O Anuário da Cannabis Medicinal no Brasil 2024, divulgado pela empresa Kaya Mind na terça-feira (26), revela que o país chegou a 672 mil pacientes que se tratam com produtos derivados da planta. Só este ano, o segmento movimentou R$ 853 milhões.

Com alta de 56% em relação a 2023, o número de pacientes representa um recorde no Brasil. A Kaya Mind é especializada em dados e inteligência de mercado no setor da cannabis e publica o anuário pelo terceiro ano consecutivo.
O faturamento aumentou 22% em 2024 e a expectativa é que atinja R$ 1 bilhão em 2025. Entre os pacientes, 46,5% importam os medicamentos, 31,6% obtêm em farmácias e 21,9% por meio de associações.
“A expansão da cannabis medicinal é visível no Brasil, não apenas em números, mas na forma como a medicina integra essas opções de tratamento à rotina dos pacientes em todo o país”, aponta Maria Eugenia Riscala, CEO da empresa Kaya, em entrevista à Agência Brasil.

O sócio e chefe de inteligência da Kaya, Thiago Cardoso, ressalta o progresso na regulamentação da planta no Brasil. Em 13 de novembro, o STF (Supremo Tribunal Federal) decidiu pela autorização do cultivo de cannabis para fins medicinais, farmacêuticos e industriais.
“Esse avanço permite que mais pacientes encontrem soluções terapêuticas adequadas às suas necessidades e posiciona o Brasil como um mercado competitivo e inovador no cenário global”, considera Thiago Cardoso.

O anuário aponta que a idade média dos pacientes que se tratam com cannabis medicinal no Brasil é 45 anos. A geração X, dos nascidos entre 1964 e 1983, representa com folga a maior demanda de importação dos medicamentos.
Há 2.150 produtos disponíveis para pacientes brasileiros em 2024, um crescimento de 26,9% em relação ao ano ado. A variedade de oferta dos derivados inclui desde óleos e tinturas até cápsulas e produtos tópicos.
Santa Catarina é o 4º estado com mais prescrições de cannabis medicinal no Brasil 1x22j

Entre 2019 e 2024, Santa Catarina registrou 26,7 prescrições de cannabis medicinal para cada 10 mil habitantes. O estado está em quarto lugar no ranking, atrás apenas do Distrito Federal, Rio de Janeiro e São Paulo.
As solicitações de importação por profissionais catarinenses cresceu 87% de 2023 para 2024. Um projeto de lei tramita na Alesc (Assembleia Legislativa de Santa Catarina) para responsabilizar o estado pela distribuição de cannabis medicinal.
O PL 414/2021, de autoria da deputada estadual Paulinha (Podemos), torna obrigatório o fornecimento dos produtos à base de canabidiol pela Secretaria de Estado da Saúde para o tratamento de condições médicas debilitantes.

O projeto foi aprovado com uma emenda pela Comissão de Constituição e Justiça da Alesc e deve seguir ao plenário. Os medicamentos deverão ser prescritos por médicos habilitados nos termos da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) e do CFM (Conselho Federal de Medicina).
O relatório da Kaya Mind mostra que o Brasil gastou R$ 264 milhões com o fornecimento público de cannabis medicinal, de 2015 até a metade de 2024. A região Sudeste é responsável por 53% desses gastos públicos, Sul 32%, Nordeste e Centro-Oeste 7% cada e Norte apenas 1%.
*com informações da Agência Brasil