Três dias após o primeiro turno das eleições para escolher o novo presidente da República, senadores, governadores e deputados federais e estaduais, muitas análises e observações sobre o cenário político já puderam ser feitas.

Itajaí, no Litoral Norte, chamou a atenção pela ausência de representatividade entre os candidatos a deputados eleitos. A cidade elegeu Jorge Goetten (PL) para deputado federal, mas nenhum candidato a deputado estadual.
Nascido em Taió, Jorge mora e atua como empresário em Itajaí. O candidato foi o terceiro deputado federal mais votado em Santa Catarina.
O município também tinha como candidato à Câmara dos Deputados Marcio Gonçalves (UB), o Dedé. Ele foi o mais votado em Itajaí, com 20 mil votos, mas não se elegeu.
Já Marcelo Werner (PSC), conquistou 17.339 votos na cidade, contudo, não foi eleito.
Osmar Teixeira (Solidariedade), Thiago Morastoni (Podemos) e Anna Carolina Martins (PSDB) se candidataram a deputados estaduais, porém não conseguiram garantir seu espaço na Assembleia Legislativa do Estado de Santa Catarina (Alesc).
Mas o que explica uma cidade do porte de Itajaí não conquistar um espaço no legislativo estadual? Conversamos com Arilton Freres, sociólogo e diretor do Instituto Opinião sobre o tema.
Arilton explica que as eleições em Itajaí seguiram uma tendência até certo ponto esperada, com uma expressiva votação no presidente Jair Bolsonaro (PL) e em seus aliados.
A polarização foi uma tendência nacional, ainda que no estado apresente um perfil mais catarinense: Bolsonaro e seus aliados vitoriosos de forma bastante forte e candidatos do PT, apesar de em segundo, tendo uma participação mais modesta.
Esse processo também impacto a não eleição de candidatos locais. “A lógica do voto majoritário acabou contaminando o voto mais local e assim pulverizando os votos na eleição proporcional, o que acabou gerando a não eleição de um candidato da cidade”, explica o sociólogo.
De acordo com Arilton, a forte representação das cidades nos legislativos tem se mostrado cada vez mais importante.
“É de lá que saem as soluções para grandes problemas e muitas vezes recursos para projetos estruturantes. Não ter um representante da cidade sem dúvida enfraquece o município na hora de tratar desses temas”, esclarece.
Porém, a falta de deputados eleitos pode não se repetir nas próximas eleições. Movimentações de setores da cidade podem auxiliar nesse processo de retomada da representação política.
“Itajaí é uma cidade com uma economia forte, estratégica para Santa Catarina e para o Brasil. Acredito que precisa de mais união de todos os setores na busca para formar e fortalecer lideranças para reverter isso nas próximas eleições. Talvez seja importante uma campanha para que os eleitores votem em candidatos a deputado da cidade, e assim a eleição seja alcançada com mais facilidade em 2026”, finaliza o sociólogo.
Na região do Litoral Norte, a candidata Paulinha (Podemos), de Bombinhas, conquistou a reeleição para o cargo de deputada estadual. Já Carlos Humberto (PL), até então vice-prefeito de Balneário Camboriú, terá sua primeira experiência no cargo.
A deputada estadual mais votada em Santa Catarina, Ana Campagnolo (PL), é nascida em Itajaí, porém tem sua atuação e eleitorado focado no oeste do estado.
Para o Senado Federal, o candidato Jorge Seif (PL), com atuação em Itajaí, foi o mais votado, com mais de 1,4 milhão de votos.