Retratos de vítimas fatais e sobreviventes do feminicídio em Santa Catarina estão à mostra na exposição “Cores de Cada Vida”, na Alesc (Assembleia Legislativa do Estado), que abriu nesta terça-feira (16). As imagens das 20 mulheres pintadas por artistas plásticos ficarão expostas até 26 de maio.

Os retratos coloridos na Galeria Ernesto Meyer Filho Vinte mostram as vítimas de feminicídio tentado e consumado entre os anos de 2012 a 2021. Os casos aconteceram nos municípios de Tubarão, Criciúma, Araranguá, Braço do Norte, Içara e Laguna. A exposição foi inspirada em um documentário feito pela Polícia Civil sobre o tema.
A história do que aconteceu com cada mulher fica ao lado de cada retrato. Em todos os casos retratados na exposição as mulheres foram assassinadas ou sobreviveram a tentativas dos companheiros de matá-las.
Segundo a idealizadora do projeto, Clarissa Enderle, psicóloga policial civil, a ideia surgiu em 2019, quando a Polícia Civil percebeu o aumento dos casos de feminicídio no Estado.
“Uma forma sensível de representar um tema tão difícil. A gente espera que a sociedade acorde para este tema, e de como temos perdido mulheres que são importantes. Ao invés de nós falarmos em números, a gente vai falar de cada uma dessas vidas e das cores de cada vida”, explica.
Vítima de tentativa de feminicídio que sobreviveu faz alerta para vítimas de violência doméstica 5o466
Gabriela Angelo era agredida pelo esposo e em 2019, sobreviveu a um tiro dado pelo homem, que morreu em seguida. A sobrevivente é uma das vítimas retratadas na exposição.
“Aprendi a viver, eu estou viva e vou viver sempre feliz, porque tive a oportunidade que Deus me deu de estar aqui. Eu queria ser a última a contar uma história assim”, fala.

A sobrevivente faz um alerta importante para mulheres que são vítimas de violência domésticas e podem ser alvo de uma tentativa de feminicídio.
“Eu diria para não aceitar, procurar ajuda, não ter vergonha de falar, se encorajar para contar porque quanto mais a gente se cala, pior fica. Eu hoje estou aqui para contar a minha história, mas outras não estão. Denuncia, procure ajuda o quanto antes, vocês vão aprender a viver, saibam que lá fora tem ajuda, tem vida”.
SC já registrou 22 mortes por feminicídio em 2023 2u332s
Conforme o Observatório da Violência Contra a Mulher, Santa Catarina já registrou 22 vítimas de feminicídio até abril de 2023. O número é quase metade das mortes registradas pelo crime em 2022, quando 56 mulheres foram assassinadas.
Segundo o observatório, entre janeiro e abril deste ano, 9.647 medidas protetivas foram requeridas por mulheres ameaçadas por homens com quem já se relacionaram.
Aumento no número de feminicídios no interior 5r681z
Conforme a pesquisa feita por Jackeline Romio, doutora e mestre em Demografia Unicamp (Universidade Estadual de Campinas), desde 2015 vem sendo registrada uma expansão da morte violenta contra em municípios fora da região metropolitana dos Estados brasileiros.
“Isso tem a ver com o que o pesquisador Daniel Cerqueira [Atlas da violência 2019] nota como movimento de espraiamento e interiorização do crime e sequente crescimento da morte violenta ligado às novas rotas de criminalidade nas diversas cidades do interior dos estados. Estes novos cenários se juntam a uma política de flexibilização do porte e posse de arma (Decreto nº 9.685 de 15 de janeiro de 2019) que também ampliou a letalidade de todas as formas de violência, inclusive a doméstica”, aponta a pesquisa.
Canais de denúncia contra a violência doméstica j3l1r
Disque denúncia da Polícia Civil – 181Disque denúncia – 180Polícia Militar- Emergências – 190
Para adicionar o Ligue 180 no WhatsApp, basta enviar uma mensagem para o número (61) 9610-0180 ou pelo link.