Projeto de castração química de estuprador é inconstitucional, afirmam advogados 2l6a60

Professores e especialistas também questionam eficácia da medida 146l6f

O projeto de lei do senador Styvenson Valentim (Podemos-RN) que prevê a castração química voluntária para condenados reincidentes por crimes de estupro e importunação sexual é inconstitucional e desrespeita os direitos humanos, segundo avaliação de advogados e especialistas na área.

Pela proposta apresentada, o condenado que aceitar esse tratamento receberia a liberdade condicional. O texto aguarda parecer na Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania.

Senador Styvenson Valentim, do Podemos (RN) – Agência Senado / DivulgaçãoSenador Styvenson Valentim, do Podemos (RN) – Agência Senado / Divulgação

Leia também p6jx

“O projeto tem vários problemas de caráter constitucional e até de direitos humanos, essa ideia de punições eternas, que impõe a perda de uma condição humana fere o compromisso universal com a dignidade”, avalia Mônica Sapucaia Machado, professora da EDB (Escola de Direito do Brasil), especialista em compliance de gênero.

Ela assinala que a violência não é necessariamente praticada com a utilização do órgão sexual.

“Existe um erro crasso nesse projeto que é entender que a violência sexual se restringe ao ato sexual. O abuso sexual está relacionado aos atos forçosos sobre a dignidade sexual de outrem, podendo ser feitos das mais diversas formas. Liberar um agressor apenas porque ele aceitou perder a função do órgão sexual não protege ninguém, apenas desumaniza o agressor”, diz.

Também professor da EDB, o criminalista João Paulo Martinelli questiona a eficácia do projeto e defende uma ampla discussão sobre o assunto.

“É necessário, além da constitucionalidade, debater se a medida proposta é eficaz para diminuir as causas dos crimes sexuais. Além disso, os crimes sexuais possuem também causas de ordem cultural, como a ideia machista de que a mulher é propriedade do homem”, argumenta Martinelli.

Ela alerta ainda que o projeto faz referência a países que adotaram a castração química, mas não explica como foi o processo e se houve o efeito desejado. “É preciso estudar e debater muito”, diz

Adib Abdouni, criminalista e constitucionalista, classifica como cruel a sanção penal prevista pelo projeto.

“A proposta ostenta contornos de imoderação e contraria o conceito de proporcionalidade. Também viola direitos e garantias fundamentais previstos no texto constitucional, que asseguram ao infrator da lei penal o respeito à sua integridade física e moral. A Constituição veda a instituição de sanção penal de caráter cruel”, afirma.

Participe do grupo e receba as principais notícias
de política na palma da sua mão.
Entre no grupo Ao entrar você está ciente e de acordo com os
termos de uso e privacidade do WhatsApp.
+ Recomendados
+

Política 2d4z3o

Política

Carla Zambelli deixa o Brasil e diz que vai pedir afastamento do cargo de deputada v2j2x

A saída ocorre dias após Carla Zambelli ser condenada pelo STF a 10 anos de prisão e à perda do man ...

Política

Reajuste para servidores federais é sancionado por Lula com impacto bilionário c5857

O projeto, enviado ao Congresso em regime de urgência constitucional, prevê um impacto fiscal de R$ ...

Política

Falta de estimativa de custos trava votação sobre câmeras em creches de Criciúma 2a70s

Estudo de impacto financeiro deve ser contratado pela Câmara para destravar votação

Política

A corrida silenciosa pelo Senado: entenda a preocupação de Lula com 2026 3df4v

A possível maioria bolsonarista no Senado em 2026 acende o alerta no Planalto: entenda o que está em ...