Já imaginou se seu organismo sozinho fizesse com que você ficasse com sinais de intoxicação por álcool? Essa mulher sente isso na pele. Com apenas 50 anos ela surpreendeu os médicos ao visitar o pronto-socorro sete vezes com intoxicação alcóolica apesar de não consumir álcool.

“Ela informou aos médicos que sua religião proíbe o consumo de álcool, e seu marido confirmou que ela não bebia”, relatou à CNN a Dra. Rahel Zewude, especialista em doenças infecciosas da Universidade de Toronto, no Canadá.
Zewude, que tratou a paciente não identificada em Toronto, coassinou um relatório sobre o caso publicado na segunda-feira no Canadian Medical Association Journal.
Do carboidrato ao álcool 1y94b
A mulher foi diagnosticada com a síndrome da fermentação natural, uma condição rara e grave em que um excesso de leveduras ou bactérias no trato gastrointestinal transforma carboidratos dos alimentos em álcool por meio da fermentação.

A síndrome é uma condição rara onde o corpo fermenta carboidratos em álcool, continua a intrigar a comunidade médica. Desde os anos 1940, casos dessa condição têm sido documentados, incluindo o recente incidente envolvendo a mulher de 50 anos em Toronto.
De acordo com o estudo dos profissionais que trataram a mulher, pacientes com diabetes, doença hepática, contrações intestinais anormais ou doença inflamatória intestinal estão em maior risco de desenvolver a síndrome. No entanto, pessoas saudáveis que tomaram antibióticos também podem ser afetadas.
No caso de Toronto, a mulher enfrentava sonolência excessiva, adormecendo subitamente enquanto se preparava para o trabalho ou cozinhar.
Os médicos observaram quedas devido à sonolência, fala arrastada e cheiro de álcool em seu hálito, levando ao encaminhamento para uma clínica de gastroenterologia.
“Se ela evitasse carboidratos, os sintomas eram menos graves”, disse Zewude. “Mas uma fatia de bolo ou uma refeição rica em carboidratos causava um rápido aumento no nível de álcool, levando-a a adormecer repentinamente.”
A paciente tinha histórico de infecções do trato urinário tratadas com antibióticos e tomava medicação para refluxo gastrointestinal, fatores que contribuíram para o desequilíbrio de bactérias benéficas e a proliferação de fungos.
Tratamento para síndrome raríssima 3i5mc
O tratamento típico para a síndrome inclui medicamentos antifúngicos seguidos de probióticos para restaurar o equilíbrio bacteriano.
Os pacientes são aconselhados a usar bafômetros para monitorar o teor de álcool no hálito. Atualmente, a mulher de Toronto está em uma dieta com baixo teor de carboidratos após completar a terapia antifúngica.
Zewude enfatizou a importância do apoio de familiares e amigos. “Seu marido foi muito solidário e me ligou imediatamente ao sentir cheiro de álcool em seu hálito novamente,” disse.
“Para qualquer pessoa com a síndrome, é crucial que cônjuges, amigos ou colegas de quarto reconheçam os sinais e sintomas e ajudem a buscar atendimento médico imediatamente”, finalizou.