Uma paciente grávida do Rio Grande do Sul viajou até Santa Catarina para conseguir fazer uma cirurgia de correção na coluna de um feto de 24 semanas. Procedimento foi cancelado por conta das enchentes no RS.

Feto de 24 semanas foi operado ainda no útero 1t586i
Graziele, de 27 anos, saiu de Santa Cruz do Sul com destino a Florianópolis para o procedimento que já estava marcado no estado vizinho. Por conta das enchentes no RS, a cirurgia precisou ser cancelada.
“Com tudo o que está acontecendo, as dificuldades pelas enchentes e alagamentos, foi uma correria para chegarmos até aqui”, explicou a paciente.
O feto de 24 semanas foi diagnosticado com uma malformação na coluna na 20ª semana de gestação – o equivalente a cinco meses – e a cirurgia ocorreu após quatro semanas, no Hospital Baía Sul, em Florianópolis.
“Todos fizeram um verdadeiro esforço para a realização desse procedimento em tempo hábil. Essa cirurgia deu oportunidade de salvar a vida da minha filha”.

A mielomeningocele é considerada uma anomalia congênita caracterizada por um defeito de fechamento na coluna vertebral. Cerca de um a cada 1.ooo nascidos vivos possuem a condição.
A especialista em medicina fetal e uma das responsáveis pela cirurgia de Graziele, Marlen Laske Triches, explica que nem todos os fetos possuem indicação para o procedimento e o caso precisa ser analisado.
“Por conta desse defeito de fechamento na coluna é comum ocorrer um dano secundário das raízes nervosas, que pode levar à paralisia dos membros inferiores“, pontua a médica.

De acordo com Triches, os fetos com mielomeningocele também podem sofrer com alterações intestinais, urinárias e ortopédicas, além de atraso no desenvolvimento intelectual.
“Essa lesão da coluna também pode estar associada a uma lesão cerebral denominada Malformação de Arnold Chiari tipo II, caracterizada pelo acúmulo de líquido em partes do cérebro”.
Cirurgias intrauterinas 1t215w
As cirurgias intrauterinas – nome dado aos procedimentos feitos com o feto ainda no útero – diminuem as chances de complicações e danos irreversíveis aos bebês.

“O 1º grande trabalho falando sobre cirurgia intrauterina surgiu em 2011, mostrando que bebês operados ainda no útero tinham um aumento nas chances de andar, melhora no desenvolvimento intelectual e menor necessidade da colocação de drenos cerebrais após o nascimento”, completa a especialista.