O voto e o crime 4e184n

Pior que a mentira deslavada, que todos percebem, é a mentira disfarçada de informação, camuflada como se fato fosse 335m6l

Desde a antiga Grécia – se atribui a Ésquilo – diz-se que na guerra, a primeira vítima é a verdade. Pois é o que estamos vendo, cada vez mais, à medida em que se aproxima o dia decisivo, na guerra eleitoral.  A verdade é vitimada todos os dias. No debate na Band, foi uma enxurrada de mentiras.

A mitomania está em seu ponto alto. Pior que a mentira deslavada, que todos percebem, é a mentira disfarçada de informação, camuflada como se fato fosse. César Maia criou o verbete factóide: tem forma de fato, mas não é fato; é o fato deformado, adulterado, para enganar quem simplesmente o engole ivamente, sem verificar se está engolindo informação envenenada.

Urnas eletrônicas – Foto: Antonio Augusto/Ascom/TSE/NDUrnas eletrônicas – Foto: Antonio Augusto/Ascom/TSE/ND

O TSE fez campanhas contra isso mas, como estamos vendo, não tiveram efeito desejado. Já participei de 24 eleições e vi muitas outras, desde 1945 – a primeira depois da ditadura. Mas nunca encontrei tanto baixo nível como agora. Portanto, as campanhas da Justiça Eleitoral não deram resultado, anuladas pela alta temperatura emocional da campanha. Além disso, o TSE vem sendo mobilizado pelos partidos todos os dias, não apenas contra calúnias, injúrias e difamações, mas contra fatos do ado e do presente. E a Justiça apressada acaba fazendo censura, o que é proibido pela Constituição, no art. 220. Por exemplo, na informação jornalística dos cumprimentos do ditador Ortega a Lula, que é notícia e não fakenews; ou o caso de um documentário da Brasil Paralelo.

Agora o baixo nível desceu mais, com os tiros contra o veículo do candidato Tarcísio em Paraisópolis, São Paulo. Se foi atentado planejado – e já estavam prevenidos para isso, ante indícios – ou bloqueio para não entrar, não importa; acaso é que não foi. Não foi o caso de um tiroteio em que o candidato decidiu intrometer-se entre dois fogos. O fato é que se o veículo não fosse blindado, Tarcísio poderia estar ferido ou morto. O episódio faz lembrar do 6 de setembro de 2018, quando Adélio Bispo enfiou uma faca na barriga do candidato Bolsonaro, que só sobreviveu porque foi atendido imediatamente por cirurgiões competentes da Santa Casa.

O triste é que o fato de Paraisópolis, que impediu a entrada do candidato ao governo de São Paulo se junta ao do complexo do Alemão, visitado pelo candidato à presidência, Lula, dias antes. Revela a existência de territórios dominados pelo crime, em que a lei brasileira não entra. O Ministro Fachin e o Supremo contribuíram para agravar isso, ao impedir a entrada da polícia em tempos de pandemia. São santuários do crime, territórios “liberados”, em que o poder criminoso permite a entrada de um candidato e bloqueia a entrada de outro. Quer dizer, é o crime participando ativamente da campanha eleitoral. Isso levanta uma terrível pergunta: tem a Justiça Eleitoral o poder de garantir voto livre aos eleitores que moram nessas comunidades dominadas pelo crime? Ou lhes será imposto o candidato que interessa às organizações criminosas?

Participe do grupo e receba as principais notícias
de política na palma da sua mão.
Entre no grupo Ao entrar você está ciente e de acordo com os
termos de uso e privacidade do WhatsApp.
+ Recomendados
+

Eleições 2022 1i2a2o

Eleições 2022

STF decide que Bolsonaro responderá por tentativa de golpe 1h5q4w

A Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu aceitar a denúncia contra o ex-presidente ...

Eleições 2022

Moradores do Alto Vale viram réus por atos após eleições de 2022 que bloquearam rodovia 2g716p

O STF aceitou a denúncia contra 9 pessoas acusadas pelos atos que causaram o bloqueio da BR-470 após ...

Eleições 2022

Moradores do Alto Vale viram réus por bloquearem rodovia 5w6kx

O Supremo Tribunal Federal - STF, aceitou a denúncia contra 9 pessoas acusadas pelos atos que causar ...

Eleições 2022

CCJ da Câmara debate PL de anistia aos envolvidos nos atos contra os resultados das eleições de 2022 3p726m

A Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara dos Deputados realiza um debate sobre o projeto ...

Eleições 2022

Voto impresso auditável: o que está em jogo para as próximas eleições 634i2m

Paulo Alceu: "as mudanças nas leis, que estão se tornando frequentes no STF, além de produzirem inst ...