Os prefeitos que comandam as cidades da Região Carbonífera, no Sul de Santa Catarina, estiveram reunidos até o início da noite desta segunda-feira (23). Eles decidiram apelar ao Governo do Estado para reforçar a estrutura hospitalar para enfrentar a Covid-19, que está próxima da superlotação.
A Amrec (Associação dos Municípios da Região Carbonífera) deve enviar um ofício à governadora de Santa Catarina, Daniela Reinehr (sem partido), nesta terça-feira (24), em virtude da ocupação hospitalar na região. Os dados desta segunda apontam ocupação de 94,5% no Hospital São José, e 100% no Materno Infantil, ambos em Criciúma.

Destes dois, somente o primeiro possui pacientes da Covid-19, tendo 25 dos seus 27 leitos para a Covid-19 ocupados. A unidade possui 37 leitos especiais para a Covid-19, mas dez deles estão inoperantes por falta de técnicos de enfermagem.
Os leitos são equipados com respiradores e monitores, e devem ser o principal tema do ofício enviado à governadora. Daniela deve cumprir agenda em Criciúma na quarta-feira (25), e os prefeitos da região planejar articular uma reunião com ela para tratar do combate à pandemia.
Novas restrições estão descartadas 3x1h1o
Apesar da pandemia ser um dos temas levados para a reunião de trabalho da Amrec, não há previsão de que novas medidas restritivas sejam adotadas na região, seguindo tão somente as orientações do Estado.
“Em termos gerais, a região não tomará medidas restritivas, irá seguir as orientações baixadas pelo governo do Estado. A preocupação maior é com os leitos de UTI, já que o maior hospital, o São José, está com 27 leitos de um total de 37 leitos, com dificuldade de abrir os outros 10 leitos, sem mão de obra para isso”, descreve o advogado Giovanni Dagostin Marchi, diretor-executivo da Amrec.
A Região Carbonífera está em risco potencial grave, o segundo maior na escala, segundo o mapeamento estadual, feito na quarta-feira (18).
Praticamente todo o Estado está na mesma situação, com exceção de Laguna, Xanxerê e Alto Uruguai, que estão em risco potencial gravíssimo, o mais crítico da escala.
Na variável “capacidade de atenção”, que mede o atendimento dos hospitais, o índice da região é de 3,0, sendo menor somente nas três regiões citadas acima, que encontram-se em estado gravíssimo.
Além de Criciúma, a região só possui outra cidade que oferta leitos de UTI (Unidade de Terapia Intensiva), mas que também encontra-se em situação preocupante.
Içara tem 20 leitos de UTI ativos, sendo oito especiais para a Covid-19, mas somente dois disponíveis, o que deixa a lotação em 90%. Mas, diferente de Criciúma, o município possui somente um hospital, o São Donato.
Se ampliarmos ainda mais, sob a ótica da macrorregião Sul, a ocupação dos leitos de UTI está em 88%. Contudo, em caso de superlotação na microrregião, um paciente de Criciúma precisaria percorrer 41km até Araranguá, cidade mais próxima que oferta leitos de UTI, mas que também possui lotação acima de 90% (28 leitos ocupados de um total de 31).

O posicionamento do Governo do Estado é de que é fornecido somente equipamentos, e rees de recursos, ao o que a demanda de recursos humanos, que abarcaria a mão de obra que falta na região, seria do encargo dos hospitais.
Segundo a Secretaria de Saúde, os rees atingiram o teto máximo da Política Hospitalar Catarinense. As informações transparecidas no monitoramento dos rees indicam valores de R$ 171 e R$ 182 mil para o Hospital São Donato, e R$ 4,27 milhões para o Hospital São José, em Criciúma.
Problema abrange praticamente toda SC 3b2q2o
Atualmente o índice de ocupação hospitalar do Estado segue em alta há semanas, dado o crescimento relativamente alto de casos do novo coronavírus.
Nos últimos dez dias, Santa Catarina quebrou três vezes o recorde de mais casos confirmados em 24h, sendo que na sexta-feira (20) foi registrado o maior número até então, com 6,1 mil casos em um único dia.
O atual de ocupação global do Estado é de 81,1%, ou seja, são 1.149 leitos ocupados de um total de 1.416 ativos. Apesar de ficarem 267 leitos livres em todo o Estado, 12 hospitais estão totalmente lotados:
- Hospital Bethesda, em ville
- Hospital Beatriz Ramos, em Indaial
- Hospital de Municipal São José, em ville
- Hospital Florianópolis, na capital
- Hospital Maicé, em Caçador
- Hospital Sagrada Família, em São Bento do Sul
- Hospital São Camilo, em Imbituba
- Hospital Regional São Paulo, em Xanxerê
- Hospital Sã José, em Jaraguá do Sul
- Hospital Regional Helmuth Nass, em Biguaçu
- Maternidade Darcy Vargas, em ville
- Materno Infantil Santa Catarina, em Criciúma
Destes, somente os três últimos não possuem pacientes da Covid-19, e tanto o Hospital Florianópolis quando o Bethesda, em ville, tem todos os seus leitos ocupados por pacientes do vírus.
No total, todos os 12 hospitais lotados ofertam 249 leitos de UTI, e destes, são 119 ocupados por pacientes do vírus, um índice que se aproxima dos 50%.