Vanessa Lopes, de 22 anos, desistiu desta edição do BBB 24 após, segundo ela, ar por um quadro psicótico agudo. A influencer, que está em tratamento psiquiátrico em sua casa, está se recuperando da doença.

Para compreender o quadro, o portal ND Mais entrevistou a médica psiquiatra e presidente da Associação Catarinense de Psiquiatria, Deisy Mendes Porto.
De acordo com a médica, o quadro psicótico agudo é caracterizado pelo surgimento repentino de sintomas que envolvem desorganização do pensamento, alterações da percepção, do discurso e do comportamento. Esses sintomas se dividem em quatro grupos principais.
“Primeiramente, há os delírios, que consistem em distorções da realidade, levando a pessoa a acreditar em situações que não estão ocorrendo, como se sentir escolhida para algo especial ou estar sendo perseguida sem motivo real. Em seguida, temos as alucinações, que são alterações na percepção sensorial, como ouvir vozes inexistentes ou ver coisas que não estão lá”, explica.
Essas alterações afetam significativamente o discurso da pessoa, que se torna desorganizado e incoerente, dificultando a compreensão por parte dos outros.
Além disso, o comportamento também é afetado, manifestando-se de maneira diferente do habitual, devido à desorganização interna que ocorre.
O termo “agudo” é utilizado porque esse quadro tem um início abrupto e pode durar de dias a, no máximo, um mês. Após esse período, a pessoa geralmente retoma seu padrão habitual de funcionamento, ocorrendo uma recuperação completa.
Embora haja uma possibilidade de recorrência para algumas pessoas, especialmente se o tratamento não for iniciado precocemente, o prognóstico geralmente é favorável, com uma evolução tranquila do quadro.
Diferentemente das psicoses crônicas, como a esquizofrenia, onde os sintomas persistem por meses, o quadro psicótico agudo é temporário e pode ser tratado com sucesso.
Vanessa Lopes e o quadro psicótico agudo p612s

Para a médica, a situação da Vanessa, como mencionada no programa, parece estar relacionada a um possível quadro psicótico agudo.
“Durante o programa, houve momentos em que ela mencionou ter dúvidas sobre a veracidade do que estava vendo na parede, sugerindo a possibilidade de estar tendo alucinações visuais, como ver palavras escritas. Além disso, ela expressou confusão em relação ao que lhe foi dito, indicando a presença de alucinações auditivas. Essas alucinações podem ter contribuído para a crença dela em situações irreais, como a ideia de que as pessoas estavam agindo de maneira específica em relação a ela, caracterizando delírios”, diz.
Esses sintomas afetaram seu discurso, tornando-o difícil de entender em alguns momentos, e seu comportamento também foi influenciado, levando-a eventualmente a pedir para sair.
No entanto, a médica alerta: é preciso de diagnóstico adequado.
“O diagnóstico requer uma avaliação médica psiquiátrica detalhada, pois deve ser diferenciado de alterações decorrentes de lesões cerebrais, infecções e outras condições clínicas. Após excluir essas outras possíveis causas dos sintomas, é possível considerar um tratamento para transtorno psicótico breve”, diz.
Como evitar o quadro? 2w2kb
A médica explica que não existem medidas específicas de prevenção para o transtorno psicótico breve, pois ele não está relacionado a uma única causa, sendo multifatorial e envolvendo predisposição genética.
No entanto, é possível evitar fatores desencadeantes, como estressores agudos e substâncias que possam causar graves alterações no sistema nervoso central.
Um dos principais cuidados é garantir uma boa qualidade de sono, evitando a privação de sono, que pode desorganizar o funcionamento cerebral.
Além disso, é importante evitar o uso de substâncias psicoativas, que podem desencadear sintomas psicóticos em pessoas predispostas, podendo levar a quadros mais graves.
Fatores de risco 4y2u62

Os principais fatores de risco incluem o estresse, traumas significativos, privação de sono, uso de substâncias e histórico de episódios psicóticos agudos prévios. Indivíduos que já experimentaram um episódio psicótico têm maior probabilidade de ter outro, embora muitos se recuperem completamente entre episódios.
Quanto ao perfil das pessoas mais propensas a ter esses surtos, geralmente são os jovens. Embora o transtorno possa afetar qualquer faixa etária, é mais comum entre adolescentes e jovens adultos, com o pico de incidência ocorrendo até os 35 anos. Jovens que enfrentam grandes períodos de estresse, privação de sono e outros fatores de risco são os mais propensos a desenvolverem esse transtorno.