Muitas são as dúvidas sobre a retomada do sexo no pós-parto, afinal, crenças e mitos permeiam o imaginário sobre o exercício da sexualidade após o nascimento.
O retorno às vivências sexuais no pós-parto é individual, ou seja, vai variar de mulher para mulher. Logo, algumas vão se sentir prontas para retomar o sexo logo após o parto e outras vão precisar de mais tempo para se recuperar fisicamente e emocionalmente.

Gravidez, pós-parto e amamentação são momentos do ciclo de vida da mulher que a levam, além de mudanças corporais, emocionais, a impactos na sexualidade.
O que os casais devem saber quando o assunto é sexo pós-parto? 324q48
Esta transição da conjugalidade para a parentalidade, ou seja, quando o casal vira família, gera mudanças no corpo da mulher, mudanças de prioridades, mudanças de valores… Instalam-se ansiedades, inseguranças e a exaustão física e mental.
As mudanças começam a acontecer já na gestação, com a modificações físicas e emocionais. É na gravidez que as incertezas e angústias, aliadas às alegrias e expectativas, começam a aparecer.
A gravidez altera também o padrão de relacionamento sexual. Cada mulher, cada casal vai lidar com suas realidades e fantasias. Não existe uma regra, há casais que tem restrições médicas enquanto outros em que a libido e a atividade sexual estão lá em cima.
Importante é sempre observar a intimidade sexual. Com ou sem restrições deve-se ter cuidado com os afetos, o toque, o carinho, o companheirismo, beijos e abraços… Atividade sexual não se restringe à penetração!
A depender do parto podem existir implicações físicas e emocionais. Algumas mulheres am por dores decorrentes do parto cesareana ou da episiotomia, corte no períneo que pode se feito no parto vaginal.
Há ainda os impactos emocionais caso o parto tenha sido difícil ou traumático. É preciso retomar a autoconfiança, é preciso se reconhecer para, então, diminuir o interferência que as alterações emocionais podem causar na sexualidade da mulher.
Sensações sexuais podem acontecer na amamentação, por exemplo. A sucção do leite pelo bebê pode trazer sensações eróticas. As mamas são zonas erógenas capazes de gerar prazer sexual. Muitas mulheres sofrem com este conflito. Compreenda que o prazer se dá pela estimulação e não desejo sexual pelo bebê.
E se você não tem desejo sexual amamentando também está tudo bem. Lembra que cada mulher tem seu funcionamento? Quando a mulher está amamentando acontece a queda do estrogênio (hormônio responsável pelo desejo sexual) e o aumento da prolactina, que inibe o desejo e interfere na lubrificação. A culpa é dos hormônios? Sim e não.
Explico: os dois hormônios interferem na vida sexual (sem desejo e sem lubrificação). Logo, a interferência acontece, mas não é determinante. Se vocês quiserem podem ter uma vida sexual prazerosa nessa fase da vida, com a estimulação correta para você. O uso de lubrificantes é bem-vindo.
Em meus atendimentos clínicos e no portal Sexo sem Dúvida, junto às leituras de artigos científicos, evidencio que mulheres que já lidam melhor com a própria sexualidade antes da maternidade vivenciam de forma mais positiva as mudanças que ocorrem. E muitas têm desejo sexual e vida sexual na gestação, pós-parto e amamentação.
É um processo que a pelo reconhecimento do novo corpo e da nova história de vida. As alterações corporais vividas no pós-parto podem interferir na sexualidade. O corpo a a ter uma nova história para contar. Mas atenção, a insatisfação com o novo corpo vai interferir na entrega sexual.
E, ainda, as alterações acontecidas após o parto tendem a desencadear mudanças subjetivas e interpessoais. Transforma a filha em mãe, modifica a imagem corporal, ressignifica a sexualidade e a própria maternidade.
É verdade, há algumas dificuldades em retornar à vida sexual após o parto. Seja pelos cuidados com o bebê que desgastam a mulher física e emocionalmente, a pouca disponibilidade para a parceria, o não se sentir atraente com as mudanças corporais, a amamentação que pode ser desconfortável e interferir no desejo sexual, as frustrações decorrentes da expectativa e da realidade no nascimento do bebê, o medo de uma nova gravidez, da depressão pós-parto e de possíveis dores.
Mas há também a oportunidade de descobrir o novo corpo e as novas formas de excitação. E, ainda, a retomada do vínculo do casal e o ressignificar da vida sexual. Saber por que estamos juntos e qual o novo significado do sexo nesse ciclo de vida. A comunicação é mais uma vez fundamental! Como vai ser voltar a fazer sexo? É preciso diálogo e disposição para saber…