A “canetada” do prefeito Clésio Salvaro (Criciúma) estabelecendo o “lockdown voluntário” não é fato isolado para quem acompanha a carreira do político. Desde sempre ele tem tomado atitudes de enfrentamento ao que considera privilégios dos servidores públicos, por vezes avançando em questões polêmicas, bem mais do que ocorreu agora. Esta ação é um misto de postura istrativa e estratégia política, que já lhe rendeu frutos em eleições adas. A curiosidade dos que o rodeiam, agora, é saber se a nova ação lhe dará visibilidade para figurar entre os nomes de uma possível chapa majoritária estadual em 2022.

Não se pode dizer que a ideia do “lockdown voluntário” tenha tido esta intenção, assim como não se pode negar que ela esteja dissociada de outras tantas que definem o perfil de opositor ao movimento sindical, por exemplo. Para ascender na carreira política ele apoiou-se num confronto extremo com o ex-governador e ex-prefeito de Criciúma, Eduardo Pinho Moreira.
Salvaro sempre levou ao pé da letra os ensinamentos de que em eleição não se cuida apenas dos aliados, mas principalmente se escolhe os adversários. A rejeição de adversários é facilmente transformada em adesão à sua proposta. Desde que Bolsonaro obteve 81 por cento dos votos em Criciúma, o prefeito não se posicionou como um aliado do presidente, mas sim um adversário dos mesmos adversários dele. Estratégia que contribuiu para os seus 72 por cento de votos na reeleição, o que repetiu a de 2016, quando obteve 76 por cento, o que proporcionalmente significa praticamente a mesma coisa se levado em conta o número de adversários.
Desde a decretação do “lockdown voluntário” ele não para de receber solicitações de entrevistas e vê seu nome em sites e grupos de redes sociais de todo o país. Nesta segunda-feira às 22h35min concederá uma das entrevistas mais importantes, será para o jornalista Moacir Pereira no programa “Conexão ND” da Record News.
O prefeito de Criciúma tem um problema para declarar-se no páreo em 2022. Trata-se do seu vice-prefeito. Na campanha eleitoral seus adversários chegaram a tocar no que o consenso local considera um ponto nevrálgico. A candidatura do MDB chegou a explorar o fato de que Salvaro se elegeria para dois anos de mandado e deixaria seu vice Ricardo Fabris na segunda parte do mandato. Isso no entendimento dos marqueteiros dos adversários era argumento para fragilizar o prefeito. Não funcionou. Além disso, um dia após a eleição Salvaro disse que havia sido eleito para istrar por quatro anos, colocando fim à série de especulações. Debate que agora é retomado.