O federalismo brasileiro está na UTI. Prevalece há muito tempo e com radicalização cada vez mais acentuada o centralismo em Brasilia. Uma deturpação que começou com o governo FHC, criando taxas e tributos que só enchem os cofres do Tesouro, sem divisão com Estados e Municípios como manda a Constituição.
Além da questão tributária, o esvaziamento das unidades federadas se acentuou nos últimos anos com a comunicação digital. Os eleitores e contribuintes em geral comunicam-se muito mais pelo celular do que pelas visitas, reuniões e encontros produtivos para a coletividade.
O melhor exemplo a comprovar a importância do poder local e da força das comunidades sobre o centralismo federal veio agora de Nova Roma do Sul, município situado na serra gaúcha a 48 km de Caxias do Sul.
A ponte sobre o rio das Antas, que liga a cidade a Farroupilha, foi destruída pelas enchentes do ano ado. O governo gaúcho fez os estudos para a construção da nova ligação, estimando seu custo entre 20 e 25 milhões de reais. E com prazo para conclusão em 2025 ou 2026.
As duas comunidades, de descendência italiana, resolveram agir por conta própria. Fizeram inúmeros eventos para arrecadação de recursos. E no último final de semana inauguraram a nova ponte, com estrutura metálica, ao custo de apenas 6 milhões de reais. Em 130 dias apenas.
A simbologia da inauguração, no último fim de semana, foi emocionante. Os líderes do movimento de arrecadação dentro de uma camionete 1964, com um cabo puxado por centenas de famílias. Num clima de festa, tocando acordeão e todos, cantando, empolgados.
O segundo carro, conduzindo a imagem de Nossa Senhora do Caravaggio, que dá nome à ligação Nova Roma do Sul-Farroupilha.
Se o exemplo dos italianos gaúchos fosse adotado em todos os municípios, a população daria um tiro mortal nos centralismos e na corrupção.
*