de tentativa de golpe. O ex-comandante chegou a ser alertado por Moraes sobre a contradição com o que havia dito antes à PF (Polícia Federal).

Próximos os 2i6b56

Depois do interrogatório dos réus, que acontece na próxima semana, a PGR e os advogados poderão pedir novas investigações e depoimentos, dependendo do que for dito pelas testemunhas e pelos próprios réus.

Geralmente, para que essas medidas extras sejam feitas, é preciso que apareçam novos fatos que justifiquem essa necessidade.

Após encerramento da fase de testemunhas de Bolsonaro, agora ex-presidente será interrogado – Foto: Tânia Rêgo/Agência BrasilApós encerramento da fase de testemunhas de Bolsonaro, agora ex-presidente será interrogado – Foto: Tânia Rêgo/Agência Brasil

Caso não haja novos fatos a serem apurados, a tendência é de que o relator abra prazo para as alegações finais das partes, em que devem ser apresentadas as últimas versões sobre os fatos tanto de acusação como de defesa.

Recebidas essas últimas manifestações, Moraes deverá preparar seu voto sobre a condenação ou a absolvição dos réus e, em seguida, liberar a ação penal para julgamento também pelos demais quatro ministros que compõem a Primeira Turma do Supremo: Cármen Lúcia, Cristiano Zanin, Flávio Dino e Luiz Fux.

Núcleo 1 286d4q

A ação penal 2668 tem como alvo os oito réus tidos como “núcleo crucial” do golpe, o Núcleo 1, apontados pela PGR como os líderes do complô golpista. São eles:

  • Jair Bolsonaro, ex-presidente da República;
  • Walter Braga Netto, general, ex-ministro e vice de Bolsonaro na chapa das eleições de 2022;
  • Augusto Heleno, general, ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional;
  • Alexandre Ramagem, ex-diretor da Agência Brasileira de Inteligência – Abin;
  • Anderson Torres, ex-ministro da Justiça e ex-secretário de segurança do Distrito Federal;
  • Almir Garnier, ex-comandante da Marinha;
  • Paulo Sérgio Nogueira, general e ex-ministro da Defesa;
  • Mauro Cid, tenente-coronel, delator e ex-ajudante de ordens de Bolsonaro.
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