Florianópolis é um dos principais campos de batalha partidários nas eleições municipais deste ano em Santa Catarina não apenas por ser a Capital do Estado. Na maior parte das maiores cidades catarinenses, o PL do governador Jorginho Mello terá como adversário o PSD, mas não por aqui.

A capital será palco de uma aliança direta entre os partidos, por iniciativa do prefeito Topázio Neto (PSD), que enfrentou a tese da cúpula estadual liderada por Eron Giordani de que era melhor estar distante da polarização nacional entre direita e esquerda. No entorno de Topázio a avaliação é de que o mais importante é tirar o 22 da urna.
Esse conceito e a forte aproximação de Topázio com Jorginho, ressaltada na parceria em obras como alargamento da praia de Jurerê e a implantação do Multihospital, teve efeitos diretos na composição da disputa que se apresenta em Florianópolis este ano.

Na última quarta-feira, o ex-prefeito Gean Loureiro (União Brasil) anunciou a decisão, aprovada na executiva municipal do União Brasil, de não apoiar o colega de chapa de 2020. Na época, Gean pinçou o pouco conhecido Topázio como vice e substituto quando renunciasse ao cargo para concorrer a governador.
Depois da derrota de Gean, quarto colocado na disputa vencida por Jorginho, a relação nunca mais foi a mesma. O ex-prefeito tentou emplacar aliados, sem sucesso. Tentou direcionar estratégias, sem ser ouvido. A aproximação com Jorginho é o fato mais evidente dessa mudança de prioridade de parceria política, mas não é a única.
A reconstrução do MDB de Florianópolis, pelas mãos do presidente da Câmara, João Cobalchini, deu a Topázio uma nova alternativa de eixo político. O prefeito criou uma relação com a Câmara e os partidos que independem de Gean Loureiro – que sempre operou com maestria essas relações em Florianópolis.
Foi nesse contexto que o ex-prefeito fez as últimas duas exigências a Topázio para manter a aliança: ser o candidato único da prefeitura a deputado estadual em 2026 e o sucessor do prefeito em 2028. O novo cenário construído por Topázio e seu entorno, ligado ao PL de Jorginho e ao MDB de Cobalchini, no entanto, impediam esse compromisso.
O cenário após o rompimento político de Gean e Topázio é de indiferença calculada, desdém coreografado. Na festa de aniversário do vereador Josimar Pereira, o Mamá (União Brasil), no sábado, ambos estavam presentes.
Nos próximos dias, um jogo de xadrez estará em curso pelo apoio oficial do União Brasil. Os três vereadores de Florianópolis e os três deputados estaduais do partido foram na contramão de Gean e anunciaram publicamente o desejo de que a legenda esteja na coligação da reeleição de Topázio.
A conversa certamente chegará à direção nacional e estadual. Nas duas esferas, o PSD é parceiro natural. O desenrolar dessas articulações será fundamental para que se saiba se o apoio de Gean a outra candidatura – que pode ser ao ex-prefeito e ex-senador Dário Berger (PSDB) ou o ex-vereador Pedrão Silvestre (PP) – será F ou CNPJ. E quanto antigos aliados Gean conseguirá desgrudar da aliança com o atual prefeito para uma aventura em outro palanque.